Medicamentos fitoterápicos são discutidos por especialistas

O desenvolvimento de pesquisas que contribuam para a qualidade, eficácia e segurança dos produtos fitoterápicos produ...

23/10/2003 - 00:00
 

Medicamentos fitoterápicos são discutidos por especialistas

O desenvolvimento de pesquisas que contribuam para a qualidade, eficácia e segurança dos produtos fitoterápicos produzidos no Estado foi discutido na audiência pública da Comissão de Saúde, nesta quinta-feira (23/10/2003). A reunião foi convocada por requerimento do deputado Fábio Avelar (PTB), com o objetivo de subsidiar o aperfeiçoamento do Projeto de Lei 689/2003, de sua autoria. O PL dispõe sobre a política estadual de incentivo à pesquisa e à preparação e utilização de produtos fitoterápicos.

A diretora de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde, Maria Helena Gomes Gontijo, citou dados da Organização Mundial de Saúde que atestam que cerca de 80% da população mundial utilizam práticas tradicionais de medicação. Desse total, 85% recorrem a plantas medicinais, daí a importância da distinção entre os medicamentos da cultura popular e os produtos fitoterápicos para que os estudos realizados contribuam para a qualidade dos produtos.

O pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), João Faria Macedo, lamentou a escassez de pesquisas, principalmente na área agronômica, que viabilizem o desenvolvimento dos produtos e socializem o conhecimento acerca dos fitoterápicos. Segundo ele, a Epamig possui 23 centros de pesquisa no Estado, que estão preparados para atuar e contribuir para a eficácia e segurança dos programas de produção fitoterápica.

A diretora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Thais Vianna de Freitas, falou da contribuição que a instituição pode dar para a formatação de uma política estadual de incentivo à produção de fitoterápicos, principalmente sobre a biodiversidade e o desenvolvimento de fármacos. A diretora disse que a Funed possui toda a infra-estrutura de equipamentos e recursos humanos para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade vegetal do Estado, e contribuir para a preservação das espécies vegetais. "Possuímos redes integradas para viabilizar a execução de projetos, das quais a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), são os principais financiadores", afirma.

Matéria-prima tem sido extraída de maneira predatória

A chefe da Divisão de Ciência Farmacêutica da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, Cláudia Gontijo Silva, detalhou o projeto de pesquisa, desenvolvimento e produção de Medicamentos Fitoterápicos, desenvolvido pela Fundação, que conta com a parceria entre universidades federais, estaduais e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater/MG). Cláudia disse que o principal objetivo do projeto é a produção de matéria-prima vegetal e de medicamentos. Ela esclarece que fitoterápicos são aqueles medicamentos obtidos pelo emprego de matérias-primas ativas vegetais e que muitas plantas nativas, de uso medicinal, têm sido extraídas de maneira predatória, o que representa uma ameaça à preservação das espécies.

"O desenvolvimento de tecnologias de cultivo e domesticação das plantas e o treinamento de técnicos, de pequenos produtores e da comunidade são pontos fundamentais para garantir a preservação das espécies, a produção de matéria-prima de qualidade, quantidade e constância e para a qualidade do produto final fitoterápico", alertou Cláudia Gontijo.

Contando com 55 mil espécies de plantas, Brasil lidera ranking da biodiversidade

O presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Ilmar Bastos Galvão, chamou a atenção para a necessidade do incentivo à bioprospecção da riqueza vegetal brasileira e para a adoção de políticas, por parte do Estado, de preservação da biodiversidade. Segundo ele, o Brasil possui cerca de 55 mil espécies de plantas, o que lhe garante o 1º lugar no ranking de plantas superiores: "Como temos um celeiro de espécies, o nosso País é o melhor lugar para se investir", disse.

O coordenador do setor de Materiais Ópticos e Eletrônicos da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), Fernando Antônio Madeira, disse que o compromisso técnico das instituições estaduais, deve estar aliado ao compromisso do governo em disponibilizar recursos e adotar ações que promovam o desenvolvimento social e sustentável. Ele afirmou que não falta capacidade intelectual e empenho dos técnicos, e sim o apoio aos órgãos na produção e certificação dos produtos fitoterápicos.

O representante da Emater, Leonardo Fernandes, destacou a importância de estimular a produção orgânica das matérias-primas para que os princípios ativos das espécies não sejam afetados, o que poderia prejudicar a qualidade e eficácia dos fitoterápicos. "É preciso agregar valor à planta medicinal e orientar os técnicos e pequenos produtores quando à toxicologia e uso das plantas, que, ao contrário do que se pensa, não podem ser utilizadas indiscriminadamente", alertou.

Deputado sugere aperfeiçoamentos ao projeto

O deputado Neider Moreira (PPS) apontou dois aspectos do projeto de lei 689/2003, que podem ser modificados. O deputado falou do estabelecimento de parcerias público-privadas na execução de projetos, como uma oportunidade de angariar mais recursos e investimentos tecnológicos que podem agregar valor aos fitoterápicos e gerar riqueza para o país. De acordo com o projeto, as parcerias só se dariam através de consórcios intermunicipais. Neider Moreira falou, também, da possibilidade de instituição das hortas comunitárias em todas as regiões do Estado, e não apenas no Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, como prevê o projeto, considerando a riqueza ambiental do Estado.

Para o deputado Fábio Avelar (PTB) o debate vai contribuir, com todas as sugestões, para o parecer do relator, deputado Ricardo Duarte (PT), além de aprimorar o seu projeto. O deputado se mostrou convicto do nível de conhecimento e tecnologia que há nas instituições do Estado e reiterou a sua confiança na implantação do projeto.

Requerimentos aprovados - A comissão aprovou quatro requerimentos de audiência pública, o primeiro do deputado Doutor Viana (PFL), para discutir o corte no orçamento da União de R$ 5 bilhões, que seriam destinados à saúde e foram transferidos para o programa de combate à fome. O segundo, do deputado Ricardo Duarte (PT), para debater propostas do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), em comemoração aos 20 anos de sua criação.

Aprovado também requerimento do deputado Neider Moreira (PPS), de audiência pública para discutir o fornecimento de medicamentos aos pacientes de Fibrose Cística (Mucoviscidose), a ampliação do ambulatório do Centro Geral de Pediatria (CGP) e a triagem neonatal. Finalmente, dos deputados Gustavo Valadares (PFL) e Fahim Sawan (PSDB), para discutir a prevenção ao uso de drogas no Estado.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente, Fahim Sawan (PSDB), Fábio Avelar (PTB), Neider Moreira (PPS), Célio Moreira (PL) e Carlos Pimenta (PDT). Além dos convidados citados no texto, participaram da reunião a diretora de Vigilância em Medicamentos e Produtos da Secretária de Estado da Saúde, Terezinha de Fátima Póvoa; o diretor de Desenvolvimento e Serviços Tecnológicos do Cetec, Silvio Dias; e o representante do IEF, João Alfredo Balieiro.

 

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