Pequenas barragens podem diminuir efeitos da seca

O estímulo à construção de barragens no Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas como forma de combater os efeitos da s...

09/10/2003 - 14:45
 

Pequenas barragens podem diminuir efeitos da seca

O estímulo à construção de barragens no Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas como forma de combater os efeitos da seca e melhorar a oferta de água no semi-árido mineiro foi o tema da audiência pública realizada, nesta quinta-feira (09/10/2003), pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais. Essa é a base do Projeto de Lei (PL) 565/2003, do deputado Fábio Avelar (PTB), que dispõe sobre a política estadual de estímulo à construção de barragens e de desenvolvimento econômico das regiões acima citadas.

O presidente da Ruralminas, Eduardo Brandão, enfatizou a urgência de ações que visem diminuir o sofrimento das pessoas do Norte e Nordeste de Minas e do papel da Ruralminas na implantação dessas ações. Segundo ele, o órgão possui um corpo técnico qualificado e está preparado para a elaboração de planejamentos e projetos na área de infra-estrutura rural e agrícola, que promovam o desenvolvimento do semi-árido mineiro.

O superintendente de recursos hídricos e meio ambiente da Copasa, Valter Vilela, acredita que a construção de barragens é a solução mais viável para conter a água das chuvas e reduzir os impactos das secas no semi-árido mineiro, mas alerta para os cuidados que devem ser tomados na definição dos eixos, pois os impactos ambientais podem ser graves. "Medidas emergenciais são importantes, mas a solução para a estiagem prolongada nos municípios do semi-árido mineiro só será alcançada com investimentos em projetos estruturantes feitos criteriosamente", disse.

Capacitação e participação dos municípios

O projeto 565/2003 prevê que o Estado dará suporte técnico, financeiro e operacional aos municípios que desenvolvam ações, projetos e programas de construção de barragens de acordo com os objetivos previstos pela futura lei. Mas, segundo a prefeita de Aracuaí, Maria do Carmo Ferreira Silva e o prefeito de Mata Verde, Alvimar Moreira, não há repasse de verbas para os municípios que viabilizem a implantação de projetos e a construção de pequenas e médias barragens. Maria do Carmo disse que as discussões estão sendo feitas no âmbito das associações regionais e municipais, mas as soluções esbarram na falta de recursos. Ela pediu a classificação de Araçuaí como região do semi-árido, a fim de receber os incentivos fiscais previstos.

O supervisor regional do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Eduardo Martins, narrou algumas de suas experiências no semi-árido mineiro, a partir das quais constatou que as nascentes da região estão se exaurindo e que para realimentá-las é urgente a regulação dos cursos de água, através da construção de microbarragens que revitalizem o lençol freático e permitam a utilização racional da água. "O custo e o tempo gasto na construção de barraginhas é menor. Além de poder ser feita pelos próprios municípios, a solução pode ser mais eficiente", concluiu.

Segundo o representante da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Fernando Brito, a missão da companhia se confunde com o Projeto de Lei 565/2003 no que diz respeito ao aproveitamento, para fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais, dos recursos de água e solo na promoção do desenvolvimento integrado. Ele lembra que o projeto prevê que o Estado estimulará, por meio de parcerias, convênios, acordos ou ajustes, a implantação de empreendimentos que visem à construção de barragens e o uso múltiplo e sustentável das águas nas respectivas regiões. "Essa é a missão da Codevasf, e ela ganha mais valor considerando a carência total de água da região e a urgência no atendimento à população", disse.

Deputados apresentam sugestões para a seca

A presidente da comissão, deputada Maria José Haueisen (PT), ressaltou que muitas decisões técnicas foram ignoradas e transformadas, posteriormente, em questões políticas. O deputado Carlos Pimenta (PDT) afirmou que é preciso otimizar recursos do Estado para conter a seca. Ele salientou que os órgãos públicos que atuam na área já têm praticamente todos os projetos, o que falta é integrar suas programações de trabalho para que não haja superposição de esforços e recursos orçamentários. Carlos Pimenta destacou algumas experiências de órgãos como a Copasa, Igam, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), e até mesmo da Ruralminas e da Codevasf que, segundo ele, se basearam em favorecimento político e falta de consenso nas ações empreendidas.

O deputado doutor Ronaldo (PDT) endossou as palavras do representante do IEF, Eduardo Martins, ao afirmar que a construção de pequenas barragens é a solução mais viável para o armazenamento das águas da chuva e para restaurar as nascentes: "Os grandes problemas, em geral, possuem solução simples e neste caso, de menor custo e dificuldade", afirmou. A deputada Maria José Haueisen (PT), falou da pobreza da região do Norte de Minas classificada com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. "Os problemas sociais só serão solucionados quando se tornarem problemas políticos e forem discutidos abertamente, em reuniões como esta", concluiu.

O deputado Fábio Avelar (PTB), autor do requerimento que deu origem à reunião, destacou a necessidade do estabelecimento de uma política que defina a forma de atuação na construção de barragens a médio e longo prazo para que as obras não sejam feitas em caráter emergencial. E sugeriu que seja criado um programa de monitoramento para as barragens, defendendo a municipalização das ações. Fábio Avelar sugeriu ainda a criação de um fundo específico para a contenção da seca nas regiões do Vale do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas e a revitalização do Conselho de Desenvolvimento do Semi-Árido Mineiro que foi revogado há algum tempo.

A Comissão aprovou ainda dois requerimentos do deputado Carlos Pimenta. Um solicita que representantes do Conselho Estadual de Recursos Hídricos compareçam a uma reunião da comissão para discutir o Projeto de Lei 565/2003. E o outro requerimento pede mais informações à Copasa e prefeituras mineiras sobre as barragens que estão sendo construídas.

Presenças - Participaram da reunião a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; os deputados Fábio Avelar (PTB), Doutor Ronaldo (PDT) e Carlos Pimenta (PDT). E ainda: o biólogo da Cemig, Roberto Silveira; o vice-presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), Eraldino Soares; o coordenador técnico da Emater, João Carlos Guimarães; e o representante da Ruralminas, Augusto Cézar Soares, além dos outros citados.

 

 

 

 

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