Itajubá discute alternativas para evitar enchentes do
Sapucaí
A enchente do rio Sapucaí, que em 2000 deixou 70%
da cidade de Itajubá literalmente debaixo d´água, ainda assusta os
moradores, principalmente em períodos que antecedem as chuvas. A fim
de discutir alternativas para evitar novas catástrofes, a Comissão
de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa
realizou, nesta segunda-feira (24/11/2003), uma audiência pública
que contou com a participação de lideranças locais e representantes
de entidades ambientais. A reunião foi realizada a requerimento do
deputado Laudelino Augusto (PT). Entre as alternativas discutidas
estão a construção de pequenas barragens ao longo do rio, a
recuperação da mata ciliar, o reflorestamento e até a instalação de
um sistema de alarme de enchentes.
A presidente da comissão, deputada Maria José
Haueisen (PT), disse que o debate apenas começou. Ela se disse
impressionada com as imagens da enchente de quatro anos atrás,
apresentadas em um vídeo durante a audiência pública. Nos primeiros
dias de 2000, uma chuva que durou 72 horas fez o rio transbordar,
sendo registrada uma vazão de 580 metros cúbicos por segundo, quando
o normal é 11 metros cúbicos. A enchente provocou cinco mortes. Além
disso, 1.600 pessoas ficaram desabrigadas e 20 mil residências foram
atingidas. O leito do rio Sapucaí ficou nove metros acima de seu
nível normal.
Em janeiro deste ano, a Copasa concluiu um projeto
para a construção de quatro barragens de contenção. Esse estudo foi
apresentado à Universidade Federal de Itajubá, que ainda não o
analisou detalhadamente. Os professores Arthur Otoni e Geraldo Lúcio
Thiago Filho justificaram que há diversas questões a serem pensadas
antes de se falar na construção de barragens. Eles citaram o
reflorestamento, o controle da ocupação do solo e a revitalização
das encostas como alternativas para se evitar novas enchentes como a
de 2000.
Projeto ainda é pouco conhecido
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Sapucaí, Renato de Oliveira Aguiar, queixou-se do fato de não ter
sido consultado pela Copasa na época da elaboração do projeto.
Nenhum representante da companhia compareceu à reunião para detalhar
o estudo, apesar do convite feito pela comissão ao presidente da
empresa, Mauro Ricardo Machado Costa. As poucas informações sobre o
trabalho foram prestadas pelos professores da Unifei. Segundo eles,
o projeto prevê a construção de quatro barragens, que poderiam
controlar a vazão do rio e também servir como geradoras de energia
elétrica. O custo de cada uma ficaria entre R$ 20 milhões e R$ 40
milhões.
Uma das afirmações que provocaram maior polêmica
durante a reunião foi feita pelo chefe do Escritório Regional do
Ibama em Pouso Alegre, Fernando Bonillo Fernandes. Ele disse que a
cidade de Itajubá é inviável, pois foi construída dentro da calha do
rio Sapucaí. Por isso, afirmou, a população tem que estar preparada
para o risco que corre. O secretário de governo de Itajubá, André
Marins Jr., negou essa idéia. Segundo ele, é preciso buscar soluções
para o problema, e não mudar a cidade de lugar.
Presenças - Compareceram à
reunião a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; e o
deputado Laudelino Augusto (PT). Participaram ainda o prefeito de
Conceição das Pedras e presidente da Associação dos Municípios do
Alto Sapucaí, Sebastião Edicássio Raimundo; o presidente do Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí, Renato de Oliveira Aguiar; o
chefe de gabinete da Reitoria da Unifei, Fredmarck Gonçalves Leão; o
secretário de governo de Itajubá, André Marins Jr.; o chefe do
Escritório Regional do Ibama em Pouso Alegre, Fernando Bonillo
Fernandes; e o deputado federal Odair José (PT/MG).
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