Deputados encontram indícios de irregularidades em Prata, no Triângulo

Depois de tomarem três depoimentos, um deles secreto, em Prata, cidade do Triângulo Mineiro, a 621 quilômetros de Bel...

20/11/2003 - 17:53
 

Deputados encontram indícios de irregularidades em Prata, no Triângulo

Depois de tomarem três depoimentos, um deles secreto, em Prata, cidade do Triângulo Mineiro, a 621 quilômetros de Belo Horizonte, os deputados da Comissão de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Assembléia Legislativa convenceram-se do envolvimento do delegado Alexandre Luiz Pimenta com o crime organizado. A visita foi feita nesta quinta-feira (20/11/2003), com o objetivo de apurar as denúncias contra o delegado da cidade, afastado do cargo desde o início do mês, e que foi preso nesta quarta (19), em Ituiutaba.

O delegado está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Centro de Apoio ao Crime Organizado do Ministério Público. Pesam sobre ele denúncias de formação de quadrilha especializada no roubo de carga e assalto a caminhões no Triângulo, em Goiás e em São Paulo. Os deputados pretendiam ouvir 30 pessoas, mas acabaram ouvindo apenas três: duas ex-recepcionistas da delegacia de Prata e uma terceira pessoa, não identificada, que pediu sigilo para seu depoimento. As duas comissões pretendem apurar mais detalhes do caso, na próxima terça-feira (25), quando realizam nova reunião conjunta, na Assembléia, com o depoimento do juiz da cidade, Joaquim Cardoso de Campos.

Funcionárias usadas como laranja

Os parlamentares tentaram visitar uma das empresas do delegado, a Pratadiesel, onde, segundo denúncias, estariam estocadas as cargas roubadas, mas não conseguiram acesso ao local. Na Câmara Municipal, tomaram o depoimento de Vanusa Oliveira Freitas e Alcione Borges, ambas ex-recepcionistas da delegacia. As duas confirmaram que foram convidadas, em 2000, a se tornar sócias, em um posto de gasolina e em uma empresa de reboque, respectivamente, com participação de 1% na sociedade, quando passariam a receber salário de R$ 500, contra o salário-mínimo que recebiam ate então. O convite foi feito pelo delegado Alexandre Luiz à primeira funcionária, e pela esposa dele, Nazaré dos Santos Pimenta, à segunda. Para os deputados, ficou claro que elas foram usadas como "laranjas" do esquema.

Vanusa Freitas confirmou ainda que no terreno anexo ao posto existia uma empresa de funilaria, de propriedade de pessoas ligadas ao delegado, fechada pela Polícia Militar, depois das denúncias de que no local funcionaria um desmanche de carros. No depoimento tomado em segredo, os deputados apuraram que uma segunda empresa de reboque da cidade foi obrigada a fechar depois de ameaças feitas ao seu proprietário. As ex-funcionárias confirmaram que Alexandre Luiz é dono de um rancho, uma carreta, um caminhão, uma caminhonete e uma lancha. Os depoimentos foram acompanhados pelos promotores André Tuma, José Carlos Fernandes Júnior e Cássia Virgínia Gontijo, da Promotoria de Crimes Organizados.

Presenças - Participaram os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança; Roberto Ramos (PL) e Rogério Correia (PT).

 

 

 

 

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