Crise na cafeicultura agrava problemas sociais em Monte Carmelo

A crise na cafeicultura está agravando os problemas sociais de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, uma das principais r...

27/10/2003 - 00:00
 

Crise na cafeicultura agrava problemas sociais em Monte Carmelo

A crise na cafeicultura está agravando os problemas sociais de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, uma das principais regiões produtoras do Estado. A afirmação foi feita pelo prefeito da cidade, Ajalmar Silva (PTB), durante reunião da Comissão Especial da Cafeicultura Mineira naquela cidade, realizada nesta segunda-feira (27/10/2003). Segundo o prefeito, o café tornou-se a base da economia do município, cujo desenvolvimento atraiu gente de todas as partes do País.

Graças à riqueza gerada pela cafeicultura, a população de Monte Carmelo praticamente dobrou em 20 anos, passando de 24 mil habitantes em 1980 para os atuais 46 mil. Com a queda na produção local, o número de desempregados na cidade aumentou. E para complicar a situação, outra atividade de sustentação da economia local - a indústria de telhas - também está em crise. De acordo com o prefeito, 15 cerâmicas fecharam as portas recentemente, aumentando o índice de desemprego.

Para evitar o agravamento dos indicadores sociais do município, a prefeitura teve que recorrer à distribuição de cestas básicas às famílias mais pobres. O prefeito reclamou que Monte Carmelo, assim como os municípios vizinhos, não pode receber recursos do programa Fome Zero, do governo federal, por ser considerada uma cidade rica.

Pequenos produtores são mais afetados pela crise

A crise da cafeicultura, caracterizada principalmente pela queda na cotação do café, que não remunera os custos de produção, tem afetado principalmente os pequenos produtores, de acordo com o gerente regional da Cooxupé, Régis Damásio Sales. Ele comparou a lucratividade dos produtores em 1982 e em 2002. Vinte anos atrás, os pequenos proprietários, que colhem café sem a utilização intensiva de alta tecnologia, tinham uma lucratividade média de 14%. No ano passado, eles tiveram prejuízo de 16%.

Os grandes produtores não escaparam da queda, mas ainda não amargam prejuízos como os pequenos. De acordo com o representante da Cooxupé, a lucratividade média dos grandes proprietários caiu de 69% para 0,4%. O resultado dessa queda é o endividamento dos cafeicultores mineiros, que devem R$ 40 milhões para o Funcafé e R$ 1 milhão para o Banco do Brasil. Os produtores presentes à reunião reclamaram também do alto valor da taxa de licenciamento ambiental em Minas, que é a maior do Brasil (R$ 2.978).

Diante de todos esses problemas, muitos fazendeiros estão trocando o café por outras culturas. Somente em Monte Carmelo, a área plantada caiu de 177 mil hectares em 2002 para 154 mil hectares neste ano. Os deputados sensibilizaram-se com os problemas dos cafeicultores e prometeram unir forças para rever o valor da taxa de licenciamento ambiental. O deputado Dalmo ribeiro Silva (PSDB) apresentou dois requerimentos. Um deles visa à realização de uma visita ao superintendente regional do Banco do Brasil para averiguar a situação dos contratos firmados com os cafeicultores mineiros. Outro requerimento convida o subdelegado regional do Trabalho em Varginha, Paulo Andrade Azevedo, para participar da próxima reunião da comissão.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente da comissão; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), relator; Elmiro Nascimento (PFL); e Luiz Humberto Carneiro (PSDB), além do deputado federal Silas Brasileiro (PMDB-MG).

 

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