Entidade denuncia tráfico de crianças e violência no Jequitinhonha

Denúncias de tráfico de crianças e violência policial em Águas Formosas, no Vale do Jequitinhonha, foram feitas na re...

29/10/2003 - 00:00
 

Entidade denuncia tráfico de crianças e violência no Jequitinhonha

Denúncias de tráfico de crianças e violência policial em Águas Formosas, no Vale do Jequitinhonha, foram feitas na reunião desta quarta-feira (29/10/2003) da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia. Segundo Betânia Rodrigues, da Associação do Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos, o Conselho Tutelar vem denunciando o sumiço de crianças na cidade, duas das quais teriam desaparecido há três anos. Com uma fita de vídeo de depoimento das famílias que tiveram seus filhos tomados sem autorização judicial, Betânia denunciou que o número de crianças adotadas em Águas Formosas seria muito elevado em relação à população da cidade.

Ela relatou que muitas grávidas do município viajam para São Paulo, onde têm seus bebês, os quais são imediatamente adotados. Betânia Rodrigues fez também denúncias de violência por parte de policiais militares na cidade, que estariam espancando pessoas pobres. Depois de declarar que está sofrendo ameaças de morte, a denunciante pediu proteção policial. O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), ao receber a fita e outros documentos, disse que irá pedir providências ao Ministério Público para que acione o Programa de Proteção às Testemunhas.

MRV - Moradores do Conjunto Marataízes, próximo ao Conjunto Estrela Dalva, em Belo Horizonte, denunciaram que foram lesados pelo advogado contratado para defendê-los numa ação contra a MRV. Segundo Giovani Silveira, o advogado teria se apossado do dinheiro de 16 famílias que entraram com ação contra a construtora, devido ao aumento abusivo nas prestações. Como conseqüência, esses moradores ficaram inadimplentes com a MRV, que agora move ação de despejo. Eles procuraram o Procon e denunciaram o advogado à OAB, mas essas entidades nada fizeram, de acordo com Silveira. Durval Ângelo informou que está marcada para a próxima semana uma reunião com representantes das partes e órgãos envolvidos, com o objetivo de sensibilizar a Justiça e a MRV para que não movam ação de despejo e pedindo à OAB o afastamento do advogado.

Atentado - André Luiz Souza, morador do bairro Novo das Indústrias, denunciou que sua mãe, Maria Eunice, sofreu tentativa de assassinato por parte de rapazes a mando de uma ex-amiga dela, Lúcia Soares. Na ação, no dia 17 de outubro, os pistoleiros acertaram Eunice com um tiro na cabeça, e seu filho, José Gomes com três tiros levando-o à morte. O motivo do ataque seria um depoimento dado por Maria Eunice à Justiça como testemunha numa ação contra Lúcia, o qual não teria agradado a essa última. O presidente da comissão disse que vai encaminhar a denúncia ao MP.

Aprovado parecer de projeto que cria cotas para grupos discriminados

Na reunião, foi aprovado o parecer do relator, deputado Durval Ângelo, favorável ao Projeto de Lei 272/2003, do deputado Paulo Piau (PP), na forma do Substitutivo nº 2. O PL institui mecanismos de incentivo ao ingresso de setores etnorraciais historicamente discriminados em estabelecimento de ensino público estadual de ensino superior. Foram anexados a essa proposição os projetos de lei 580, 662, 951 e 1177, todos de 2003, por guardarem semelhança. A Comissão de Constituição e Justiça havia concluído pela constitucionalidade do PL 272/2003 na forma do substitutivo nº 1, que recebeu parecer pela rejeição na Comissão de Direitos Humanos.

O substitutivo da CCJ propõe estabelecer a cota de 50% das vagas nas universidades estaduais (Unimontes e Uemg) para alunos carentes, independentemente da escola de que eles sejam egressos, pública ou particular. No projeto original, a cota é de 20% das vagas efetivamente existentes em cada período ou ano letivo nas universidades citadas e destinada apenas a alunos de escolas públicas.

Já o substitutivo nº 2, da Comissão de Direitos Humanos, destina 40% das vagas na Uemg e 50% na Unimontes para candidatos carentes, portadores de deficiência, indígenas e afrodescendentes. O parecer também distribui as vagas da Uemg e da Unimontes entre os grupos (estabelecendo critérios para definir cada um deles) da seguinte forma: 5% para deficientes nas duas universidades, 25% na Uemg e 30% na Unimontes para indígenas e afrodescendentes, e 10% e 15% para os comprovadamente carentes. No texto do substitutivo nº 2 está previsto ainda que, se não houver candidatos aprovados em quantidade suficiente para preencher as vagas reservadas, as remanescentes serão acrescidas ao restante das vagas existentes.

Programas de inclusão social no Morro do Papagaio serão discutidos

Dois requerimentos do deputado Durval Ângelo pedindo audiências públicas foram aprovados durante a reunião. O primeiro solicita audiência para debater as dificuldades dos programas e projetos de inclusão social no Morro do Papagaio, Aglomerado Santa Lúcia, em Belo Horizonte. Outro requerimento pede a realização de uma audiência pública para discutir a construção de oito novos estabelecimentos prisionais em Ribeirão das Neves, com os seguintes convidados: subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro; prefeito da cidade, Dirceu Pereira de Araújo; vigário da Paróquia Nossa Senhora da Piedade de Ribeirão das Neves, padre Paulo Eustáquio Ibrahin; coordenador do Serviço de Assistência Judiciária da PUC, professor Fábio Alves dos Santos; presidente da Associação dos Cidadãos pelo Bem Nevense (Asbem), Márcio Augusto Costa; vereador do município, Vicente Mendonça.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Paulo Piau (PP), Mauro Lobo (PSB) e Gilberto Abramo (PMDB).

 

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