Deputados discutem formas de incentivar programa Escola Família Agrícola

Um exemplo bem-sucedido de educação de jovens do campo para a valorização do meio rural, para o desenvolvimento suste...

11/11/2003 - 19:59
 

Deputados discutem formas de incentivar programa Escola Família Agrícola

Um exemplo bem-sucedido de educação de jovens do campo para a valorização do meio rural, para o desenvolvimento sustentável e para ações de solidariedade corre o risco de estagnação e retrocesso por falta de apoio do poder público. São as escolas famílias agrícolas, em número de doze no Estado, impedidas por lei de receber recursos do salário-educação para pagar seus professores e monitores, que correspondem a 60% de seus custos.

A situação desses docentes - alguns deles sem receber há mais de um ano e trabalhando como voluntários - foi discutida em audiência pública da Comissão de Agropecuária e Política Agroindustrial, nesta terça-feira (11/11/03) na Assembléia, com a participação de sete deputados e um dos principais defensores desse tipo de educação chamada de "pedagogia da alternância": o arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida.

A reunião foi requerida pelo deputado Padre João (PT), vice-presidente da Comissão, com a finalidade de colher subsídios para o aperfeiçoamento do seu projeto de lei 786/2003, que permite ao Governo do Estado firmar convênios e repassar recursos à Associação Mineira das Escolas Famílias Agrícolas (Amefa) para custeio, administração e docência. "Não conheço melhor método de formação para o jovem da zona rural, que não perde o encantamento pela vida no campo nem o contato com o trabalho na propriedade, porque fica 15 dias em casa e 15 na escola", afirmou Padre João.

Dom Luciano Mendes de Almeida acrescentou que a Escola abre caminhos para o êxito da reforma agrária que acontecerá no país: "O ponto mais difícil para se fazer reforma agrária é encontrar pessoas que possam trabalhar de modo gregário. A associação dos agricultores é fundamental para o sucesso dos projetos. A Escola fornece isso, e o que é melhor: já existe. Tem terra, tem água, tem gente formada, tem idealismo. Só falta o incentivo, condições dignas de trabalho aos monitores e professores". O arcebispo exortou os deputados a darem a devida atenção ao projeto 786. "Minas tem muito a ensinar ao Brasil. Pode ser o Estado pioneiro em aprovar uma lei desse tipo, e isso terá o valor de um símbolo", argumentou.

Estado recebeu 800 mil matrículas para ensino médio

Gilberto Rezende, da Secretaria de Educação, explicou que o Estado repassa anualmente R$ 760 mil para o custeio das 12 escolas famílias agrícolas instaladas em Virgem da Lapa, Conselheiro Pena, Itinga, Sem Peixe, Pavão, Turmalina, Itaobim, Padre Paraíso, Campo Florido, Jequeri e Comercinho. No entanto, segundo ele, a legislação não permite que se pague pessoal com esses recursos. Revelou também que a Secretaria da Educação enfrenta grandes dificuldades para atender as 800 mil matrículas recebidas no ensino médio, mas que espera, para o próximo ano, receber 29% do Orçamento.

João Batista Begnami, coordenador pedagógico da Amefa, disse que, para não desobedecer a lei, a maioria das escolas remaneja recursos de outras fontes para pagar os professores e monitores, mas que seria ideal poder firmar um convênio com base em uma lei. Reivindicou, no entanto, que o texto vincule recursos especificamente para as escolas famílias agrícolas, para não terem que disputar verbas com todas as demais escolas.

Os deputados José Henrique (PMDB), Maria José Haueisen (PT), Ana Maria Resende (PSDB) e Laudelino Augusto (PT) falaram sobre experiências com as escolas de sua região, criticaram a urbanização do ensino e os métodos que retiram as crianças rurais do contato com suas raízes.

Presenças: Deputados Gil Pereira (PP), Padre João (PT), Maria José Haueisen (PT), Ana Maria Resende (PSDB), José Henrique (PMDB), Laudelino Augusto (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Além dos convidados citados, participaram também o prefeito de Conselheiro Pena, Sidney Chaves, Gilberto Araújo Brito (monitor da EFA) e Aives Lúcio Lopes, vice-presidente da Amefa.

 

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