Indefinição sobre responsabilidade do Anel preocupa comissão

A quem recai a responsabilidade sobre o Anel Rodoviário? Esta é a indagação que deputados e representantes de várias ...

14/10/2003 - 21:46
 

Indefinição sobre responsabilidade do Anel preocupa comissão

A quem recai a responsabilidade sobre o Anel Rodoviário? Esta é a indagação que deputados e representantes de várias entidades fizeram ao analisar a situação da via, durante reunião realizada nesta terça-feira (14/10/2003) pela Comissão Especial criada para emitir parecer sobre a via. "É preciso ficar claro que a jurisdição do Anel não pertence ao município. A prefeitura faz gestões conjuntas, como operações tapa-buracos, mas é a União que tem que se responsabilizar", afirmou o secretário de Estrutura Urbana de Belo Horizonte, Paulo Roberto Takahashi. "Nem 15% dos veículos que transitam por dia no Anel são rodoviários; o resto é tráfego municipal e estadual. Só com união de esforços é possível garantir recursos de fato aplicáveis", rebateu o assessor da 5ª Coordenadoria do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), José Braga.

Segundo o assessor, em função de uma parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, foram liberados, em 2003, R$ 2,31 milhões dos R$ 3 milhões programados no Orçamento Geral da União para obras de conservação e manutenção da via. Uma das parcerias essenciais foi com a Cemig, em 1996, para iluminação do Anel, além da implantação dos radares eletrônicos. "Até 1994, passavam pelo Anel 38 mil veículos por dia, com média de 60 mortes por ano. Hoje, com o tráfego chegando a até 100 mil veículos, em alguns pontos, a média de vítimas fatais não chega a 30. O assessor reforçou a importância da mobilização pela garantia de recursos para restauração do Anel, que necessita de R$ 150 milhões, conforme proposta do Dnit.

Co-responsabilidade - "Prefeitura, Estado e União estão omissos. O Ministério Público deveria abrir um inquérito para apurar as responsabilidades e definir termo de ajustamento de conduta. Os problemas não são causados só por defeito de pista, mas por omissão", criticou o representante da Associação dos Município da Região Metropolitana, Luiz Carlos Bromonschenkel. Exemplos de providências imediatas que precisam ser tomadas, segundo ele, são notificar as empresas de ônibus que circulam no Anel, que estariam usando a pista de rolamento como parada; capinar moitas que chegam a 200 metros de altura, em alguns trechos; e fazer um trabalho educativo sobre o uso das passarelas.

"Os viadutos viraram área de bota-fora e algumas passarelas, covil de saqueadores", disse o presidente da Associação de Moradores do Vista Alegre, Natanael Alcântara. Ele e o representante da Obra Social Madre Gertrudes, Antônio da Silva, entregaram à Comissão Especial documentos, como fotos e abaixo-assinados feito por moradores e protocolados na prefeitura, alertando sobre o início da invasão irregular na altura do Madre Gertrudes. "Antes, só haviam barracos de lona. Hoje, já são casas de alvenaria", lembrou Natanel Alcântara. "A passarela do Betânia é ponto de droga. Ninguém tem coragem de atravessar", completou Antônio da Silva.

PM registra 38 mortes desde abril de 2002

Dados da 7ª Companhia da Polícia Militar Rodoviária Estadual indicam que, de abril de 2002, quando a PM assumiu o policiamento do Anel, até agora, ocorreram 1.438 acidentes sem vítimas, 494 com vítimas (sendo 183 com ferimentos graves) e 38 mortes. Na sexta-feira, a partir das 18 horas, quando muitos motoristas voltam para a casa pela via, nota-se uma concentração de acidentes - e, nos demais dias de semana, o horário mais crítico vai das 6 da manhã até às 18 horas. A frota de veículos aumenta cerca de 60 mil a cada ano e as causas presumíveis dos acidentes são falta de distância de segurança; derrapagem; defeito no veículo, defeito na via e desobediência à sinalização. "Os redutores eletrônicos evitam muitos acidentes", afirmou o major Antônio Carvalho. Segundo ele, a PM apresentará à comissão, até o final de novembro, um estudo detalhado sobre esses índices.

Para os representantes do Núcleo de Estudos e Pesquisa da Agenda 21 Local (Grupo Nepal), Radamés Teixeira e João Bosco Rodrigues, é preciso ser feito um estudo logístico sobre o intenso tráfego de transporte do Anel, em grande parte vindo de São Paulo em direção a Vitória. Para eles, a via precisa ganhar prioridade urbana, conforme estabelecido nas prioridades do Estatuto da Cidade. Segundo o gerente de Pesquisa e Documentação da BHTrans, João Carvalho Pereira, a empresa está negociando recursos com o Ministério da Saúde para traçar um estudo comportamental sobre os acidentes na cidade, levando em consideração realidades novas, como o aumento do número de motoboys e de jovens motoristas envolvidos em batidas e atropelamentos.

Deputados defendem união para garantia de recursos

"O Anel é um problema de todos e é preciso buscar um caminho político para garantir os recursos no Orçamento da União", ressaltou o deputado Doutor Viana (PFL). O presidente da comissão, deputado Fábio Avelar, destacou a importância da participação permanente das entidades representativas, além das autoridades. "Estamos colhendo preciosos subsídios para a elaboração do relatório final, que pretende ser um instrumento de mobilização para a implementação de programas pró-Anel. Vamos sugerir parcerias entre todos os entes envolvidos", afirmou.

Requerimentos - Dois requerimentos foram aprovados. O primeiro, do deputado Fábio Avelar (PTB), solicita ao Dnit informações sobre os projetos de engenharia relativos aos dois trechos do Anel (antes e depois da Avenida Amazonas), que foram citados na reunião do último dia 7. O outro, do deputado André Quintão (PT), pede ao mesmo órgão que ative o funcionamento do radar eletrônico existente no trecho perto da Vila Camponesa durante todo o dia, e não somente à noite.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Fábio Avelar (PTB), presidente da comissão, Célio Moreira (PL), Doutor Viana (PFL) e André Quintão (PT).

 

 

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