Direitos Humanos intermedia impasse entre MRV e mutuários

A situação dos moradores do Conjunto Marataízes, da MRV, em Belo Horizonte, que teriam sido lesados pelo advogado Leo...

10/11/2003 - 19:09
 

Direitos Humanos intermedia impasse entre MRV e mutuários

A situação dos moradores do Conjunto Marataízes, da MRV, em Belo Horizonte, que teriam sido lesados pelo advogado Leon Linhares Renault, numa ação contra a construtora, foi discutida na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, nesta segunda-feira (10/11/2003). Em outra reunião da comissão, em 29 de outubro, os mutuários haviam denunciado que esse teria se apossado do dinheiro de 16 famílias. Da audiência desta tarde, que objetivou intermediar a negociação dos envolvidos visando uma solução para o caso, participaram, além de deputados e de nove mutuários: o diretor comercial da empresa, Marcos Caballero; o coordenador do Procon-Assembléia, Marcelo Barbosa; e o integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, Márcio Augusto Santiago.

Giovani Silveira, um dos moradores do Marataízes, que fica próximo ao Conjunto Estrela Dalva, relatou que, já na compra dos imóveis, ele e os outros compradores teriam sido lesados com as propagandas com fotografias do local. Segundo Silveira, na foto, os prédios aparecem no nível da rua, sendo que, depois de construídos, estão abaixo do nível, "num buraco". Além disso, o morador disse que, quando comprou, a MRV informou que não haveria reajuste de prestação depois da entrega das chaves. "Mas, quando recebi as chaves, eles lançaram 34% de aumento", irritou-se. Como o valor ficou acima de sua capacidade de pagamento, Silveira e outros mutuários insatisfeitos procuraram a empresa para tentar uma redução no valor da prestação.

Mas a MRV, de acordo com o mutuário, teria se negado, por três vezes, a negociar, ameaçando de despejo a ele e outros na mesma situação e por isso, acionaram o Procon, onde também não tiveram sucesso. O último recurso foi a contratação do advogado Leon Renault para entrar com ação contra a MRV questionando os reajustes de prestação. A partir daí, os mutuários, em vez de pagarem à construtora, começaram a repassar ao advogado o dinheiro que ele prometia depositar em juízo. Os pagamentos ao advogado foram feitos de maio de 1999 até agosto de 2003, quando os moradores descobriram que ele estava ficando com o dinheiro, em vez de depositá-lo. Silveira informou que só ele já teria pago a Renault mais de R$20 mil e questionou ainda o fato de a MRV não ter enviado a ele e a maioria dos mutuários presentes qualquer carta de cobrança.

Representante da MRV diz que empresa quer negociar caso a caso

Respondendo aos questionamentos e críticas dos moradores, o representante da MRV, Marcos Caballero, lamentou a atitude inescrupulosa do advogado, que teria trazido à empresa e aos mutuários uma situação desagradável. Com relação à carta de cobrança, ele afirmou que a MRV não poderia emiti-la, uma vez que a questão estava sendo decidida judicialmente, com depósitos efetuados em juízo. Ele declarou que a construtora não estava movendo ações de despejo contra todos os moradores inadimplentes, mas contra um. E mesmo assim, tanto nessa situação como nas outras, a MRV estaria disposta a negociar caso a caso. Caballero acrescentou que entendia o problema dos moradores, mas também a empresa estava tendo prejuízos financeiros devido ao não pagamento das prestações há quatro anos. E defendeu também que fosse acionada a polícia contra o advogado Leon Renault.

OAB - O representante da OAB-MG, Márcio Santiago, depois de questionamentos à MRV e aos mutuários, disse que iria verificar o andamento do processo de cassação do registro do advogado Leon, mas que esse processo tinha caráter sigiloso. O representante do Procon-Assembléia, Marcelo Barbosa, informou que o primeiro passo será uma reunião com os envolvidos na entidade, no dia 13 de novembro. A partir daí, o órgão irá analisar cada caso desde o início, verificando aspectos como a legalidade dos contratos, os juros praticados, a possibilidade da prática de propaganda enganosa pela MRV, para, então, tentar um acordo entre as partes.

Requerimentos - Foram aprovados os seguintes requerimentos: três do deputado Durval Ângelo (PT), que requerem sejam encaminhadas as notas taquigráficas desta reunião à Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça, solicitando as providências cabíveis; visita à cadeia pública, à APAC, ao Dr. Paulo Antônio de Carvalho, Juiz de Direito, e Dr. Rodrigo Bragança Queiroz, Promotor de Justiça, da Comarca de Itaúna; seja oficiado ao Secretário de Estado de Defesa Social, solicitando providências para garantir a integridade física do vereador de São Francisco Ricardo Figueiredo, que se diz ameaçado de morte. A Comissão aprovou ainda parecer de 1 º turno do Pl 603/2003, do deputado Fábio Avelar (PTB)< que dispõe sobre a criação do relatório de Impacto de Segurança Pública - Rise. O parecer do relator deputado Durval Ângelo, foi pela aprovação na forma do substitutivo nº 2, da Comissão de Segurança Pública, com a emenda 1

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Roberto Ramos (PL), vice; e Biel Rocha (PT).

 

 

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