Novo contorno viário Norte para RMBH tem custo estimado de R$ 420
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A Comissão Especial do Anel Rodoviário realizou,
nesta terça-feira (11/11/2003), a última das seis audiências
públicas que discutiram diversos problemas da via, como falta de
segurança, invasão da faixa de domínio e problemas ambientais. No
último debate, o assunto tratado foi o projeto para construção de um
Anel Viário de Contorno Norte para a Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH), que está em fase final de aprovação pelo
Departamento Nacional de Infra-estrutura da Transportes (Dnit), mas
ainda sem previsão de recursos, por parte do governo federal, no
Orçamento 2003 e nos planos plurianuais até 2007. A obra está
estimada em R$ 420 milhões.
O projeto de engenharia, que foi elaborado em 2001,
integra o programa de modernização e ampliação da capacidade da
BR-381, na ligação entre São Paulo, Belo Horizonte e Governador
Valadares. "O objetivo principal é permitir que o tráfego das
rodovias 381, 262 e 040, além daquele originário de outros Estados,
deixe de atravessar a RMBH como corredor", afirmou o presidente da
Empresa Contécnica Consultoria, responsável pelo projeto, Lúcio
Carvalho.
Segundo ele, outro benefício será a integração com
o Aeroporto Internacional Tancredo Neves - o Confins -, que se
tornou recentemente área industrial, com previsão de implantação de
uma zona franca. Serão 15 km entre o novo contorno e Confins. Além
disso, ele afirmou que o novo contorno passa por cerca de 95% de
propriedades rurais, o que não trará dificuldades de desapropriação.
O representante do Dnit, Alexandre de Oliveira, confirmou o
andamento adiantado do projeto.
PMDI - "O Plano Mineiro de
Desenvolvimento Integrado (PMDI) contempla esse tipo de projeto, que
reforça o papel da RMBH como pólo de transporte de cargas", afirmou
o assessor da Secretaria de Estado Desenvolvimento Econômico, Ramón
Vítor César. Segundo ele, o governo do Estado entende que a
iniciativa vai incentivar o desenvolvimento econômico de Minas, por
ligar a região à economia de São Paulo e, consequentemente, ao
Mercosul.
Convidados fazem ressalvas
Os participantes que são convidados fixos da
comissão expuseram a preocupação com um trabalho preventivo, que
evite a ocupação irregular de famílias na nova via, tal como ocorre
hoje no Anel. Manifestaram o receio o major Antônio Carvalho, da 7ª
Companhia da Polícia Militar Rodoviária Estadual; o presidente da
Associação dos Moradores do Bairro Vista Alegre, Natanael Alcântara;
o representante do 8º Consepe (Conselho Comunitário de Segurança
Pública), Antônio Silva, e o representante do Grupo de Estudos e
Pesquisa Nepal, Radamés Rodrigues.
"Esse traçado vai agregar um volume grande de
excluídos que moram naquela região, que não conseguiram entrar nas
cidades e ficaram próximos à periferia. Mas toda grande via em áreas
urbanas e conurbadas é indutora de fixação humana", analisou Radamés
Rodrigues. Outra ressalva, feita pelo diretor de Ação Regional e
Operação da BHTrans, Hélio Geraldo Rodrigues, é a dificuldade na
transposição de pedestres de um lado a outro da via.
Integração - "Os municípios
precisam ter planejamento de ocupação do solo urbano, para evitar
que o novo trecho proposto não fique na mesma situação que o atual
Anel", ponderou o gerente da Divisão de Projetos Urbanísticos e
Infra-estrutura de Transporte da Feam, Benerval Alves Laranjeira.
Segundo ele, os planos diretores - quando existem - são feitos sem
qualquer tipo de integração, quando seria necessário olhar com
atenção as questões e os problemas comuns.
Deputados apoiam integração
O presidente da comissão, deputado Fábio Avelar
(PTB), também destacou a importância do planejamento e da integração
entre os municípios da Região Metropolitana na implementação do
projeto do novo contorno viário. "Ainda não há previsão de verbas,
mas é preciso provocar a discussão e envolver as prefeituras, para
evitar os velhos problemas notados no atual Anel", afirmou. O
deputado André Quintão (PT) também defendeu um planejamento urbano
integrado entre os municípios que serão atravessados pela nova via.
A reunião foi requerida pelos dois deputados.
Relatório - Fábio Avelar
informou que o relatório final pode ser apresentado até o dia 5 de
dezembro, mas a previsão é de que os trabalhos sejam concluídos
antes do prazo.
Entenda o traçado do novo contorno
O traçado dos 64,34 km do novo Anel Viário de
Contorno Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte começa na
BR-381, em Betim, próximo à Estação Aduaneira do Interior. Em
seguida, ele cruza as rodovias MG-808 (Contagem/Esmeraldas), BR-040
(Brasília/BH), MG-806 (Venda Nova/Justinópolis/Ribeirão das Neves),
MG 424 (BH/Pedro Leopoldo). MG-10 (BH/Vespaziano/Confins), MG-20
(Santa Luzia/Jaboticatubas), e, por fim, retornando à BR-381, após o
acesso a Ravena.
O projeto, que foi elaborado com base em estudos de
impacto ambiental, tornará possível desviar 40% do tráfego pesado do
atual Anel Rodoviário, o que corresponde a 15 mil veículos por dia.
Os acessos à via, em pista dupla, serão controlados. Cada pista terá
duas faixas de tráfego de 3,5 metros cada, com faixa de segurança
interna de um metro e acostamento externo de três metros. O canteiro
central terá 21 metros de largura e a velocidade permitida será de
100 km por hora.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Fábio Avelar (PTB), presidente, André Quintão
(PT), Leonardo Quintão (PMDB), Domingos Sávio (PSDB) e Gustavo
Valadares (PFL).
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