Representantes de servidores criticam novas regras de empréstimos

A minuta que altera o Decreto 42.103/2001, que a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) disponibilizo...

04/11/2003 - 14:14
 

Representantes de servidores criticam novas regras de empréstimos

A minuta que altera o Decreto 42.103/2001, que a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) disponibilizou na internet, para consulta pública, foi alvo de muitas críticas nesta terça-feira (4/11/2003), durante reunião da Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa. O decreto regulamenta os descontos em folha de pagamento dos servidores do Poder Executivo e está em vigor desde novembro de 2001. Representantes dos servidores, cooperativas e associações criticaram, nas novas regras, os limites impostos para os descontos, a burocracia e o aumento da taxa de cobrança para as entidades credenciadas, de 0,25% para 1%. O Estado tem hoje cerca de 480 mil servidores, com uma folha de pagamento mensal de cerca de R$ 580 milhões, fatia de mercado oferecida aos bancos desde 2001.

O superintendente central de Administração e Pagamentos da Seplag, Antônio Luis Musa Noronha, que representou o secretário Antônio Anastasia, informou que a consulta à minuta e a apresentação de sugestões, que terminariam nesta quarta-feira (5), às 18 horas, foram prorrogadas para a próxima semana. Ele garantiu que tudo será examinado e levado em consideração pelo governador. Noronha disse que já foram feitas mais de 2.500 consultas, com 59 entidades acessando a página da Seplag na internet.

Decretos - A minuta altera o Decreto 42.103, de 19/11/2001, e o Decreto 42.823, de 2/8/2002. Ambos dispõem sobre a consignação de desconto em folha de pagamento dos servidores e pensionistas da administração direta e das autarquias e fundações vinculadas ao Poder Executivo do Estado de Minas Gerais. As consignações são as compulsórias, como descontos de previdência, pensão alimentícia e contribuição sindical; e as facultativas são empréstimos e contribuições de plano de saúde, por exemplo.

Cooperativas de crédito e consumo querem tratamento diferenciado

Três instituições ligadas aos servidores do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e uma ligado ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) pediram tratamento diferenciado nas novas regras. Para elas, tais entidades não podem ser tratadas com regras iguais às definidas para bancos comerciais, "porque não têm fins lucrativos, mas de ajuda mútua dos servidores". Para o presidente da Cooperativa de Consumo dos Servidores do DER, Luiz Gonzaga Campos, a nova taxa de 1% vai quebrar a instituição. A nova taxa, segundo ele, representa 900 cestas básicas que serão tiradas "da boca do servidor".

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do DER, Adolfo Garrido, o Estado quer fazer caixa em cima do servidor. "De que outra forma entender o aumento da taxa? Quem irá custeá-lo, se não o servidor?", indagou. O superintendente da Derminas Sociedade Civil Seguridade Social, Daniel Magalhães, disse que os convênios das instituições de servidores são, hoje, uma forma de sobrevivência, devido aos baixos salários do Estado. O presidente da Associação dos Servidores do IMA, Dalmo Gonçalves Costa, também criticou o aumento da taxa, lembrando que o percentual hoje usado já está criando dificuldades para a instituição cobrar do servidor.

Mudanças sugeridas pelas instituições

As principais mudanças sugeridas pelas entidades de servidores presentes foram: que a taxa de 1% seja cobrada apenas dos bancos comerciais, ou até mesmo que eles sejam impedidos de se beneficiar dos descontos em consignação; que a exigência de autorização diferente para cada empréstimo ou compra, com firma reconhecida, seja transformada em uma autorização única; e que não seja estabelecido o limite de 30% do vencimento do servidor, como teto para novos comprometimentos do seu pagamento, como estabelece a minuta.

Os representantes dos servidores alegam que a exigência de autorizações individuais só burocratiza o serviço das instituições, beneficiando os bancos, que trabalham com estruturas maiores e mais ágeis. Sobre o limite dos 30% de comprometimento do salário, eles acreditam que isso não irá diminuir os empréstimos. "Só irá prejudicar o servidor, que não poderá comprar com o convênio de sua cooperativa ou associação, cujo desconto é parcelado e sem juros, para pagar à vista, no comércio convencional, já que suas necessidades de alimentação e saúde, por exemplo, continuam as mesmas. Só seu salário que ficou defasado", destacou Adolfo Garrido, do sindicato do DER.

Deputados pedem ampliação de prazo para sugestões

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que pediu a realização da reunião, defendeu as cooperativas de crédito dos servidores e pediu o aprofundamento dos debates sobre a minuta do decreto. "Os questionamentos dos servidores são inúmeros, e esse decreto pode ser aprimorado. Não gostaria de ser surpreendido com a edição do decreto sem uma nova discussão com os servidores", pediu o deputado, que propôs um requerimento pedindo a prorrogação do prazo para apresentação de propostas ao decreto. Dalmo falou sobre o Projeto de Lei (PL) 126/2003, de sua autoria, que trata do mesmo assunto e está pronto para ser votado em 1º turno pelo Plenário.

Já o deputado Paulo Piau (PP) disse que a Assembléia está preocupada com a situação dos servidores e defendeu as cooperativas de crédito como alternativa aos grandes bancos. A deputada Jô Moraes (PCdoB), que presidiu a reunião, manifestou opinião semelhante. "Ficou claro que não se pode dar tratamento igual às cooperativas de servidores e ao sistema financeiro, que vem crescendo às custas de tarifas exorbitantes", afirmou a deputada. O deputado Leonardo Quintão (PMDB) criticou os juros bancários, entendendo que, mesmo sendo necessários, precisam ter um caráter mais social.

Presenças - Participaram da audiência pública a deputada Jô Moraes (PCdoB), que presidiu a reunião, e os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Paulo Piau (PP) e Leonardo Quintão (PMDB). Além das entidades citadas na matéria, participaram o presidente da Cooperativa de Crédito dos Servidores da Assembléia, Cristiano Félix, e o assessor jurídico da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Gustavo Lima Arouca.

 

 

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715