Direitos Humanos cobra agilidade na morte da estudante Aline
Soares
Representando a Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o deputado Durval Ângelo
(PT) esteve na cidade de Ouro Preto, nesta terça-feira (14/10/2003),
para participar de um Ato Público pelos dois anos da morte de Aline
Silveira Soares. A estudante foi assassinada com 15 facadas, no dia
14 de outubro de 2001, no cemitério da Igreja Mercês de Baixo, que,
desde então, foi fechada pelo pároco até a elucidação do crime.
"Pela lei canônica, enquanto as investigações não forem concluídas,
o local continua profano", explicou o padre Simões.
As investigações sobre o caso se arrastam há dois
anos e, desde o mês de maio, o processo, concluído pela polícia
civil, está nas mãos do promotor Edvaldo Pereira Júnior. Segundo a
mãe de Aline, Maria José Silveira Soares, o ato público, que contou
com a participação de familiares e amigos da cidade de Manhumirim,
foi organizado para tentar falar com o promotor. "Quero saber o que
aconteceu com minha filha, quero respostas e não apenas suposições",
cobrou Maria José. Como o promotor está de licença, o deputado
Durval Ângelo, que é presidente da comissão, e a mãe de Aline foram
recebidos pela juíza titular do processo, Raquel de Paula. Segundo
Durval Ângelo, a juíza se mostrou solidária e sensível ao caso, mas
disse que não pode interferir porque ainda não recebeu nenhuma
denúncia formal, que deve ser encaminhada pelo promotor.
No final da visita à juíza, Durval Ângelo informou
que irá pedir ao procurador-geral de Justiça, Nedens Ulisses Vieira,
agilidade no caso. Também irá solicitar ao chefe da polícia civil,
Otto Teixeira Filho, que encaminhe uma equipe especial para Ouro
Preto para investigar a morte da estudante. Requerimento nesse
sentido será apresentado na reunião da Comissão de Direitos Humanos
nesta quarta-feira (15). Durval Ângelo informou ainda que a comissão
entrou em contato com o procurador Edvaldo Pereira Júnior pedindo
mais agilidade no caso. "Estamos solidários à dor da família e
estamos pedindo o básico, que é Justiça", disse Durval.
Promotor e Polícia não se entendem sobre
caso
Segundo informações do assistente de acusação
contratado pela família de Aline, Geraldo Guedes, e do deputado
Durval Ângelo, há sinais de que o caso está no meio de uma briga
interna entre o Ministério Público e a Polícia Civil. O MP aponta
falhas no inquérito e acusa a Polícia Civil de não cumprir 17
diligências que podem elucidar o caso. Por outro lado, a Polícia diz
que cumpriu todos os procedimentos solicitados.
Entre as falhas no inquérito apontadas pelo MP, o
advogado da família disse que a perícia constatou que o agente das
facadas era canhoto, mas a polícia não procurou nenhum canhoto entre
os cinco estudantes suspeitos da morte de Aline. Outra falha grave,
segundo Geraldo Guedes é que o exame de DNA do sangue e do esperma
encontrados em uma camiseta não foi realizado como requerido pelo
Ministério Público. O advogado também afirma que, nas primeiras 48
horas após o crime, nada foi feito e que as investigações foram
desviadas. E ele foi além: "a morte de Aline fez parte de um ritual
de magia negra. E todo esse impasse só traz mais dor à família".
|