Copasa constitui grupo para avaliar terceirização de serviços

A terceirização de serviços iniciada há oito anos não trouxe nenhum tipo de benefício para a Companhia de Saneamento ...

12/11/2003 - 20:24
 

Copasa constitui grupo para avaliar terceirização de serviços

A terceirização de serviços iniciada há oito anos não trouxe nenhum tipo de benefício para a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), e deve ser expurgada da atividade-fim da empresa. Essa é a síntese dos depoimentos oferecidos por sindicalistas e funcionários à Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia, em reunião presidida pela deputada Marília Campos (PT), no auditório da sede da Copasa, na tarde desta quarta-feira (12/11/03). Diretores da empresa, presentes à reunião, aceitaram que o sindicato Sindágua participasse do grupo de representantes das diretorias e da presidência, constituído para levantar e diagnosticar a situação dos terceirizados.

Maurício Pereira de Jesus, diretor do Sindicato dos Administradores, revelou que é a primeira vez que a Copasa aceita debater a questão da terceirização, "um modismo iniciado na empresa privada e depois estendido às empresas públicas, sem os necessários controles". O sindicalista exibiu uma lista de desvantagens para a empresa, seja na questão dos custos, seja na qualidade dos serviços prestados, seja em sua imagem institucional, seja ainda nas implicações trabalhistas para a Copasa quando um trabalhador terceirizado se acidenta ou morre.

"Não consigo encontrar uma única vantagem na terceirização, por mais que me esforce. A própria Copasa já não saberia dizer se é vantajosa ou não", assegurou o sindicalista. "Os contratos de terceirização custavam R$ 563 mil mensais em 1995. Atualmente custam R$ 3,2 milhões mensais, um crescimento de 475%. Enquanto o número de ligações cresceu 57%, o de funcionários efetivos cresceu apenas 5%. Hoje são 10.800. A substituição de hidrômetros terceirizada é mais cara que a feita por nossos técnicos", informou.

Técnicos em saneamento x trocadores de canos

José Maria Santos, do Sindágua, deu vários dados sobre a responsabilidade social da empresa. Dos 18 milhões de habitantes de Minas, 10,3 milhões são atendidos pela Copasa com abastecimento de água e 4,7 milhões com coleta de esgotos. "A Copasa é formadora de técnicos em saneamento, e não uma empresa de trocadores de canos", disse Santos, defendendo que as atividades-fim da empresa não sejam entregues a terceiros.

Anemar Pereira Amaral, do Ministério Público do Trabalho, falou sobre a dificuldade em se conceituar atividade-fim e atividade-meio. Citou a Lei 7.102, que trata da vigilância bancária, e o Enunciado 331 do TST, que permite a terceirização dos serviços de limpeza, conservação e asseio. Para Amaral, "as formas de terceirização evoluíram negativamente, até chegar às famigeradas cooperativas de mão-de-obra, nocivas em todos os sentidos".

O delegado regional do Trabalho, Carlos Calazans, deu um informe otimista sobre o recente fortalecimento das relações de trabalho em Minas, com a recuperação de 6 mil postos de petroleiros, professores, metalúrgicos, etc. "Só a Açominas contratou diretamente 1,3 mil trabalhadores que eram terceirizados, e obteve um acréscimo mensal de lucro de R$ 600 mil", revelou o delegado.

A deputada Marília Campos lembrou que, no seu tempo de sindicalista dos bancários, o argumento predominante para fragilizar as relações do trabalho e derrubar conquistas era o do alto custo dos encargos. "Diziam que era preciso flexibilizar a legislação trabalhista para gerar mais empregos. Mas vimos que a flexibilização não resolveu o desemprego. Pelo contrário, o desemprego aumentou", disse a deputada, anunciando que, nos próximos dias, a Comissão se reunirá com os funcionários da Caixa Econômica Federal e da Empresa de Correios e Telégrafos.

 

 

 

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