Comissão da Cafeicultura pede liberação de recursos para lavoura

A Comissão Especial da Cafeicultura vai solicitar ao Ministério da Agricultura e à direção do Banco do Brasil a liber...

09/10/2003 - 17:38
 

Comissão da Cafeicultura pede liberação de recursos para lavoura

A Comissão Especial da Cafeicultura vai solicitar ao Ministério da Agricultura e à direção do Banco do Brasil a liberação imediata dos recursos para custeio das lavouras de café não só para a agricultura familiar como para pequenos, médios e grandes produtores. O requerimento, do deputado Domingos Sávio (PSDB), foi aprovado nesta quinta-feira (9/10/2003), durante reunião que debateu as dificuldades de financiamento para o setor. "O período de chuvas já está começando, mas as agências bancárias não foram autorizadas sequer a receber propostas de financiamento. O produtor terá que usar cheque especial para comprar adubo", alertou. Na reunião, o superintendente do BB em Minas, Milton Luciano dos Santos, informou que o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) vai liberar, na próxima semana, R$ 50 milhões.

Milton Luciano dos Santos afirmou que a idéia de que o setor cafeeiro possui um fundo específico - o Funcafé - é equivocada: "R$ 200 milhões para o País todo são totalmente insuficientes. O equívoco não é do Fundo, mas de quem acredita que ele ainda existe". Segundo ele, a demanda por financiamento da produção primária acaba concentrada no Banco do Brasil. "Em 2001, o Funcafé ficou sem condições de operar, devido à falta de recursos para retorno de financiamento. À agricultura, restam as linhas de financiamento tradicionais", disse, acrescentando que faltam opções de financiamento para o armazenamento, a estocagem e a comercialização, o que foi confirmado pelas entidades sindicais que participaram da audiência.

Estoque precisa ser refeito para regular mercado

No caso do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), a principal dificuldade é a distância entre a instituição e os produtores das diversas regiões do Estado, conforme apontou o gerente do Departamento Rural e Agroindustrial do BDMG, Cláudio Souza Diniz. Uma tentativa de resolver o problema foi a parceria com a Crediminas - Cooperativa Central de Crédito Rural. Outra medida necessária, segundo ele, é estruturar um programa que organize todos os recursos oferecidos por meio de financiamento.

"O governo precisa ter uma garantia de estoque para socorrer o mercado produtor e consumidor em caso de emergência", alertou o superintendente Regional em Minas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Fernando de Castro Santos. Segundo ele, a Conab já chegou a deter 13 milhões de toneladas de café mas, em 2002, o número caiu para 300 mil toneladas. "O importante é ter uma quantidade reguladora", disse. Para Santos, a fixação, em 2003, do preço mínimo de R$ 157 para a saca de café foi positiva para a produção, apesar de o valor não ser o ideal. "Os antigos R$ 100 eram inaceitáveis", afirmou, lembrando a retomada da procura, em Minas, pelos contratos de opção.

Falta acesso aos pequenos produtores

Durante a reunião, o deputado José Henrique abordou as dificuldades do pequeno produtor em acessar os recursos oferecidos, o que foi reconhecido pelo gerente do BDMG. Cláudio Souza Diniz afirmou que uma tentativa de diminuir o problema é a parceria firmada com a Crediminas, que, em seis anos, resultou em 500 operações de financiamento. "O índice de inadimplência do pequeno produtor é praticamente zero", disse. "O setor financeiro não tem tido má vontade, mas as medidas precisam fluir com mais rapidez", opinou o diretor da Federação da Agricultura do Esdtado de Minas Gerais (Faemg), João Roberto Puliti.

"Pior que recurso caro, é recurso nenhum. O produtor tenta qualquer coisa quando chega a hora da colheita", refletiu o vice-presidente da Crediminas, Alberto Ferreira, ao ressaltar a importância do financiamento para a produção. Ele afirmou que, antes de ter acesso aos recursos do Funcafé, há dois anos, a cooperativa central oferecia recursos próprios. Segundo ele, o Fundo destinou para a atual safra, até agora, R$ 74 milhões, o que representa uma média de R$ 13 mil por associado. São de café 50 das 98 cooperativas associadas à Crediminas.

Diversos participantes reclamaram ainda das dificuldades entre produtores e os gerentes do Banco do Brasil, que não informariam sobre a liberação das verbas. "Não tem qualquer problema com a gerência, mas com a falta de recurso. Neste ano, por exemplo, estamos recebendo menos reclamações porque está chegando mais recurso", enfatizou o superintendente do banco.

Pesquisa - O presidente da Epamig, Baldonedo Arthur Napoleão, afirmou que encaminhará à Comissão Especial, nos próximos dias, um levantamento detalhado sobre todos os projetos de pesquisa desenvolvidos para o setor. Ele reclamou da redução de recursos para a pesquisa e da falta de pesquisadores para atuar na Epamig: "Sem a retaguarda tecnológica, a cafeicultura não vai para a frente", sentenciou.

Requerimentos - Outros três requerimentos foram aprovados na reunião, sendo três do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Pede que a correspondência solicitando a liberação imediata dos recursos para o setor seja enviada também ao vice-presidente José Alencar; que a Fiemg seja convidada para a reunião do próximo dia 16; e que agentes atuantes na pós-colheita sejam convidados a participar das audiências do interior, como Banco do Brasil, indústrias, grupos exportadores, cooperativas de crédito e Receita Federal, entre outros. Já o presidente da comissão, deputado Paulo Piau (PP), pede que seja enviada correspondência ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa de Café solicitando revisão dos recursos liberados para o Estado, já que Minas produz mais de 50% do café brasileiro.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente; Laudelino Augusto (PT), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), José Henrique (PMDB), Luiz Humberto Carneiro (PSDB) e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

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