Concessão de bolsas pela Loteria será definida pela Sedese

Em uma reunião marcada por depoimentos emocionados de pais e alunos, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação...

09/12/2003 - 20:23
 

Concessão de bolsas pela Loteria será definida pela Sedese

Em uma reunião marcada por depoimentos emocionados de pais e alunos, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa discutiu, nesta terça-feira (9/12/2003), a política de concessão de bolsas para alunos de escolas especiais. Os participantes receberam a garantia dada pela Loteria Mineira de que os atuais bolsistas terão o benefício automaticamente renovado no primeiro semestre do próximo ano. A partir daí, a concessão obedecerá aos critérios definidos pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), junto com o Conselho Estadual de Assistência Social (Ceas)

O presidente da Loteria do Estado de Minas Gerais (Lemg), Inácio Luiz Gomes Barros, informou que, a partir do ano que vem, a Lemg não mais escolherá os alunos portadores de necessidades especiais que receberão as bolsas. Convênio assinado em outubro último passou esta atribuição para a Sedese, que por intermédio do Ceas, irá gerir o programa. Os recursos serão repassados pela Loteria Mineira ao Fundo de Assistência Social (Feas). Para o ano que vem estão destinados R$ 1,8 milhão, o que dá R$ 150 mil por mês para custear 376 bolsistas, em 15 escolas de Belo Horizonte. Cada aluno terá direito a cerca de R$ 300,00, valor que foi bastante criticado pelos participantes, já que o custo de um aluno nessas escolas está em torno de R$ 600, segundo o deputado Célio Moreira (PL), autor do requerimento da reunião. Este ano, a Lemg vai gastar até o final do ano R$ 1,4 milhão com os alunos especiais.

Participantes questionaram os critérios das bolsas

Tanto deputados como pais e donos de escolas presentes questionaram quais serão os critérios para as concessões e ouviram da representante da Sedese e integrante do Conselho de Assistência Social, Juliana Campolina, a informação de que ninguém vai perder a bolsa. "Os critérios vão ser definidos ao longo do primeiro semestre para serem implantados no segundo", disse Juliana.

O deputado André Quintão (PT) garantiu que ninguém vai perder a bolsa da Loteria, só que haverá mais transparência na concessão e menos interferência política. "Queremos que as bolsas para os alunos especiais sejam uma política pública e não um favor para esta ou aquela família", garantiu André Quintão. A deputada Marília Campos (PT), uma das principais críticas do sistema antigo de concessão de bolsas pela Loteria Mineira, disse que a luta é para garantir o benefício para todos os portadores de necessidades especiais e não só para os 376 bolsistas atuais.

O deputado Célio Moreira disse que a idéia da reunião era buscar formas de aprimoramento das concessões. Ele criticou a falta de transparência das destinações da Loteria não só para escolas especiais, como para outras áreas. "No governo passado a Lemg dava bolsas para universidades e escolas de elite de Belo Horizonte", completou Moreira. O deputado Mauro Lobo (PSB) salientou a importância da reunião, lembrando que compreende bem a angústia dos pais presentes, já que também tem um filho portador de necessidades especiais.

Escolas entregam documento

Lideradas pelo presidente da Câmara de Escolas de Ensino Especial da Secretaria de Estado da Educação, Raul Vale, oito escolas entregaram um documento ao presidente da Loteria, Inácio Barros, e à representante da Sedese, Juliana Campolina. No documento, as escolas mostram o trabalho feito há 30 anos e a área de atuação de cada uma. Segundo Raul Vale, é fundamental que haja transparência na concessão das bolsas, desde que não se interrompa o atendimento. "Que a mudança da Loteria para a Sedese se faça sem dor para os pais e as escolas", ressaltou.

Vários pais sugeriram que se faça a renovação por um ano e não no meio do semestre letivo, como propõe o convênio, "como forma de diminuir a angústia de todos e de não haver interrupção no atendimento". Para a psicóloga Margareth Pereira Leal, representante do psiquiatra José Pereira Belizário Filho e proprietária de escola, a interrupção do atendimento traz conseqüências irreversíveis. Ela destacou ainda que as escolas regulares não estão preparadas para receber os alunos especiais, como quer a Secretaria da Educação. Margareth Leal lembrou que a inclusão desses alunos nas escolas regulares tem o momento certo. "Antes eles precisam ser treinados para ter independência", enfatizou.

Célio Moreira afirmou que vai pedir informações ao presidente do Conselho de Administração da Lemg, secretário de Governo Danilo de Castro, sobre os critérios que definiram a concessão de R$ 300 por aluno/mês. E garantiu que vai pedir que este valor suba para R$ 400 ou R$ 500.

Participação espontânea

Com muita espontaneidade, os alunos especiais se manifestaram na reunião. Dois deles, Rogério Abras e Maria de Lourdes Duarte, abraçados e chorando, pediram que as bolsas não sejam paralisadas. "Eu quero passar de ano", disseram num misto de riso e lágrimas.

Cota para deficientes

A Comissão do Trabalho aprovou parecer de 1º turno favorável ao Projeto de Lei 877/2003, da deputada Maria Tereza Lara (PT), que garante reserva de 5% das vagas de estágio para pessoas portadoras de deficiência em órgão das administrações públicas. O relator, deputado Elmiro Nascimento (PFL) acatou o projeto com a emenda nº 1, que suprime o artigo 4º da Lei 12.079/96. O artigo define que a escolha dos estagiários é do gerente do órgão. Com a supressão, a escolha é definida pela própria característica do serviço. A comissão rejeitou os substitutivos nº 1, da CCJ, que facultava o número de vagas a 5% ou não, e nº 2 da Comissão de Administração, que aumentava este número para 10%.

Requerimentos

Foram aprovados ainda os seguintes requerimentos: do deputado Gil Pereira (PP), que pede ao ministro da Segurança Alimentar a liberação de recursos para trabalhadores de assentamentos de Joaquim Felício; da deputada Marília Campos (PT), que encaminha aplauso à Loteria Mineira pela reorganização das bolsas concedidas a alunos especiais e que pede informações à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e à Secretaria de Educação sobre aposentadorias de servidores não efetivos; e do deputado André Quintão (PT), que pede audiência pública da Comissão do Trabalho para debater a situação dos metalúrgicos de João Monlevade.

Presenças - Participaram da reunião as deputadas Marília Campos (PT), que a dirigiu, e Maria Tereza Lara (PT); e os deputados André Quintão (PT), Elmiro Nascimento (PFL), Célio Moreira (PL), Mauro Lobo (PSB) e Irani Barbosa (PL), além dos convidados citados.

 

 

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