A qualidade determina a certificação do café especial

A qualidade foi o ponto principal das discussões sobre a produção e as relações entre produtores, indústria e comérci...

30/10/2003 - 00:00
 

A qualidade determina a certificação do café especial

A qualidade foi o ponto principal das discussões sobre a produção e as relações entre produtores, indústria e comércio de cafés especiais, durante a reunião da Comissão Especial da Cafeicultura Mineira nesta quinta-feira (30/10/2003). Além disso, a certificação de qualidade e origem do café orgânico, o crescimento da participação desses dois tipos de bebida no mercado, e os diferentes custos de produção das duas modalidades de grão, também foram alvos de discussão.

O diretor-presidente da Associação de Cafés Especiais de Minas Gerais Sérgio Cotrim D´Alessandro fez um relato sobre a evolução da produção e do consumo dos cafés especiais no Brasil, destacando as mudanças ocorridas no perfil tecnológico, a partir de 1991, na busca da melhoria de qualidade e produtividade. Segundo ele, a evolução deve ocorrer não só no campo da produção, mas principalmente, na gestão estratégica do negócio visando ao aumento da competitividade e à união dos segmentos do elo produtivo.

Sérgio Cotrim afirma que o aumento no custo da produção é compensado. "A qualidade confere ao café especial uma vantagem inegável: o preço. Enquanto a cotação do café arábica varia entre R$ 165 e R$ 173, os melhores cafés especiais chegam a ser comercializados a R$ 725 a saca, daí a importância de valorizar a sua produção", afirmou.

Falta uniformidade na definição de café especial

A consultora da Cooperativa dos Cafeicultores de Três Pontas Vanísia Nogueira chamou a atenção para as diferentes denominações que o café especial recebe. Ela diz que cada país, cafeicultor ou produtor, considera características diversas para qualificar o café. "O café especial destaca-se pela qualidade superior do grão, que tem reflexo direto no sabor da bebida. Pode ser um café de variedade rara, produzido em quantidades limitadas, cuja colheita, secagem e armazenamento seguem rígidos padrões para assegurar a pureza do grão ou até o café orgânico", disse. Vanísia esclarece que é o patamar de qualidade e de diferenciação do café que determina o café especial, através da prova sensorial que, atualmente, utiliza o café do Sul de Minas como referência.

O coordenador do setor rural do Centro de Assessoria Sapucaí Paulo Lima Pêgas alertou que o sistema de produção de café, vigente no Estado, não se sustentará por muito tempo, pois é preciso investir em pesquisa, tecnologia e leis de incentivo que auxiliem na busca de um modelo mais sustentável, que agregue mais valor à produção. O representante da Associação de Cafeicultura Orgância do Brasil (Acob) Rogério Daros endossou as palavras de Paulo Pêgas e destacou outros fatores como proteção ambiental, trabalho infantil e trabalho escravo que contribuem para o atestado de qualidade do café. "Não basta ter o título de qualidade, o café deve possuir o atributo de qualidade superior, além de sustentabilidade e responsabiliade social", afirma.

O coordenador de agroqualidade do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) João Nelson Gonçalves disse que o primeiro passo para garantir a certificação é oferecer ao consumidor um café com referência. Segundo ele, o próprio produtor deve atestar a qualidade e assumir a responsabilidade pela produção, de forma a estimular o consumo responsável e consciente. "A certificação, feita pelo produtor, seria um mecanismo de defesa sanitária e vegetal da lavoura e do sistema produtivo", disse.

Deputados estão preocupados com situação

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) relatou o encontro de membros da comissão com técnicos do Banco do Brasil e demonstrou sua preocupação com a situação financeira do banco, que não recebe, há muito tempo, repasses de recursos do governo federal para financiamento dos agricultores. "Não estou percebendo reciprocidade do governo ao empenho desta comissão e do poder legislativo", desabafou. O deputado Paulo Piau (PP) falou da importância da valorização da produção tradicional uma vez que o café orgânico não abastece todo o mercado interno e externo. "O Brasil é o maior exportador de café do mundo mas, mesmo mantendo a liderança no mercado, a situação dos cafeicultores brasileiros já foi melhor do que hoje", afirmou.

Requerimentos -Foram aprovados os seguintes requerimentos: do deputado Paulo Piau, convidando o Procon estadual a participar da reunião do dia 13/1; que seja enviado ofício às Assembléias Legislativas de São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Bahia e Rondônia, sugerindo a instalação de comissões sobre cafeicultura; do deputado Laudelino Augusto, que seja solicitado à direção geral da Assembléia, o estabelecimento de critérios para a compra do café servido na Casa; do deputado Dalmo Ribeiro Silva solicitando ao governador adotar medidas urgentes em favor da cafeicultura, no aspecto da legislação e tributação, no âmbito da comissão de trabalho criada no governo; da Comissão, solicitando ao presidente da Assembléia que encaminhe ofício ao Ministério da Agricultura, pedindo a liberação de recursos para o financiamento do custeio e manutenção das lavouras de café, fora do Pronaf.

Presenças - Participaram da reunião os deputados: Paulo Piau (PP), presidente; Laudelino Augusto (PT), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e José Henrique (PMDB).

 

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715