Direitos Humanos vai pedir a expulsão do delegado Fadel ao governador

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia vai levar ao governador Aécio Neves um manifesto pedindo a imediata expu...

13/10/2003 - 17:57
 

Direitos Humanos vai pedir a expulsão do delegado Fadel ao governador

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia vai levar ao governador Aécio Neves um manifesto pedindo a imediata expulsão do delegado de Igarapé, Marco Túlio Fadel, dos quadros da Polícia Civil. A iniciativa é uma das três propostas anunciadas após a reunião da comissão nesta segunda-feira (13/10/2003), que ouviu, secretamente, vítimas de torturas e ameaças do delegado e de sua equipe. Participaram da reunião, além das testemunhas, representantes do Conselho Estadual de Direitos Humanos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)/Seção Minas Gerais e da Ouvidoria da Polícia.

As duas outras propostas são um pedido ao procurador-geral de Justiça, Nedens Ulisses Vieira, de formação de grupos de trabalho compostos por promotores das comarcas onde atuou Marco Túlio Fadel, para apuração de todos os casos de tortura; e uma audiência pública, a ser marcada, em Santa Bárbara, onde surgiram novas denúncias de ameaças a um advogado, que é testemunha contra o delegado. O manifesto ao governador vai ser liderado pela OAB, já que, entre as vítimas de ameaças por parte do delegado, constam dois advogados.

Quatro depoimentos - Na reunião desta segunda-feira, foram ouvidas quatro testemunhas, sendo três advogados e uma pessoa de Santa Bárbara, ex-comandante do destacamento da Polícia Militar da cidade. Segundo o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), mesmo preso, o delegado continua a ameaçar testemunhas. Somente no final de semana, 12 pessoas foram ameaçadas, segundo o deputado, "caso viessem depor na comissão".

Delegado continua preso no Deoesp

O delegado Marco Túlio Fadel está sendo acusado de prática de tortura no exercício do cargo, além de extorsão, abuso de poder, enriquecimento ilícito, envolvimento com o tráfico de drogas e abuso sexual contra menores. Ele atua em Igarapé, Região Metropolitana de Belo Horizonte, tendo sido titular em Betim e Santa Bárbara. Depois das denúncias, em agosto, de ter torturado três menores em Igarapé, várias testemunhas começaram a aparecer.

A Comissão de Direitos Humanos ouviu os três menores que confirmaram a tortura, mas que, posteriormente, negaram seus depoimentos. Há ainda a denúncia de ameaças à juíza Andréa Faria Mendes Fonseca e à promotora Luciana Telles Machado da Silva, ambas de Igarapé. A juíza determinou a prisão do delegado na semana passada, e o Tribunal de Justiça negou um habeas corpus, nesta segunda (13), levando o delegado a continuar preso no Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp).

Comissão investigará atuação de esquadrão da morte em Igarapé

O deputado informou ainda que a comissão - que, nesse caso, trabalha em conjunto com a Ouvidoria de Polícia e com os movimentos em defesa dos direitos humanos - vai investigar a atuação de um esquadrão da morte com atuação em Igarapé, o "grupo da cisterna". Durval Ângelo disse que, nos dois anos e meio de atuação de Fadel em Igarapé, foram mortos nove ex-detentos depois de sua libertação, após o cumprimento das penas, todos eles condenados por crimes ligados ao tráfico de drogas. Há ainda uma morte em Santa Bárbara, também de ex-detento, condenado por tráfico de drogas, durante o período em que o delegado atuou naquela cidade.

O ouvidor de Polícia, José Francisco da Silva, disse que há, na Ouvidoria, inquéritos contra Marco Túlio Fadel desde 1997, com denúncias de abuso de autoridade, em Betim e em Santa Bárbara; de tortura, em Belo Horizonte; e de tortura, em Santa Bárbara. Todos os inquéritos contra o delegado não tiveram seqüência, "por omissão do Ministério Público e proteção do atual vice-governador", declarou Durval Ângelo. José Francisco informou ainda que, apenas em uma denúncia, o delegado foi afastado por cinco meses: de junho de 1999 a janeiro de 2000.

Improbidade administrativa - O deputado Durval Ângelo informou, ainda, que a Promotoria de Justiça Especializada em Crimes de Prefeitos Municipais convocou os prefeitos de Igarapé e São Joaquim de Bicas a esclarecerem denúncia de improbidade administrativa, por possível financiamento de faixas e transporte de populares, na manifestação de apoio a Fadel. Essa manifestação ocorreu na última sexta-feira (10) em frente ao fórum de Igarapé.

A representante do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e vereadora de Belo Horizonte, Maria Lúcia Scarpelli, disse que a comissão deve encaminhar um pedido de esclarecimento às Câmaras de Betim e de Santa Bárbara, diante das denúncias de envolvimento de dois vereadores daquelas cidades com as ameaças a testemunhas.

 

 

 

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