Reforma do aeroporto da Pampulha provoca polêmica na
Assembléia
A Comissão de Transporte, Comunicação e Obras
Públicas da Assembléia reuniu-se na manhã desta quinta-feira
(23/10/2003) para discutir o projeto da Infraero de reformar o
aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, obra orçada em R$ 140
milhões. A maioria dos participantes criticou a proposta, alegando
que a reforma não vai resolver o problema do transporte aéreo na
capital, nem o problema de segurança dos moradores da região da
Pampulha. Em oposição ao objetivo da Infraero, levantou-se durante a
reunião uma discussão iniciada há cerca de dois anos: por que não
revitalizar o aeroporto de Confins, cuja capacidade instalada é
sub-utilizada e que poderia absorver inclusive a demanda projetada
para o futuro?
Críticas diversas - O
presidente da Líder Táxi Aéreo, José Afonso Assumpção, responsável
pela Comissão de Indústria Aeronáutica da Fiemg, apresentou inúmeros
dados para comprovar que seria desperdício de recursos investir no
aeroporto da Pampulha. "A pista não pode ser ampliada. Equipamentos
básicos de segurança não podem ser instalados até por causa da
topografia da região", afirmou. O empresário lembrou que o aeroporto
de Confins foi construído de 1978 a 1984, porque o da Pampulha já
estava saturado: "Minas Gerais ganhou um aeroporto de 500 milhões de
dólares, pago pelo Ministério da Aeronáutica, e hoje usa menos de
10% de sua capacidade".
O argumento utilizado por aqueles que defendem o
Aeroporto da Pampulha, de que Confins fica longe do centro de Belo
Horizonte, não convenceu à maioria dos presentes. Segundo José
Afonso, o tempo de 40 minutos para se chegar a um aeroporto é
absolutamente normal e aceitável no mundo todo. O presidente da
Belotur, Manoel Costa, também foi enfático ao afirmar que o
aeroporto, por sua localização geográfica, não pode ser ampliado a
contento. Ele fez uma série de perguntas ao representante da
Infraero, inclusive sobre como seriam feitas as obras, com o
aeroporto em funcionamento.
O representante da Infraero na reunião, Wagner
Antônio Soares, disse que não se trata de construir um novo
terminal, mas de dar mais conforto aos passageiros que utilizam o
atual. O objetivo, segundo ele, seria construir novas salas de
embarque, mais duas esteiras de bagagem e alguns áreas
administrativas. O projeto, no entanto, ainda não está pronto.
Wagner Soares prometeu apresentar os detalhes técnicos dentro de
duas semanas. Para se defender das críticas de alguns dos presentes,
ele disse que a discussão sobre a revitalização de Confins pode ser
feita em outro momento e independe da reforma na Pampulha. O
deputado Jayro Lessa (PL) defendeu a reforma: "o aeroporto da
Pampulha ainda pode ser utilizado durante uns 100 anos", disse
ele.
Governo do Estado está perdendo recursos
O empresário José Afonso Assumpção afirmou que o
governo do Estado está perdendo milhões em receita, que poderia ser
gerada a partir da venda de combustíveis e do transporte de cargas,
se Confins fosse melhor utilizado. "Não entendo como isso é
possível, num momento em que falta verba no Estado para coisas
básicas como saúde e educação", disse. O deputado Diniz Pinheiro
(PL) apresentou requerimento à comissão pedindo que sejam
convidados, entre outros, o secretário de Estado de Planejamento e
Gestão, Antônio Anastasia, para discutir o assunto e dizer por que o
governo não se interessa pela revitalização de Confins. "A situação
é gravíssima. É um absurdo que Minas perca todo esse recurso! Não
podemos concordar com isso" disse o deputado.
Postura da Prefeitura - O
presidente do Sindicato dos Aeroviários, Marcelo Eustáquio de
Oliveira, reforçou a falta de segurança para os vôos na Pampulha e
criticou a postura da Prefeitura de Belo Horizonte, que estaria
apoiando o projeto de reforma, interessada apenas nos impostos
gerados pelo aeroporto. A administradora regional da Pampulha, Maria
Cristina Rodrigues, disse que a prefeitura ainda está aguardando o
projeto da Infraero para estudar o impacto do empreendimento. Ela
também é favorável à continuidade dos vôos na Pampulha.
Nova reunião será realizada dia 3 de
novembro
O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) lembrou
que o movimento pró-Confins foi paralisado no ano passado, por causa
da transição política no governo do Estado, mas que o assunto tem
que ser retomado o mais rápido possível. Por isso, o deputado tomou
a iniciativa de marcar uma nova reunião para discutir o assunto no
próximo dia 3 de novembro, no auditório da Assembléia. Ele citou
problemas enfrentados por aqueles que usam o aeroporto da Pampulha e
disse estar convencido de que a solução seria transferir os vôos
para Confins. "Com esses US$ 140 milhões poderíamos fazer muito por
Confins e transformá-lo em uma referência, inclusive para vôos
internacionais", lamentou.
O deputado Fábio Avelar (PTB) pretende apresentar
requerimento pedindo a instalação de uma comissão especial na
Assembléia para tratar do assunto. O presidente da comissão,
deputado Célio Moreira, reafirmou sua preocupação com a segurança e
o bem-estar da população da Pampulha, que deve ser ouvida antes de
se fazer qualquer intervenção no Aeroporto. O presidente da
Associação dos Amigos da Pampulha, Flávio Ribeiro, lembrou que
existem hoje 140 mil pessoas vivendo embaixo da rota dos aviões que
usam o aeroporto. Na opinião dele, não adianta fazer uma obra para
melhor atender a demanda atual, pois em 4 ou 5 anos a capacidade
estará superada definitivamente, e o problema permanecerá. Flávio
Ribeiro também enfatizou a necessidade de se ampliar o debate sobre
o assunto, para "o bem da coletividade".
O vereador de Belo Horizonte, Ovídio Teixeira,
participou da reunião na Assembléia e convidou os deputados para uma
nova audiência pública que será realizada na Câmara Municipal de
Belo Horizonte nesta sexta-feira (24). O vereador também é contra a
reforma do aeroporto da Pampulha.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Célio Moreira (PL), presidente; Diniz
Pinheiro (PSDB); Alencar da Silveira Jr. (PDT); Fábio Avelar (PTB);
e a deputada Jô Moraes (PC do B).
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