Situação dos refugiados africanos em Minas reúne deputados e entidades

As condições de sobrevivência dos 60 refugiados africanos que moram em Minas Gerais são graves e muitos deles estão p...

10/11/2003 - 19:18
 

Situação dos refugiados africanos em Minas reúne deputados e entidades

As condições de sobrevivência dos 60 refugiados africanos que moram em Minas Gerais são graves e muitos deles estão passando fome. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), anunciou nesta segunda-feira (10/11/2003) na Secretaria Municipal de Direitos da Cidadania, que conseguiu, emergencialmente, no Supermercado Carrefour cestas básicas para os africanos que têm família para sustentar.

O objetivo da reunião era discutir, com as universidades, o poder público e entidades de solidariedade, a questão do acesso à formação superior e ao trabalho durante a permanência dos refugiados no Brasil, mas serviu para desabafos de alguns deles quanto à situação em que vivem: sem moradia, sem trabalho, sem alimentação e enganados por suas próprias embaixadas, que se recusam a enviá-los a outros países onde possam ter melhores chances. Um deles, camaronês, está há dez anos no Brasil e relatou humilhações e violações sofridas na Polícia Federal. "Só os refugiados brancos são protegidos no Brasil", sentenciou.

"O Estatuto dos Refugiados da ONU, do qual o Brasil é signatário, estabelece o pleno direito ao emprego. Quanto à educação, eles sequer precisam fazer o vestibular", disse Durval Ângelo, fazendo contraponto com a acolhida e a proteção que os refugiados brasileiros encontraram em países como a França e Cuba, durante o período militar.

Duas possibilidades surgiram durante a reunião. A primeira, apontada por Paulo Bresser, da Secretaria Municipal de Direitos da Cidadania de Belo Horizonte, poderá permitir que os africanos sejam absorvidos em contratos temporários nos serviços terceirizados da Prefeitura. A outra foi levantada pela representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, Márcia Martini, de encaminhamento através do Sistema Nacional de Emprego e de estágios nos serviços da própria Secretaria.

Associação precisa fazer cadastro dos refugiados

Márcia Martini alertou, no entanto, para a necessidade de pensar e propor políticas públicas para refugiados, porque vêm aí outras nacionalidades, como os colombianos. Durval Ângelo formulou à Associação dos Refugiados Africanos no Brasil (Arab) a necessidade de traçar um perfil de cada refugiado, contendo sua origem, idade, família, profissão, o curso que deseja fazer, o emprego que almejaria e o que aceitaria, etc. Os 60 que moram em Minas provêm de Angola, Guiné-Bissau, Camarões, Quênia e Gana.

Durval Ângelo convocou também para a reunião representantes dos maristas e dos agostinianos, que mantêm uma rede de solidariedade cristã. O representante do Instituto Marista, Marcos Godinho, falou sobre as possibilidades de inclusão produtiva dos refugiados a partir desse cadastro e lembrou que a Associação de Voluntários do Serviço Internacional (AVSI), entidade italiana, também poderia ajudar.

Marcos Manoel Fernando, presidente da Arab, disse que a questão da educação superior está bem encaminhada com a UFMG e com a Universidade Federal de Juiz de Fora, e que inclusive há 30 deles com bolsas da Fundação Mendes Pimentel. Podem morar nos alojamentos, mas têm que pagar. "O nosso principal problema são os companheiros que não comeram hoje, e que precisam de ajuda imediata", apelou.

 

 

 

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