Crise ameaça pequenos hospitais do Pontal do Triângulo

"Ituiutaba tem uma boa estrutura para o atendimento à saúde, mas sem os recursos do SUS, isso não significa nada". Co...

16/10/2003 - 18:20
 

Crise ameaça pequenos hospitais do Pontal do Triângulo

"Ituiutaba tem uma boa estrutura para o atendimento à saúde, mas sem os recursos do SUS, isso não significa nada". Com essa frase, a secretária de governo de Ituiutaba resume o paradoxo vivido pela cidade, pólo de uma região riquíssima graças à pecuária de corte, mas cujo sistema de saúde pública passa por uma grave crise. Recentemente, três hospitais da cidade fecharam as portas: o Santa Lúcia, o Samaritano e o Santa Cecília. Todos eram particulares, mas prestavam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa crise motivou a ida da Comissão de Saúde da Assembléia de Minas a Ituiutaba, onde foi realizada, nesta quinta-feira (16/10/2003), audiência pública com a presença de secretários de saúde das cidades do Pontal do Triângulo, servidores públicos e médicos.

"A prefeitura tem feito esforços para minimizar esse problema. Aplicamos 13% do nosso orçamento nos serviços de saúde. Ainda é pouco, mas é difícil aumentar esse percentual", resume a secretária. A crise não é exclusiva de Ituiutaba, atinge todos os municípios mineiros. Levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde constatou que 80% dos hospitais mineiros têm menos de cem leitos. "Essa é uma informação que choca, pois um hospital precisa de escala adequada para prestar atendimento com eficiência e qualidade. Essa é uma tendência mundial: hospital com menos de cem leitos é deficitário", explicou o representante da Secretaria de Estado da Saúde, Evaldo Matos.

Segundo Matos, ainda existe outro agravante: a maior parte das instituições de saúde do Estado depende de recursos do SUS. Cerca de 20% dos hospitais mineiros são públicos e outros 64%, mesmo particulares, prestam atendimento pelo SUS. "A tabela do SUS não é reajustada há muitos anos. Enquanto isso, o custo dos insumos hospitalares cresce em progressão geométrica", disse. Esse problema foi ilustrado pelo deputado Fahim Sawan (PSDB), que apresentou os valores de alguns procedimentos pagos pelo SUS.

Segundo ele, o valor pago por uma cirurgia de úlcera (33 reais) cobre apenas 12,5% do custo da operação, que é de 274 reais. "Esse é um problema grave, e para enfrentá-lo, estamos formatando uma nova política pública de saúde, com foco na atenção básica", adiantou o representante da secretaria. Segundo ele, essa estratégia começa a ser implementada antes do final deste ano.

Servidores cobram atendimento pelo Ipsemg

A reunião foi convocada para discutir a crise dos pequenos hospitais, mas críticas ao atendimento pelo Ipsemg marcaram os debates. Dezenas de servidores cobraram a volta de serviços essenciais, como ginecologia e odontologia, já que a contribuição para o instituto continua sendo descontada em seus contracheques. O secretário-geral do Ipsemg, Ruy Romano Barbosa, explicou que o atendimento no interior deixou de ser feito porque o órgão deixou de repassar, nos três últimos meses do ano passado, R$ 34 milhões para os hospitais credenciados. "Nossos recursos são escassos, por isso a dívida ainda não foi saldada. Mas existe a intenção clara da atual diretoria de quitar esses débitos", garantiu.

O deputado Fahim Sawan corroborou a explicação de Ruy Romano, e justificou que o governo Aécio Neves herdou um déficit de R$ 1 bilhão nos serviços de saúde. Ele adiantou que, para cobrar o cumprimento dos dispositivos legais que asseguram os investimentos no setor, será lançada pela Assembléia, no próximo dia 28, uma frente parlamentar da saúde, com 44 deputados. Já o deputado Célio Moreira (PL) defendeu o reajuste da tabela do SUS para assegurar o atendimento de qualidade. E o presidente da comissão, deputado Ricardo Duarte (PT), que pediu a realização da reunião, lembrou que o governo federal também está empenhado em resolver os problemas dos serviços de saúde pública do Estado.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Fahim Sawan (PSDB), vice; e Célio Moreira (PL). Também esteve presente o representante dos vereadores do Pontal do Triângulo, Homero Tadeu Fontoura.

 

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