Deputados analisam problemas da cafeicultura em Manhuaçu

As dificuldades enfrentadas pelo setor cafeeiro na região da Zona da Mata mineira, responsável por quase 40% da produ...

18/11/2003 - 18:57
 

Deputados analisam problemas da cafeicultura em Manhuaçu

As dificuldades enfrentadas pelo setor cafeeiro na região da Zona da Mata mineira, responsável por quase 40% da produção nacional, foram debatidas pela Comissão Especial da Cafeicultura Mineira nesta terça-feira (18/11/2003), em Manhuaçu, reunindo quase 300 pessoas, entre produtores e lideranças setoriais e políticas. Mais uma vez, como tem sido demonstrado nas reuniões anteriores, as principais reclamações são quanto aos baixos preços do café no mercado, que não cobrem custos de produção nem geram margem de lucro; as dificuldades de acesso ao crédito; e a falta de uma política específica para o setor. Foi a última das quatro audiências públicas realizadas no interior de Minas Gerais pela comissão, que votará seu relatório final nesta quinta-feira (20).

O presidente da Associação de Cafés Especiais de Minas Gerais, Sérgio Cotrim D'Alessandro, destacou que é intenso o uso da mão-de-obra nas plantações de café de Manhuaçu e cidades vizinhas, uma vez que a agricultura local da região, muito montanhosa, não é mecanizada. As plantações ocupam 300 mil hectares de terra na região e geram 1,38 milhão de empregos. "É preciso diminuir as dificuldades do parque cafeeiro nessa região, que tem grande importância na safra nacional. O café é uma atividade econômica capaz de diminuir as desigualdades sociais e precisa ter políticas públicas adequadas", afirmou o deputado Durval Ângelo (PT), que solicitou a reunião.

"Também são necessidades imediatas providências para compatibilizar os custos dos processos ambientais com o tamanho das propriedades e aumentar os investimentos nos órgãos que fiscalizam a produção", defendeu o engenheiro da Emater de Manhumirim, Paulo Roberto Vieira Correia. Para ele, os órgãos deveriam promover ações de caráter educativo - e não simplesmente punitivo - e de forma a acabar com a impunidade daqueles produtores que cometem crimes ambientais. O presidente da Associação dos Cafeicultores da Região de Caratinga, Narcílio Mendes Ferreira, lembrou os dados do IBGE que indicam que 90% das propriedades rurais que exploram o café possuem menos que cem hectares. Mais de 50%, ainda conforme essas estatísticas, compreendem apenas dez hectares.

Armazenamento e transporte são dificultadores

Para o diretor da Cooperativa dos Cafeicultores de Lajinha, Fernando Romeiro Cerqueira, a falta de condições de armazenamento também é um problema expressivo para a região, que fica impossibilitada de estocar o produto. "Isso é prejudicado por outra questão estratégica: o escoamento da produção. As más condições das estradas prejudicam os produtores e acabam provocando a evasão fiscal, em função da existência de acessos mais facilitados", afirmou.

O secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Viçosa, Luciano Piovesan, também expôs as dificuldades do parque cafeeiro de sua região, que é composta por 20 municípios. "A legislação trabalhista é desproporcional para a agricultura de montanha, que depende de mão-de-obra braçal", reforçou.

Relatório será levado a governos estadual e federal

O presidente da Comissão Especial da Cafeicultura, deputado Paulo Piau (PP), reforçou o compromisso da comissão de levar as reivindicações e sugestões contidas no relatório final para os governos estadual e federal, na pessoa do presidente Lula e da equipe ministerial. "Vamos levar adiante as conclusões dos trabalhos, após dez reuniões na Assembléia e quatro de interiorização, que permitiram abordar as dificuldades envolvidas em todas as etapas da produção do café em Minas", disse.

O relator da comissão, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), ressaltou que o relatório final será "o início de uma grande mobilização em defesa do setor". Segundo ele, as dificuldades trabalhistas e a necessidade de fortalecer a atividade como fonte geradora de emprego e renda serão aspectos bastantes explorados no relatório, que será finalizado até esta quinta (20).

Papel social - O deputado José Henrique (PMDB) salientou o papel social que a atividade cafeeira cumpre na região de Manhuaçu, na Zona da Mata e no Leste do Estado. Ele também destacou que o objetivo da comissão é levar as reivindicações do setor do café, principal produto exportador do Brasil, a todas as autoridades envolvidas na questão. "O marketing e a qualidade do produto são alguns dos pontos essenciais que precisam ser aprimorados e o relatório final pretende contribuir para isso. É preciso agregar valor ao café", disse o deputado Laudelino Augusto (PT). Os deputados Gustavo Valadares e Leonardo Quintão (PMDB) também endossaram a importância da mobilização para o café.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente, Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), José Henrique (PMDB), Gustavo Valadares (PFL), Leonardo Quintão (PMDB), Laudelino Augusto (PT) e Durval Ângelo (PT).

 

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