Presos negam participação no motim em Juiz de Fora

Os detentos da Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora, que foram transferidos para a Nelson Hungria, em Contagem,...

10/12/2003 - 18:23
 

Presos negam participação no motim em Juiz de Fora

Os detentos da Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora, que foram transferidos para a Nelson Hungria, em Contagem, recusaram-se a explicar as circunstâncias do princípio de motim ocorrido naquele presídio, no último dia 1o. Eles prestaram depoimento à Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (10/12/2003) e se negaram a informar detalhes sobre o tumulto. Na manhã do dia 1o, os presos impediram a troca da guarda interna, quebraram câmeras de TV e estragaram alguns cadeados das celas. O motivo da revolta seria o endurecimento das regras de disciplina e a limitação do número de visitantes por preso. Após dominar o princípio de motim, a direção da Penitenciária de Linhares transferiu sete detentos identificados como líderes do movimento para a Nelson Hungria.

"Só mandaram (para a Nelson Hungria) os caidinhos. Os que começaram a baderna, que têm costas quentes, não foram transferidos", limitou-se a dizer o detento Ely Carlos de Oliveira Matos. Ele não quis revelar quem são os presos que teriam algum tipo de favorecimento da direção do presídio, e negou ter havido um princípio de motim na penitenciária. Também garantiu que não foi um dos líderes do movimento. "Para que eu vou ser líder de baderna se eu quero conseguir a minha liberdade condicional?", questionou. Ely já cumpriu dois anos e cinco meses de sua pena de três anos por envolvimento no tráfico de drogas. O outro detento, Jorge Antônio de Souza, também negou participação no motim e assegurou que não houve tumulto nenhum em Linhares.

Depois de ouvir os detentos se esquivarem, o presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), deu o caso por encerrado e elogiou as regras de disciplina mais rígidas que a Secretaria de Estado de Defesa Social vem impondo aos presídios mineiros. "A Secretaria está no caminho certo. O preso, ao cometer atos de indisciplina, tem que ser transferido imediatamente para servir de exemplo", disse. Já o vice-presidente da comissão, deputado Alberto Bejani (PTB), cobrou medidas mais eficientes para garantir a ressocialização dos presos.

Venda de sentenças em Juiz de Fora será investigada

A denúncia de venda de sentenças pelo juiz da 5a Vara Cível de Juiz de Fora, Murilo de Sá Júnior, vai ser investigada pela comissão. Requerimento de autoria do deputado Alberto Bejani pede a realização de reunião com o presidente e o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Juiz de Fora e Região, Jorge de Oliveira Pereira e Antônio Carlos Costa. Eles teriam denunciado o esquema de venda de sentenças pelo juiz e agora estariam sendo ameaçados de morte, segundo Alberto Bejani. Outro requerimento vai pedir à Corregedoria de Justiça para afastar o juiz de suas funções enquanto não forem concluídas as investigações sobre o caso.

Segundo sindicância da Corregedoria de Justiça, Murilo de Sá Júnior teria recebido R$ 25 mil e R$ 30 mil por duas sentenças que envolviam disputas no Sindicato dos Rodoviários. Além disso, os autos apontam que, ao deixar a comarca de Congonhas, o juiz teria levado mesas, cadeiras e computadores que pertenciam ao fórum da cidade. A sindicância apurou também que ele teria emitido vários cheques sem fundos. Para dar continuidade às investigações, a corregedoria pede o afastamento preventivo do juiz, a quebra de seu sigilo bancário e fiscal e a expedição de um mandado de busca e apreensão.

Foram aprovados ainda outros três requerimentos durante a reunião.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Alberto Bejani (PTB), vice; e Leonardo Moreira (PL).

 

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