Crescem as críticas à reforma do aeroporto da
Pampulha
A Comissão Especial dos Aeroportos quer apurar o
andamento da licitação para a anunciada reforma do aeroporto da
Pampulha, e se haveria algum vínculo contratual da Infraero com a
construtora Andrade Gutierrez. Requerimento nesse sentido,
apresentado pelo relator, deputado Fábio Avelar (PTB), foi aprovado
na reunião desta quarta-feira (10/12/2003). Outro requerimento, do
deputado Chico Rafael (PMDB), investiga se estaria sendo cumprida
uma portaria do Departamento da Aviação Civil (DAC), de 1994, que
proíbe a operação de aviões com propulsão a jato puro na
Pampulha.
Na reunião recrudesceram as críticas às propostas
de revitalização do aeroporto da Pampulha ao custo de R$ 140 milhões
e os clamores quanto à ociosidade e estagnação do aeroporto de
Confins, tanto da parte dos deputados quanto dos convidados. O
deputado Adalclever Lopes (PMDB) e o sindicalista dos aeroportuários
Leandro Castro Pinheiro afirmaram que não há obra que seja capaz de
tornar o aeroporto mais seguro.
"Por sua localização geográfica e por estar num
nível abaixo da represa da Pampulha, ali não é possível instalar os
sistemas ILS, de rumo e rampa, e ALS, que são luzes de aproximação,
nem tampouco o radar de aproximação", disse Adalclever Lopes.
"Rezamos para não acontecer aqui um 11 setembro", acrescentou.
O sindicalista Leandro Pinheiro lembra que já
aconteceram acidentes aéreos com vítimas na Pampulha, embora nenhum
de grandes proporções. "Desde 1976 uma comissão definiu que o
aeroporto da Pampulha é irrecuperável. Foi projetado para 700 mil
passageiros por ano, opera com 3 milhões, e apesar de estar saturado
há anos, mesmo assim a Gol conseguiu autorização para operar ali em
2002. Por outro lado, vemos a estagnação do aeroporto de Confins,
que custou US$ 500 milhões, o que é um desperdício gravíssimo na
história da aviação", disse.
Infraero não dialoga com a comunidade
O representante comunitário Luiz Carlos
Bromonshenkel lembrou que o aeroporto da Pampulha foi construído nos
anos 40 e desde então vem recebendo transformações apenas
paliativas. Acredita que o risco vai aumentar quando for autorizada
a construção de edifícios na Pampulha, e queixou-se de que a praça
do aeroporto, que pertence à comunidade, foi apropriada como
estacionamento. Bromonshenkel afirmou que desconhece qualquer
contato da Infraero com as associações comunitárias dos bairros
adjacentes.
O deputado Fábio Avelar considerou um desrespeito
da Infraero não dialogar com a comunidade sobre o estacionamento e
sobre as propostas de reforma do aeroporto e indagou sobre a
proposta de construir um edifício de estacionamento com sete andares
exatamente na praça. Avelar questionou também se haveria um estudo
de impacto ambiental sobre o acréscimo de ruído que o aumento de
tráfego aéreo produziria. O promotor de Justiça Gustavo Balsamão
informou que o Ministério Público, por provocação da associação
comunitária, estava interpelando o DAC e a Infraero sobre o EIA da
obra.
O presidente da Comissão, deputado Alencar da
Silveira Jr. (PDT), anunciou que estava agendando reuniões em
Brasília com os presidentes da Infraero e do DAC e com o ministro da
Defesa, com o objetivo de persuadi-los a redirecionar os recursos
destinados à Pampulha para melhoria do trajeto até Confins e obras
naquele aeroporto. Para Alencar, a Pampulha deve receber apenas vôos
regionais e da ponte aérea. Os demais devem ser desviados para
Confins.
Presenças: Participaram da
reunião os deputados Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; Fábio
Avelar (PTB); Adalclever Lopes (PMDB), Ivair Nogueira (PMDB) e Chico
Rafael (PMDB).
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