Projeto sobre rios de preservação permanente está pronto para Plenário

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovou, nesta quarta-feira (29/10/2003), parecer de 2º turno favoráv...

29/10/2003 - 00:00
 

Projeto sobre rios de preservação permanente está pronto para Plenário

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovou, nesta quarta-feira (29/10/2003), parecer de 2º turno favorável ao Projeto de Lei (PL) 693/2003, na forma do vencido em 1º turno. A matéria, do deputado Sebastião Helvécio (PDT), dispõe sobre rios de preservação permanente e visa proteger, especificamente, trecho do Rio Grande que vai da nascente ao reservatório da Hidrelétrica de Camargos. O projeto está pronto para ser votado em 2º turno pelo Plenário da Assembléia. A relatora foi a deputada Maria José Haueisen (PT).

Com 120 km de extensão, o Rio Grande apresenta, segundo a relatora, grande beleza cênica e locais apropriados a atividades de recreação de contato. "A declaração de preservação permanente é necessária, pois esse é o último remanescente das condições naturais de um curso d´água que teve seu regime hídrico totalmente alterado pela construção de sucessivos barramentos para geração hidrelétrica", destacou o parecer. A relatora considera que o projeto inova ao propor a consolidação das leis sobre rios de preservação permanente, abandonando o caminho tradicional de introduzir dispositivos em textos legais.

Na forma do vencido, o projeto considera rios de preservação permanente cursos de água ou trechos especiais (devido a beleza, valor ecológico, histórico ou turístico), em ambientes silvestres naturais ou pouco alterados. A proposição proíbe modificar leito e margens (ressalvada competência da União em seu domínio), revolver sedimentos para lavra de minérios; ameaçar fauna aquática ou equilíbro dos ecossistemas; usar recursos hídricos em desacordo com a preservação visada pela lei. O texto especifica cinco trechos de rios de preservação permanente: Cipó, São Francisco, Pandeiros e Peruaçu, Jequitinhonha e afluentes; Grande e afluentes; e revoga as leis 10.629, de 1992, e 12.016, de 1995, por consolidá-las.

Emenda - O deputado José Milton informou que apresentará uma emenda de 2º turno ao projeto, em Plenário, visando aumentar o alcance da proposição. Ele disse também que protocolará, na semana que vem, um projeto objetivando proteger o Estado da importação - autorizada, segundo ele, por decreto do governo federal - de pneu usado. "Essa autorização só interessa aos países que exportarão esses produtos. O Brasil vai receber mais lixo", alertou.

Matéria protege manancial de São Lourenço

O PL 784/2003, do deputado Laudelino Augusto (PT), que garante a proteção dos mananciais que abastecem as fontes das estâncias hidrominerais de Minas, recebeu parecer de 1º turno favorável, na forma do substitutivo nº 1. A matéria visa proteger em especial a estância de São Lourenço, conforme destacou o relator da matéria, deputado Leonardo Quintão (PMDB). A matéria acrescenta o artigo 33 à Lei 13.771, de 2000, que dispõe sobre a administração, proteção e conservação das águas subterrâneas do Estado.

No parecer, Leonardo Quintão menciona os procedimentos tomados pela multinacional suíça que detém a concessão do manancial, ao utilizar uma brecha legal para alterar, por meio de dessalinização, a composição natural das águas. O deputado lembra que a empresa perfurou um poço tubular profundo no interior do perímetro da estância, para obter águas minerais gasosas em maior quantidade para o engarrafamento. "Entretanto, as águas captadas, além de não serem gasosas, têm concentração de ferro bem acima do valor permitido pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde", alertou.

A brecha encontrada pela multinacional, que teve o procedimento licenciado pelo Ministério da Saúde, teve base em interpretações de leis que consideram a água como alimento e se agrava "pelo imobilismo das autoridades federais e estaduais". "Mas o Código de Águas Minerais, legislação federal que rege a matéria, a alteração da composição natural das águas por meio de tratamento de qualquer natureza para posterior industrialização é ação expressamente proibida e claramente ilegal", reforçou. Essa situação, apesar dos protestos da população de São Lourenço, estaria, segundo o relator, desvirtuando o maior patrimônio da cidade.

Substitutivo - De acordo com o relator, o substitutivo nº 1 corrige irregularidades do texto original. O texto define critérios para outorga do direito de uso e concessão de licenças ambientais para captação de águas subterrâneas, inclusive nascentes, em um raio de 30 km do perímetro das estâncias, para produção e comercialização de águas a serem dessalinizadas ou salinizadas. A idéia é que a autorização seja precedida de audiência pública com a participação dos órgãos e entidades estaduais competentes, da empresa, da população e do poder público municipal da estância afetada. O dispositivo só não se aplica a águas destinadas ao abastecimento público e a outros usos estabelecidos na regulamentação da lei.

Outras determinações são a responsabilidade, por parte do empreendedor, de apresentar estudo técnico sobre os impactos a serem produzidos nas captações dos mananciais que abastecem as estâncias, conforme portaria do Ministério das Minas e Energia; e a realização de audiências públicas pelos órgãos competentes para avaliar cada empreendimento que modifique águas com objetivo de comercialização, em até 180 dias da publicação da lei.

Requerimentos aprovados

Três requerimentos foram aprovados durante a reunião. O primeiro, do deputado Doutor Ronaldo (PDT), pede a realização de audiência pública para debater as atividades adotadas na prevenção e no combate às inundações. Serão convidados representantes da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, da Instituto Mineiro de Gestão das Águas, da Companhia de Pesquisa de Recursos Mineirais, da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce da do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. O objetivo é subsidiar a elaboração do parecer ao projeto 571/2003, do qual Doutor Ronaldo é o relator.

O segundo requerimento, do deputado Biel Rocha (PT), pede solicitação de audiência para tratar da contaminação de mercúrio no município de Descoberto, na Zona da Mata, em substituição à visita pública no local, já aprovada em requerimento anterior desse parlamentar. "A descoberta do mercúrio foi feita por um agricultor, que percebeu 'esferas brilhantes' na Bacia do Ribeirão do Grama", destaca Biel Rocha, acrescentando que no local funcionou, há mais de 100 anos, uma empresa de mineração inglesa que atuava na exploração do ouro. Segundo o deputado, já foi constatada incidência expressiva de doenças relacionados ao metal e a necessidade de interdição da área.

Por fim, o deputado Célio Moreira pede audiência pública para discutir a declaração do Rio Jequitinhonha como de preservação permanente. "O rio é fonte de renda para muitas famílias, e essa declaração, prevista pela Lei 12.016, de 1995, inviabiliza a exploração econômica no local", disse. Serão convidados a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, a prefeitura de Diamantina, as promotorias de Defesa do rio, o Departamento Nacional de Produção Mineral, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis e a Fundação Estadual do Meio Ambiente.

Presenças - Maria José Haueisen (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; José Milton (PSDB) e Leonardo Quintão (PMDB).

 

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