Cipe Rio Doce reivindica recursos para APA da Ibituruna

Quatro deputados estaduais e dois federais reuniram-se nesta segunda-feira (03/11/2003), na Câmara Municipal de Gover...

03/11/2003 - 00:00
 

Cipe Rio Doce reivindica recursos para APA da Ibituruna

Quatro deputados estaduais e dois federais reuniram-se nesta segunda-feira (03/11/2003), na Câmara Municipal de Governador Valadares, num encontro da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce) para tentar direcionar - para área de preservação ambiental da Ibituruna, naquela cidade - parte dos recursos destinados a projetos de conservação ambiental pelo consórcio construtor da Usina de Aimorés.

Dos US$ 230 milhões previstos para a hidrelétrica, a Lei Federal 8.895 exige que pelo menos 0,5% (cerca de R$ 4 milhões) sejam aplicados em unidades de conservação ambiental, a critério do Ibama. Outros 1% (cerca de R$ 8 milhões) seriam aplicados pelo Consórcio Cemig-CVRD em iniciativas de "mitigação" dos impactos ambientais. O deputado Márcio Passos (PL), 2º secretário da Cipe, discorda da destinação de R$ 3,56 milhões para os projetos de Comboios, Sete Salões e Serra da Canastra. "Comboios fica no Espírito Santo. Quando esse Estado construiu a Usina de Mascarenhas, não legou nada para as cidades de Minas. Por que então contemplar Comboios?" indagou Passos.

O deputado federal João Magalhães (PMDB) diz não entender por que contemplar a Serra da Caparaó, que sequer pertenceria ao Vale do Rio Doce. Jayro Lessa (PL) critica especialmente a destinação de R$ 1,8 milhão para o conjunto de grutas chamado "Sete Salões", onde o Ministério Público, por provocação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), estaria reivindicando esse dinheiro para remanescentes krenaks que vivem nas proximidades. "Dizem que os espíritos dos ancestrais deles moram nas grutas. São cerca de 150 índios, o que daria uns R$ 12 mil para cada um", disse Lessa.

Há entraves legais para contemplar Ibituruna

A denúncia de agressões ao meio ambiente pontuou as falas de vários deputados. José Henrique (PMDB) deplorou as queimadas que todos os anos destroem a vegetação das encostas da Ibituruna e empobrecem o solo e o produtor. Chico Simões (PT) pediu uma discussão mais ampla sobre os efeitos dos plantios extensivos de eucaliptos sobre a diminuição da vazão do rio Doce. O federal Leonardo Monteiro (PT) falou sobre o "prejuízo social incalculável" da inundação da cidade de Itueta pelo reservatório de Aimorés.

O prefeito de Governador Valadares, João Domingos Fassarella (PT), que também preside o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, disse que é comum raciocinar em termos de unidade administrativa municipal. "O caminho do rio vai além. Do ponto de vista ambiental, a unidade é a bacia. Tudo o que se fizer em Ipatinga, bem ou mal, tem reflexo aqui. Tudo o que fizermos refletirá em Tumiritinga. Por isso, é preciso ter uma visão mais ampla dos impactos na bacia". Fassarella defendeu que a proteção contra o assoreamento deve ser feito a montante do ponto da represa, para preservar a lâmina d'água e o próprio investimento da usina.

Durante a condução dos trabalhos, Márcio Passos defendeu várias vezes, com veemência, que os recursos fossem redirecionados para a Ibituruna. No entanto, os representantes do IEF-MG, Célio Vale, e do Ibama, Macenias de Souza, tentaram demonstrar aos deputados que não seria possível fazê-lo, por que a Ibituruna não é parque estadual ou nacional, mas apenas monumento natural, cercada por uma área de preservação ambiental (APA), que já receberia recursos anuais de R$ 90 mil. Inúmeras lideranças e vereadores presentes à reunião se insurgiram contra a idéia de criação de um parque estadual ali, o que obrigaria a desapropriação e retirada de todos os proprietários locais.

Estava presente um interlocutor do Consórcio da Usina de Aimorés, Joaquim Duarte, que afirmou que, se o Ibama ordenasse, os recursos seriam redirecionados. Antes de chegar aos questionamentos jurídicos, o deputado Chico Simões propôs que se esgotassem as possibilidades de negociação política e de diálogo.

Deputados apresentam sete requerimentos

Sete requerimentos foram aprovados na reunião: dois do deputado Chico Simões, pedindo informações sobre o potencial hidrelétrico do rio Doce e seus afluentes, e propondo uma reunião entre a Cipe e a direção do Consórcio. Os outros cinco foram do presidente Márcio Passos, pedindo recursos orçamentários para a Ibituruna, a definição de uma área prioritária para aplicação de recursos da UHE Aimorés, acesso aos estudos ambientais que precederam as licenças da UHE, a criação de uma Promotoria de Defesa do Rio Doce, e o cronograma de desembolso dos recursos às unidades ambientais contempladas.

Presenças: Dep. Márcio Passos (PL), 2º-secretário; dep. José Henrique (PMDB), relator; dep. Jayro Lessa (PL), dep. Chico Simões (PT); dep. fed. João Magalhães (PMDB), dep. fed. Leonardo Monteiro (PT), João Domingos Fassarella, prefeito de Governador Valadares e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce; Marcílio Alves, presidente da Câmara Municipal.

 

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