Prefeitura garante que não fecha urgência do hospital São
Paulo
Diante da divergência dos números de atendimento
básico no hospital São Paulo, no Barreiro, apresentados por sua
diretoria e pela representante da Prefeitura de Belo Horizonte, a
Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa vai formular pedido aos
sistemas estadual e municipal para que os dados corretos sejam
encaminhados aos deputados. Reunida nesta quinta-feira (20/11/2003)
para discutir o possível fechamento do pronto-atendimento do São
Paulo e a desativação da fisioterapia do Hospital Júlia Kubitschek,
a comissão recebeu da Prefeitura de Belo Horizonte a garantia de que
o PA não será fechado, por enquanto, no primeiro; e, da direção do
segundo estabelecimento, a informação de que a fisioterapia só pode
ser oferecida para os pacientes internos.
A reunião foi pedida pelo deputado Célio Moreira
(PL) para esclarecer denúncias que recebeu sobre o Júlia Kubitschek,
como falta de equipamentos para funcionários das alas de doenças
infecto-contagiosas, desativação de algumas clínicas, como
ortopedia, e falta de materiais médicos. O diretor-presidente do
hospital, médico José Maria Ribeiro Bastos Filho, não confirmou as
acusações. Informou contudo, que o estabelecimento está passando por
auditoria, diante de algumas irregularidades encontradas quando
assumiu, em maio. Entre elas, destacou o atendimento fisioterápico
de determinados pacientes, por períodos de até quatro anos, o que
configuraria doença crônica e deveria ser encaminhada para
atendimentos específicos.
José Maria Ribeiro Bastos disse que o hospital está
com os equipamentos sucateados, com falta de médicos e
fisioterapeutas, por isso optou por prestar atendimento aos
pacientes internados, em detrimento do atendimento ambulatorial. Ele
disse que 60 pacientes, de fisioterapia ortopédica e pneumológica,
estão recebendo tratamento, e que há possibilidade de aumentar mais
40 vagas. O hospital possui 13 leitos de CTI e 200 leitos comuns. O
Júlia é da rede Fhemig e está sujeito também ao SUS
municipal.
Hospital infantil de referência
Mesmo com a garantia de que não haverá o fechamento
do serviço de urgência do Hospital São Paulo, deputados e convidados
mostraram preocupação com a instabilidade das informações sobre o
assunto. Enquanto o diretor clínico do hospital, médico Edward
Tonelli, informou que são feitas de 2 mil a 2,5 mil consultas por
mês, a gerente de regulação da Secretaria Municipal da Saúde, Roseli
da Costa Oliveira, garantiu que elas não passavam de 1,5 mil por
mês.
Célio Moreira e o representante do São Paulo
lembraram que o hospital é referência no atendimento infantil não só
para a região do Barreiro, mas para municípios vizinhos, como
Ibirité e Contagem. Para Edward Tonelli, a reação da comunidade
diante das ameaças de fechamento foi o reconhecimento pelos serviços
prestados. Foram feitos diversos abaixo-assinados e reuniões com
lideranças comunitárias, usuários do hospital, políticos e
movimentos religiosos, quando houve o recuo da Prefeitura, segundo
Tonelli.
Ele discordou da avaliação feita pela Prefeitura,
que teria servido de base para a decisão de fechar o PA, como a de
que o hospital São Paulo realiza muitas consultas, mas faz poucos
exames: "nós fazemos o que a Prefeitura nos deixa fazer",
acrescentou. Roseli da Costa Oliveira disse que a política da
Prefeitura para o setor é incrementar as Unidades de Pronto
Atendimento (UPAs), para o atendimento ambulatorial. E que o
hospital São Paulo não estava se enquadrando, segundo pesquisa
feita, nessa categoria de atendimento de urgência e emergência. Mas
insistiu que nada será fechado, enquanto não forem feitos estudos
mais profundos.
Os deputados Fahim Sawan (PSDB), presidente da
comissão, e Neider Moreira (PPS), criticaram a falta de uma política
de sustentação para a saúde. Neider insistiu que o problema que se
discute todo dia é a defasagem dos preços pagos aos hospitais e
prestadores pelo SUS. "Não há como fazer um serviço digno de saúde
com o preço da tabela do SUS", enfatizou. O secretário-adjunto de
Estado da Saúde, Hely Tarqüínio, disse que a Secretaria está ouvindo
todos os envolvidos, mas, como o sistema é integrado, sob a gestão
do município, o objetivo será encontrar uma solução conjunta. Os
serviços de urgência foram desativados recentemente no hospital da
Baleia e no hospital São José. A prefeitura alega que tal
atendimento está sendo feito na UPA Leste.
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