Audiência pública debate legislação para pessoas deficientes

As pessoas com deficiências ou necessidades especiais são divididas tecnicamente em cinco grupos: deficiência física ...

04/11/2003 - 20:24
 

Audiência pública debate legislação para pessoas deficientes

As pessoas com deficiências ou necessidades especiais são divididas tecnicamente em cinco grupos: deficiência física (locomoção), auditiva (surdez), visual, mental e deficiências múltiplas. No entanto, os surdos não querem ser chamados de deficientes auditivos, e os paraplégicos não aceitam ser considerados deficientes. Alguns defendem que sejam chamados pessoas com deficiência. Outros rejeitam abertamente a expressão "portadores de necessidades especiais", o que seria um rótulo para seres humanos apenas "peculiares" ou "diferentes", conforme constatado pelos deputados das Comissões do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e de Participação Popular, nesta terça-feira (4/11/2003).

Desta maneira, começa pelas objeções semânticas a dificuldade de se discutir a proposta do senador petista gaúcho Paulo Paim de um Estatuto do Portador de Necessidades Especiais, que pretende, segundo a deputada Marília Campos (PT), "consolidar um conjunto de leis esparsas e buscar avanços que possam ser incluídos, como o direito à assistência social". Mesmo assim, as comissões convidaram autoridades e especialistas para discutirem, com os próprios interessados, a proposta do senador Paim.

O encontro aconteceu no Teatro da Assembléia e foi aberto com apresentações do grupo Crepúsculo, com dois números de balé com deficientes e do grupo de dança da Apae, com 11 membros dançando a música "Nunca Deixe de Sonhar", do KLB. Santos Fagundes, assessor do senador Paim, disse que a luta pela inclusão social dos deficientes começou em 1790, com a confecção de próteses, órteses, bengalas e cadeiras de rodas, e também com o desenvolvimento das linguagens braile e de sinais.

Texto precisa ser aperfeiçoado, diz promotora

A promotora de Justiça Simone Monteiro apontou diversos trechos do Projeto de Lei (PL) 3.638/2000 que deveriam ser aperfeiçoados e alertou para expressões que não encontram amparo na Constituição. Defendeu que a palavra "inclusão" seja usada no lugar de "integração" e aplaudiu a idéia de se garantir, em cada município, pelo menos uma escola preparada para receber deficientes.

Intervenção bem recebida foi a de Isabel Garcia Leão, representante dos deficientes auditivos, que discursou através de uma intérprete da Libras (língua brasileira de sinais). Ela defendeu o diagnóstico precoce da surdez como obrigação do poder público para aumentar as chances de desenvolvimento futuro da criança, e também que a vacina contra rubéola seja oferecida a mulheres acima de 29 anos, capazes de engravidar. Pediu ainda isenção de ICMS para que os surdos possam comprar celular, aparelho de fax e computador, aparelhos que amenizam sua deficiência de comunicação.

Outros temas abordados pela Mesa foram as barreiras arquitetônicas ao acesso dos deficientes, a falta de ônibus com piso baixo e as cotas de acesso a vagas no serviço público. A deputada Maria Tereza Lara (PT) lembrou que nas constituições anteriores os deficientes eram definidos como incapazes, e, portanto, sem direitos. "Mas a natureza decidiu que a vida iria conter simplicidade e complexidade. O que é distinto ou diferente não quer dizer que seja inferior", disse Maria Tereza.

Simone Albuquerque, da Secretaria de Assistência Social de Belo Horizonte, reivindicou a inclusão no Estado de ajuda mensal de dez salários mínimos para atender os gastos e custos dos deficientes. Essa proposta foi intensamente criticada da platéia, porque o impacto que traria nas despesas da Previdência Social poderia a derrubada do projeto inteiro.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Alberto Bejani (PTB), presidente; Marília Campos (PT), vice; André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular, Célio Moreira (PL), Maria Tereza Lara (PT) e Laudelino Augusto (PT).

 

 

 

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