CBTU suspende contrato do terminal de integração do
Vilarinho
Motivo de acalorada discussão entre os
participantes da reunião da Comissão Especial da Expansão do Metrô,
nesta terça-feira (28/10/2003), na Assembléia Legislativa, o
contrato 35/2002, entre a Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(CBTU) e a empresa Diedro Construções e Serviços Ltda foi cancelado
pela atual administração da CBTU, no início deste mês. O contrato
previa a construção do terminal de integração Vilarinho, com a
exploração de um centro comercial, pela empresa vencedora, por 30
anos.
A informação foi prestada aos deputados da comissão
pelo presidente da CBTU, João Luiz da Silva Dias, que não compareceu
à reunião do dia 8 passado, porque estava participando de encontro
em Recife. João Luiz confirmou a suspensão da licitação da obra da
estação Vilarinho e do contrato já assinado, "diante de
irregularidades no edital, licitação e assinatura do contrato, que
indicavam lesão aos cofres públicos", disse. Quanto ao outro
contrato, o de número 23/2002, com a empresa Adservis Multiperfil
Ltda, foi extinto, devido à realização e à homologação de concurso
público, que contratou funcionários para ocupar as 79 vagas
preenchidas por empregados terceirizados.
Tribunal de Contas da União apontou
irregularidades
Os dois contratos foram motivo de recomendação pelo
Tribunal de Contas da União para que fossem suspensos, diante das
evidências de irregularidades. Os deputados da Comissão Especial
suspeitaram que as irregularidades detectadas pelo TCU pudessem
prejudicar o repasse de recursos para o metrô. Mas na última
reunião, no dia 8 de outubro, técnicos do órgão negaram que houvesse
recomendação de se paralisar obras do metrô. O contrato com a
Adservis foi para a contratação de 79 trabalhadores terceirizados,
cuja despesa foi lançada contabilmente inadequadamente, sob a ótica
da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de acordo com o Tribunal de
Contas, em despesas de capital. Segundo João Luiz, o problema foi
sanado com a nomeação dos concursados.
O presidente da CBTU informou que as
irregularidades não determinaram a paralisação e nem desaceleração
das obras do metrô de Belo Horizonte; e que isso é um problema de
contingenciamento do orçamento, ou seja, criava-se um orçamento
irreal, mas na hora da liberação das parcelas, não havia recursos",
enfatizou João Luiz.
Para o próximo ano, ele disse que a empresa vai
trabalhar com um orçamento "minguado", de R$ 148 milhões, "mas que é
real", para dar continuidade às quatro frentes de trabalho da
empresa: os metrôs de Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza,
"todos com mais de um ramal". A prioridade, segundo João Luiz da
Silva Dias, será o término do ramal 1 de Belo Horizonte
(Eldorado/Venda Nova) e o metrô de Recife. "Só vamos retomar os
investimentos no ramal 2 de Belo Horizonte (Calafate/Barreiro),
depois que concluirmos o de Salvador e o de Fortaleza",
informou.
Críticas à atuação da CBTU
Um dos convidados da reunião, o ex-presidente da
empresa, por cinco anos, o ex-deputado Luiz Otávio Ziza da Silva
Valadares, criticou a decisão de se cancelar o contrato para a
construção do terminal de integração do Vilarinho. Com muitos dados
e planilhas, Ziza Valadares comparou o contrato com outros feitos
por João Luiz, quando este esteve à frente da BHTrans, na construção
da estação BHBus, no Barreiro. Segundo ele, a gestão de João Luiz
também teria privilegiado empresas, assinado contratos mais caros e
feito obras sem consulta à população.
Também alguns deputados presentes criticaram a
postura de João Luiz, que "não veste a camisa da CBTU e nem defende
recursos para o metrô de Belo Horizonte", conforme afirmou o
deputado Gustavo Valadares (PFL). Para ele, o cancelamento do
contrato com a Diedro "é picuinha, é olhar para o passado, o que não
resolve os problemas do nosso metrô". E disse que, enquanto na
administração de Ziza Valadares na CBTU, a empresa investiu R$ 357
milhões em Belo Horizonte, o atual presidente se contenta com um
orçamento de R$ 148 milhões para os quatro Estados. O deputado Irani
Barbosa pediu as notas taquigráficas de todas as reuniões da
comissão, "para entrar com uma ação popular contra o atual
presidente da CBTU, por sua gestão à frente da BHTrans, que
favoreceu uma empresa de supermercado".
O deputado Leonardo Quintão (PMDB) pediu que a
assessoria da comissão fizesse um levantamento do aumento do custo
básico da construção civil, entre 1999 e 2002, época do processo da
licitação do terminal de integração. Para o deputado Dinis Pinheiro
(PL), o depoimento de Ziza Valadares "foi um atestado de competência
e probidade à frente da CBTU". Também o presidente da Comissão,
deputado Célio Moreira (PL) pediu para não serem abertos novos
ramais do metrô, antes do término dos atuais. Ele disse que vai
propor a participação, nas próximas reuniões, de empresários,
sindicatos, moradores e comissões de transportes das regionais da
prefeitura de Belo Horizonte.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Célio Moreira (PL), presidente, Gustavo
Valadares (PFL), Leonardo Quintão (PMDB), Leonardo Moreira ( PL),
Dinis Pinheiro (PL), Irani Brabosa (PL) e Alberto Bejani (PL), além
da deputada Vanessa Lucas (PSDB).
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