Deputados ouvem novas denúncias contra delegado de
Prata
Em reunião conjunta secreta das comissões de
Direitos Humanos e de Segurança Pública, realizada na tarde desta
terça-feira (25/11/2003), três policiais militares do Triângulo
Mineiro - cujos nomes os presidentes das comissões determinaram que
fossem mantidos em sigilo - acrescentaram uma série de denúncias
sobre crimes que teriam sido cometidos pelo delegado de Polícia de
Prata, Alexandre Luiz Pimenta. O deputado Durval Ângelo (PT)
informou que o delegado está preso no quartel de Bombeiros de
Uberlândia sob a denúncia de envolvimento em roubo de cargas.
A essas denúncias, os depoentes acrescentaram
execuções a sangue frio, simulação de tiroteios e desaparecimento de
motoristas que podem estar enterrados em cemitérios clandestinos.
"Trouxeram outras denúncias, ainda sem comprovação, de tráfico de
drogas, roubo de automóveis, corrupção, tortura e violações de
direitos humanos", acrescentou o deputado, informando que iria
apelar ao Tribunal de Justiça para que não conceda "habeas-corpus"
ao delegado, em decisão marcada para esta quarta-feira, "porque
muitas testemunhas correrão risco de vida".
"O delegado está preso num quartel militar porque,
numa delegacia, seria considerado hóspede", ironizou o parlamentar,
acrescentando que o rol de denúncias gravíssimas que os deputados
ouviram lhe provocaram "uma sensação mista de repugnância e de
impotência". Frisando sua tese de que "o crime organizado só pode
existir com um braço institucional", Durval Ângelo afirmou que a
Delegacia de Prata "é uma filial do crime organizado".
Convencido de que há "quatro ou cinco" detetives da
Delegacia envolvidos nos crimes, e que a própria esposa do delegado
seria cúmplice, por ser proprietária de terrenos onde caminhões
saqueados foram encontrados, o deputado mostra sua maior indignação
contra Alexandre Pimenta: "Como pode um agente público, que recebe
um salário, que recebeu formação ética e penal, que tem à sua
disposição os recursos da lei, chegar a esse ponto?"
Juiz da comarca oferece total apoio às
investigações
A indignação de Durval Ângelo é compartilhada pelo
deputado Roberto Ramos (PL), que esteve na visita que os deputados
fizeram a Prata, em 20 de novembro. "O caso é muito pior do que
pensávamos", disse Ramos. Sargento Rodrigues (PDT), presidente da
Comissão de Segurança Pública, anunciou que vai pedir proteção para
os policiais que depuseram hoje. "A cidade inteira tem medo desse
delegado, que há oito anos está em Prata", informou o deputado.
Para ele, "o que está acontecendo em Prata tem se
repetido pontualmente em outras cidades onde os delegados têm longa
permanência, como aconteceu comprovadamente em Ubá e Teófilo Otoni.
Esses períodos longos propiciam situações de envolvimento com o
crime. "Eu endosso a tese do chefe de Polícia, Otto Teixeira, de que
o período de um delegado no cargo deve ser de, no máximo, quatro
anos", disse Sargento Rodrigues.
O juiz de Direito da Comarca de Prata, Joaquim
Cardoso de Campos Valladares, tinha se oferecido para colaborar com
as investigações parlamentares desta reunião, mas não houve tempo de
providenciar passagem aérea para o magistrado, que sofre de
problemas da coluna vertebral. No entanto, Joaquim Valladares
ofereceu apoio irrestrito através de um fax enviado aos deputados e
colocou-se à disposição para recebê-los se quiserem retornar a
Prata.
Presenças: Deputados
Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos;
Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança
Pública; Roberto Ramos (PL), Alberto Bejani (PTB), Leonardo Moreira
(PL), Biel Rocha (PT) e Adalclever Lopes (PMDB).
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