Secretário defende na Assembléia projetos que criam taxas

O secretário de Estado da Fazenda, Fuad Noman Filho, defendeu, nesta quinta-feira (16/10/2003), na Assembléia de Mina...

16/10/2003 - 21:15
 

Secretário defende na Assembléia projetos que criam taxas

O secretário de Estado da Fazenda, Fuad Noman Filho, defendeu, nesta quinta-feira (16/10/2003), na Assembléia de Minas, os seis projetos encaminhados pelo Executivo que criam e alteram taxas, modificando a legislação tributária. Ele se disse aberto ao debate "democrático e permanente" com o Legislativo, afirmando que, se a Assembléia apresentar sugestões que aprimorem os projetos e tragam melhorias para a sociedade, o Executivo as incorporará. No entanto, defendeu o conteúdo original das seis proposições e sugeriu que os deputados criem uma comissão de fiscalização e acompanhamento da destinação dos recursos arrecadados. O secretário assumiu o compromisso de transferir os recursos da Taxa de Serviço Potencial de Extinção de Incêndio para equipar o Corpo de Bombeiros, assim como destinar os de taxas específicas para a segurança.

Mudanças - Fuad Noman falou às Comissões de Fiscalização Financeira e Orçamentária e de Constituição e Justiça, além de integrantes de outras comissões, durante uma reunião que durou cinco horas e contou com a participação de cerca de 40 deputados. Ao final da reunião, o deputado Mauro Lobo (PSB), relator do Projeto de Lei (PL) 1.078/2003, que cria a taxa de incêndio, informou sobre mudanças que pretende apresentar em seu parecer pela Comissão de Fiscalização Financeira, na próxima quarta-feira (22). Segundo ele, será eliminada do parecer a cobrança pelo Boletim de Ocorrência (BO) da PM, no caso de acidentes de trânsito sem vítima, prevista no projeto original. No que diz respeito à taxa de incêndio, o limite de isenção seria aumentado para aqueles cuja residência é de até 75 m². Atualmente, a isenção atinge aqueles com casas de até 60 m².

Segundo o secretário, o Executivo está aberto caso a Assembléia entenda que as mudanças são necessárias e que isso não comprometerá os recursos do Estado. Para o líder do Bloco PT/PCdoB, deputado Rogério Correia, no entanto, as mudanças sugeridas pelo relator são pequenas e não satisfazem a oposição. Na opinião dele, as taxas acima foram colocadas no projeto para serem retiradas depois, em um determinado momento. As declarações de ambos foram dadas em entrevista à imprensa, após a reunião. Já o presidente da Comissão de Fiscalização, deputado Ermano Batista (PSDB), julgou proveitoso o debate e a vinda do secretário à Assembléia.

Deputado pede retirada de tramitação dos seis projetos

A vinda de Fuad Noman à Assembléia foi resultado de requerimento apresentado pelos deputados Rogério Correia (PT), Jayro Lessa (PL) e Adalclever Lopes (PMDB), tendo em vista o não-comparecimento do secretário a reunião anterior, ocorrida na última terça-feira (14). O deputado Rogério Correia chegou a solicitar, no início da reunião, que o governo Aécio Neves retirasse de tramitação todos os projetos das taxas e aguardasse as definições das reformas tributária e da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional. Ele ponderou que os recursos arrecadados - R$ 185 milhões, segundo o governo - são inferiores aos benefícios que Minas terá com a reforma tributária, que seriam de R$ 501 milhões a mais de arrecadação. Dos R$ 185 milhões, R$ 35 milhões serão repassados aos municípios, pois se referem à arrecadação do IPVA.

Ao final da reunião, Fuad Noman reiterou que o governo estadual não pode acatar a retirada dos projetos e pediu que "os deputados dêem um voto de confiança nesse momento coletivo tão difícil". Salientou também que o Estado precisa sair desse imbróglio para cumprir, pelo menos sua missão.

