Redução da área plantada de café ameaça 300 mil empregos

Até o final de 2005, cerca de um milhão de hectares de cafezais devem ser eliminados em todo o Brasil, desempregando ...

23/10/2003 - 00:00
 

Redução da área plantada de café ameaça 300 mil empregos

Até o final de 2005, cerca de um milhão de hectares de cafezais devem ser eliminados em todo o Brasil, desempregando pelo menos 300 mil trabalhadores. O alerta foi feito pelo presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de Varginha, Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro, durante reunião da Comissão Especial da Cafeicultura Mineira realizada nesta quinta-feira (23/10/2003). Segundo ele, a tendência de redução da área plantada justifica-se pelo baixo preço do café, que não cobre os custos de produção. "2003 foi um dos piores anos de todos os tempos para a cafeicultura, com uma queda de 37% na produção em relação a 2002, quando foram colhidos 48 milhões de sacas. Com essa queda, nos próximos anos, devemos ter o equilíbrio total entre oferta e demanda, já que praticamente todos os países produtores estão reduzindo a área plantada", explicou ele.

Mesmo com a perspectiva do equilíbrio, a situação não é animadora para os cafeicultores. Isso porque os grandes importadores de café (Alemanha, Estados Unidos e Itália) vêm formando estoques para forçar a manutenção do preço baixo do café no mercado internacional, segundo Paiva Ribeiro. "Atualmente, os grandes países consumidores têm estocados 22 milhões de sacas. Por isso, entre 1991 e 2003, as exportações brasileiras aumentaram, mas a receita gerada com as vendas externas caiu de US$ 2,5 bilhões em 1994 para US$ 1,3 bilhão em 2002", exemplifica. Para complicar a situação, a comercialização do café no mercado externo é comandada por apenas cinco empresas, o que faz com que a maior parte da renda gerada pela cafeicultura fique concentrada nos países ricos. De acordo com Paiva Ribeiro, em 1991, os países produtores ficavam com 30% da renda gerada pelo café, percentual que caiu para 8% uma década depois.

Saída é investir em marketing

Para contornar a crise, o diretor da Central de Blindagens, Américo Sato, propõe investir em marketing, para valorizar o produto brasileiro no mercado internacional. "O café verde brasileiro é considerado de segunda linha na Rússia, atrás do café colombiano e indiano. Temos que difundir as marcas brasileiras e melhorar o nível de percepção do nosso café no mercado internacional", propõe. Sato também defende que o Brasil comece a cobrar o fim das barreiras alfandegárias impostas pela União Européia.

Já Ruy Barreto, diretor da Café Brasília, segunda maior fábrica de café solúvel do Brasil, defende a conquista de novos mercados para o produto nacional. "Nosso mercado consumidor é praticamente o mesmo desde o século XIX. Precisamos conquistar o mercado oriental, onde se concentram dois terços da população mundial", propõe. Mas, para o diretor da Cooperativa de Varginha, é preciso um conjunto de ações integradas do governo para pôr fim à crise. Ele defende a concessão de créditos para custear a safra, a elaboração de um programa de preço mínimo e a formação de estoques estratégicos.

O deputado Paulo Piau (PP), presidente da comissão, concordou com as propostas de Oswaldo Ribeiro, e defendeu também a adoção de estoques reguladores pelo governo. Para o deputado Dilzon Melo (PTB), o Brasil precisa assumir uma posição de liderança para que o café seja comercializado em condições mais favoráveis para os países produtores. Já o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) apresentou requerimento pedindo ao governo federal esforço diplomático para derrubar as barreiras comerciais impostas ao café brasileiro pela União Européia. Outro requerimento aprovado, do deputado Laudelino Augusto (PT), pede audiência com o governador Aécio Neves para levar as reivindicações que os cafeicultores apresentaram à comissão.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente; Laudelino Augusto (PT), vice; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), relator; José Henrique (PMDB); Luiz Humberto Carneiro (PSDB); Dilzon Melo (PTB); Leonardo Quintão (PMDB); Doutor Viana (PFL); Elmiro Nascimento (PFL); Domingos Sávio (PSDB); Gilberto Abramo (PMDB); e Dimas Fabiano (PP). Também estiveram presentes o secretário executivo do Certicafé, João Nelson Gonçalves Rios e o assessor do Procon Estadual, José Alberto de Alvim Braga, além dos especialistas que acompanham os trabalhos da comissão.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715