Direitos Humanos propõe soluções para loteamento Tapera

Uma negociação entre os integrantes do Movimento Pró-Moradia, a Prefeitura Municipal de Contagem, o Ministério Públic...

16/10/2003 - 19:18
 

Direitos Humanos propõe soluções para loteamento Tapera

Uma negociação entre os integrantes do Movimento Pró-Moradia, a Prefeitura Municipal de Contagem, o Ministério Público e o Poder Judiciário foi proposta pelo deputado Durval Ângelo (PT), durante visita da Comissão de Direitos Humanos, nesta quinta-feira (16/10/2003) à Fazenda Tapera, em Contagem. A visita foi realizada com a intenção de se buscar uma alternativa para viabilizar a construção de moradias no loteamento implantado na área da fazenda pelas 352 famílias proprietárias. Além da Comissão de Direitos Humanos, representada pelos deputados Durval Ângelo (PT), presidente, e Roberto Ramos (PL), vice-presidente, acompanharam a atividade cerca de 150 integrantes do Movimento Pró-Moradia, vereadores da Câmara Municipal de Contagem e membros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do mesmo município.

O problema surgiu em 1998, durante o processo de licenciamento de uso do loteamento da Fazenda Tapera pelas 352 famílias que compraram o seu terreno por meio de uma poupança coletiva. Localizada no bairro Monte Verde, em Contagem, a fazenda tem cerca de 16 hectares e foi adquirida por aproximadamente R$ 600 mil. As famílias, que hoje integram o Movimento Pró-Moradia, foram proibidas de construir na área por força de uma ação civil pública do Ministério Público, baseada num laudo emitido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). O Instituto sustentava que a região possuía espécies nativas e animais que poderiam entrar em extinção. O assunto teve uma primeira discussão em uma audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos na Assembléia Legislativa em 16 de setembro.

Proprietários apontam contradições no processo de licenciamento

A vice-presidente do Movimento Pró-Moradia, Maria Inês Diniz, mostrou para os deputados e demais autoridades escrituras e documentos do IEF e do Conselho Municipal de Contagem com as diretrizes previstas na legislação para o uso do terreno. De acordo com ela, todas as normas impostas pelos órgãos foram seguidas pelas famílias, como a criação de uma reserva ecológica de 18 mil m² na fazenda, que estaria a cargo de uma organização não-governamental; e a preservação da nascente local., que alimenta o Rio Sarandi e a Bacia da Pampulha. Maria Inês Diniz afirma que, apesar desses cuidados, a superintendente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente votou contra a liberação da área em reunião do Conselho Municipal de Contagem. O representante da Secretaria de Meio Ambiente de Contagem, Joaquim Magalhães, explicou que o voto contrário no Conselho Municipal foi baseado em estudos técnicos feito pela Secretaria.

Maria Inês Diniz apresentou, ainda, à Comissão de Direitos Humanos, a escritura de doação de 16 mil m² para a Prefeitura de Contagem para a construção de uma estrada no bairro Monte Verde, que não teria sido levada em conta pelo órgão.

Outra contradição apontada pela vice-presidente do movimento foi o fato de o Instituto Estadual de Florestas ter emitido dois laudos com resultados diferentes, assinados pelo mesmo engenheiro florestal, sobre a análise do impacto ambiental do loteamento. Segundo ela, o primeiro laudo seria favorável à ocupação, já o segundo, seria contrário, respaldando a decisão do Ministério Público de entrar com uma ação civil pública contra os proprietários.

Na visita, os proprietários denunciaram que o terreno estaria sendo utilizado ilegalmente para despejo de lixo por uma indústria da região. Os proprietários também questionaram o impasse e a morosidade do processo de liberação do uso da fazenda, argumentando que a indústria Tambasa e a administração do cemitério Parque Renascer, com sedes na região, não tiveram a mesma dificuldade para se instalarem. A vice-presidente do Movimento Pró-Moradia completou a informação, dizendo que, para a implantação da Tambasa, o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Contagem aprovou o desmatamento de 40 mil árvores em troca da doação de um obelisco e de 2 mil mudas de planta.

O advogado das famílias, William Santos, informou que a Prefeitura de Contagem teria feito aos proprietários uma proposta de permuta da fazenda por outro imóvel de menor valor e localização desprivilegiada. Ele explicou que as famílias estão contra a proposta, pois uma avaliação recente estipulou que o terreno comprado por cerca de R$ 600 mil, atualmente está avaliado em R$ 6 milhões. De acordo com o advogado, a negociação da venda, em 1998, teria sido feita pelo corretor José Quintão Romero, atual vice-prefeito de Contagem.

Soluções - O processo de negociação entre os proprietários, a Prefeitura de Contagem, o Ministério Público e o Judiciário, proposto pelo deputado Durval Ângelo, foi acatado pelas demais autoridades presentes na visita da Comissão de Direitos Humanos. O vereador Newton Silva afirmou que um acordo entre as partes é essencial. Já a vereadora Letícia da Penha solicitou que o vice-prefeito do município prestasse contas e o vereador Kawlpter Prates informou que a Câmara Municipal irá realizar uma tribuna livre, quando os proprietários poderão se pronunciar sobre o assunto. O representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Contagem, Eduardo Morais, disse que havia abertura para o debate pelo lado da Secretaria e afirmou que o aspecto negativo para a ocupação do local seria a perda de vazão da nascente existente no local. Em compensação, a liberação possibilitaria a construção de moradias para muitas famílias.

O deputado Durval Ângelo sugeriu também que as famílias fizessem uma contraproposta à Prefeitura, por meio de um projeto alternativo, em que esta se responsabilizasse pela infra-estrutura do loteamento; e que a Copasa assumisse a construção do interceptor de águas. Em troca, seria ampliada a área de preservação ambiental. O deputado propôs, ainda, que o Movimento Pró-Moradia fizesse um documento com as contradições verificadas no processo de licenciamento do terreno para ser apresentado ao Ministério Público, ao prefeito de Contagem, Ademir Lucas; e à diretoria dos órgãos ambientais. Segundo ele, a Comissão irá solicitar esclarecimentos para a apuração das denúncias e irá realizar, posteriormente, uma audiência pública em Contagem com a participação de todas as partes envolvidas. Durval Ângelo solicitou aos vereadores Luiz Dudu e Newton Silva que intercedessem junto ao prefeito do município para a solução do impasse.

Presenças - Participaram da visita os deputados Durval Ângelo (PT), presidente, e Roberto Ramos (PL), vice-presidente; além dos vereadores da Câmara Municipal de Contagem Letícia da Penha, Luiz Dudu, Newton Silva e Kawlpter Prates. Também estiveram presentes os representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Contagem João Batista Garcia, Joaquim Magalhães e Eduardo Morais.

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715