Governo do Estado e oposição ao Executivo na Assembléia nacionalizam debate

O deputado Rogério Correia afirmou que o debate que precisa ser feito é o das reformas tributária e da Previdência. Ele apelou para as boas relações do governador Aécio Neves com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu os esforços das bancadas federais de Minas na Câmara dos Deputados e no Senado para trazer benefícios para o Estado, durante a tramitação dessas reformas. O parlamentar voltou a afirmar que as taxas criadas ou alteradas pesam "no bolso do pobre" e não são representativas em arrecadação, além de desgastarem o governo perante a sociedade. Ele se referiu à taxa a ser cobrada por boletim de ocorrência da PM, em caso de acidentes sem vítimas, como um exemplo. De acordo com Correia, em 2002 foram expedidos 90 mil BOs, o que representaria hoje, em arrecadação, apenas R$ 1,9 milhão. O secretário concordou que os recursos das cobranças das taxas não trarão a solução para Minas, mas um certo alívio.

Em contrapartida, Fuad Noman referiu-se à reforma tributária para destacar o que Minas não conseguiu incluir de benefícios para o Estado. Citou como reivindicações não-atendidas, entre outras, a da definição clara da localidade de destino da importação de bens. De acordo com o secretário, Minas perde R$ 200 milhões por ano, pois Estados que têm portos, como o Espírito Santo, acabam se apropriando do ICMS, mesmo que a importação seja feita por empresas mineiras. Outra queixa diz respeito à definição da alíquota máxima de ICMS a ser cobrada pelos Estados, que é de 25%. Em Minas, a única alíquota acima desse índice é a cobrada sobre energia elétrica, de 30%, mas o que isso pode representar em perda de receita é de R$ 139 milhões/ano. Um outro número citado diz respeito à arrecadação de R$ 160 milhões/ano prevista para o repasse da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide). Inicialmente, o governo previa R$ 250 milhões.

Dívida com a União - A concentração de recursos na União, a instituição de contribuições que não geram repasses para os Estados, além do comprometimento da receita com o pagamento da dívida de Minas com a União também foram citados por Fuad Noman para demonstrar que o Estado não tem recursos e precisa recorrer às taxas como solução emergencial. O comprometimento da receita com pagamento da dívida também foi abordado por deputados da base governista, como o deputado Antônio Júlio (PMDB) e o líder do Bloco Parlamentar Social Progressista, Antônio Carlos Andrada (PSDB). Parlamentares da base do governo e da oposição falaram durante várias horas, seja defendendo ou criticando o governo, seja questionando aspectos específicos dos projetos e fazendo sugestões de mudanças.

Os outros autores do requerimento que deu origem à reunião, deputados Adalclever Lopes e Jayro Lessa, também comentaram os projetos das taxas. Lopes reivindicou a destinação dos recursos cobrados com as taxas de incêndio e de boletim de ocorrência para a segurança pública. Segundo ele, em 2003, a Polícia Civil teria arrecadado R$ 200 milhões até agora com taxas, entre elas a de Segurança Pública, mas teriam sido repassados para o setor apenas R$ 96 milhões, sendo o restante desviado para o caixa único do Tesouro. Já o deputado Jayro Lessa afirmou que não era contra taxas, mas sim que elas fossem utilizadas para cobrir o déficit orçamentário ou irem para o caixa único. Ele cobrou que esse debate sobre taxas aconteça depois da reforma tributária no Congresso Nacional.

Presenças - Participaram da reunião, além do secretário, os deputados Ermano Batista (PSDB), presidente; Chico Simões, Weliton Prado, Rogério Correia, Adelmo Carneiro Leão e Marília Campos, do PT; deputadas Lúcia Pacífico (PTB) e Jô Moraes (PCdoB); Mauro Lobo (PSB), Bonifácio Mourão (PSDB), Zé Maia (PSDB), Sebastião Helvécio (PDT), Vanessa Lucas (PSDB), Alberto Pinto Coelho (PP), Leonardo Moreira (PL), Wanderley Ávila (PPS), Adalclever Lopes (PMDB), Gilberto Ramos (PMDB), Doutor Ronaldo (PDT), Jayro Lessa (PL), Antônio Carlos Andrada (PSDB), Sidinho do Ferrotaco (PSDB), Dinis Pinheiro (PL), Antônio Júlio (PMDB), Rêmolo Aloise (PFL), José Henrique (PMDB), Leonardo Quintão (PMDB), Irani Barbosa (PL), Sargento Rodrigues (PDT), Ivair Nogueira (PMDB), Doutor Viana (PFL), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Gustavo Valadares (PFL), Elmiro Nascimento (PFL), Paulo Piau (PP), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Paulo Cesar (PFL) e Domingos Sávio (PSDB).

 

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