Expansão do Alphaville é discutida em audiência
pública
A polêmica marcou a audiência pública da Comissão
de Meio Ambiente e Recursos Naturais, nesta terça-feira
(02/12/2003), na qual foi discutida a implantação de uma nova etapa
do Projeto Alphaville, localizado às margens da Lagoa dos Ingleses,
em Nova Lima. Na reunião, requerida pelo deputado Fábio Avelar
(PTB), o posicionamento da Prefeitura de Nova Lima - favorável ao
empreendimento - se contrapôs às argumentações apresentadas pelos
órgãos de defesa do meio ambiente.
O consultor de Desenvolvimento Econômico e gerente
de Projetos da Prefeitura de Nova Lima, Waldir Salvador de Oliveira,
explicou o Projeto Alphaville, ressaltando a importância da obra
para o município. Ele afirmou que a prefeitura é parceira e que esse
projeto vai gerar empregos, pois não é só residencial. "Os
trabalhadores virão de cidade próximas como Itabirito e Moeda",
disse Salvador. O prefeito de Nova Lima, Vítor Penido, também
destacou a geração de empregos e falou sobre o grande avanço do
município após a implantação do Alphaville I.
A superintendente-executiva da Associação Mineira
de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, é contra a
implantação do projeto devido ao parcelamento do solo, que é, na sua
opinião, um dos maiores flagelos do País. "A Região Sudeste ainda
possui resquícios de Mata Atlântica e, se esse parcelamento não for
bem feito, pode destruir essa mata e acabar com o seu valor",
afirmou Maria Dalce. Segundo ela, os empreendimentos do Alphaville
não estão licenciados e deveriam ser mais fiscalizados pelos órgãos
ambientais. Maria Dalce propôs aos deputados que obtivessem mais
informações sobre o projeto para garantir uma ocupação ordenada.
O deputado Doutor Ronaldo (PDT) concordou com Maria
Dalce no que diz respeito a sua preocupação com o meio ambiente.
"Mas parabenizo o trabalho de Nova Lima em querer construir o
Alphaville, só acho que tem que ser feito um trabalho correto",
destacou o parlamentar. Ele disse ainda que os empreendedores
precisam ter uma "visão futura" para não prejudicarem os projetos.
"Conheço pouco sobre o Projeto Alphaville II, mas
pude perceber que ele possui pouca área de expansão para uso social
e apenas 30% de área livre", destacou a arquiteta representante do
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
(Iepha), Maria Imaculada Carvalho Leão. Para ela, é muito importante
a preservação da paisagem e dos artefatos arqueológicos que existem
no local, como o caminho da Estrada Real. O presidente da Fundação
Estadual do Meio Ambiente, Ilmar Bastos Santos, afirmou que "falar
apenas do Alphaville nos remete uma visão pontual e o que precisamos
é de uma visão global dos empreendimentos".
Ele ressaltou a importância do zoneamento ecológico
e econômico, pois dá ao trabalho embasamento para se discutir como e
onde fazer o empreendimento. "Houve uma parceria do governo com a
Área de Proteção Ambiental Sul da Região Metropolitana de Belo
Horizonte (APA- Sul) para se fazer esses zoneamentos, mas até hoje
eles não foram feitos, apesar de já terem sido pagos com recursos do
estaduais e federais", destacou Ilmar Bastos. O gerente corporativo
de Meio Ambiente da Anglo Gold, Willer Pós, definiu Nova Lima como
"um exemplo do setor imobiliário". Segundo ele, esse segmento cresce
1,5% ao ano e o Alphaville vai trazer benefícios.
O deputado Leonardo Quintão (PMDB) pediu estudos de
impacto ambiental para que a comissão possa avaliar e discutir um
desenvolvimento sustentável. "A geração de emprego é necessária, mas
é preciso preservar o meio ambiente", afirmou o deputado. Para o
deputado Fábio Avelar, a principal discussão é o processo de
verticalização dos imóveis. O empreendedor Augusto Martines de
Almeida destacou que "o local onde vai ser instalado o Alphaville é
uma área de eucalipto, uma madeira exótica, e não há nenhum
impedimento para se fazer a obra.
Presenças: Participaram da
reunião a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; e os
deputados Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente; Fábio Avelar (PTB),
Leonardo Quintão (PMDB), Doutor Viana (PFL) e Paulo Piau (PP).
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