Comissão lembra 20 anos do Centro Mineiro de Toxicomania
Os 20 anos do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT)
foram homenageados pela Comissão de Saúde da Assembléia de Minas,
nesta quarta-feira (5/11/2003). Com 280 pacientes em tratamento e
uma equipe multidisciplinar, o CMT integra a Fundação Hospitalar de
Minas Gerais (Fhemig) e é vinculado técnica e operacionalmente à
Subsecretaria Antidrogas da Secretaria Estadual de Desenvolvimento
Social e Esportes. "Até a criação do centro, os pacientes eram
levados para a Secretaria de Segurança Pública, com tratamento
inadequado. Hoje, ele é referência nacional e sempre busca se
adaptar à realidade", relembrou o diretor de Ensino e Pesquisa da
Fhemig, Cristiano Canêdo. A reunião foi requerida pelo presidente da
comissão, deputado Ricardo Duarte (PT).
A diretora-geral do CMT, Ana Regina Machado, também
ressaltou a importância de a rede pública oferecer tratamento aos
dependentes. Segundo ela, a excelência no atendimento do centro
deve-se à dedicação da equipe e à sua preocupação de se manter
atualizada quanto à discussão científica, o que foi reforçado pelo
médico atuante há 18 anos no CMT Fernando Grossi. Mas, para a
diretora-geral, o trabalho ainda é "solitário" se contextualizado no
sistema de saúde. "Minas precisa se mobilizar para estender os
centros especializados nesse tipo de tratamento", defendeu.
Melhorias - "Esse é um
momento de comemoração, mas também de empenho por melhorias no
tratamento de drogas e álcool, a começar pela desospitalização dos
centros de tratamento", concordou o deputado Fahim Sawan (PSDB),
citando o CMT como um exemplo a ser seguido pelas demais
instituições. Fahim, que é coordenador da Frente Parlamentar da
Saúde, colocou a Frente à disposição do centro, principalmente no
que se refere a aprofundar as discussões sobre o tema. Ricardo
Duarte também reafirmou a parceria da Comissão de Saúde com o
centro, desde o início do ano, e defendeu um maior debate sobre as
estratégias para inibição do consumo de drogas.
Já o deputado Carlos Pimenta (PDT) afirmou que é
necessário encontrar alternativas para fortalecer o tratamento de
toxicomania no interior do Estado. "Quem iria imaginar que em
cidades de 3 mil habitantes, no Norte de Minas, já na fronteira com
a Bahia, os jovens estão enfrentando sérios problemas com drogas?",
indagou. Ele defendeu mudanças na legislação para reverter bens de
traficantes em favor dos movimentos de combate às drogas e de
inserção social de usuários; e garantias de inclusão, no Orçamento
do Estado de 2003, de recursos nesse sentido.
Elias Murah alerta para situação de jovens
O subsecretário Estadual Antidrogas, José Elias
Murah, destacou uma pesquisa realizada por um instituto alemão que
indica aumento significativo da expectativa de vida em quase todas
as faixas etárias da população brasileira. A exceção, segundo ele,
recai sobre a faixa que vai dos 14 aos 24 anos. "São quatro razões:
álcool, outras drogas, violência e trânsito, sendo que as duas
últimas estão muito ligadas às primeiras. Isso é muito triste",
apontou Elias Murah.
A preocupação com o aumento do consumo de drogas
por parte dos jovens brasileiros também foi abordada por um dos
pacientes do Centro Mineiro de Toxicomania, Fábio Marques. "Por 32
anos, estive completamente arrasado pelo uso de drogas e álcool, sem
admitir que precisava de ajuda. Sei que, hoje, muitos precisam de
tratamento e estão no começo da vida", afirmou. Segundo ele, que
está no centro há dois anos, a dedicação dos funcionários e a junção
do tratamento com atividades de lazer, como oficinas de teatro, têm
sido essenciais para sua recuperação. "Estou paralisado da droga.
Algumas batalhas já venci, mas a guerra ainda não", refletiu.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente da comissão;
Fahim Sawan (PSDB), Carlos Pimenta (PDT) e Neider Moreira (PPS).
|