Massacre de Ipatinga motiva visita à Usiminas e audiência
pública
Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia estarão em Ipatinga, no Vale do Aço, nesta terça-feira
(7/10/2003), para avaliar a situação atual das famílias do chamado
"Masssacre de Ipatinga", ocorrido em 1963. O secretário especial de
Direitos Humanos da Presidência da República, Nilmário Miranda, é um
dos convidados a participar. A programação começa às 13 horas,
quando será feita visita aos locais dos conflitos. Às 15 horas, no
Plenário da Câmara Municipal (rua Edgar Boy Rossi, 38), acontecerá
uma audiência pública, quando será abordada a possibilidade de
indenização, pelo governo, às famílias das vítimas - que deverão
estar presentes ao evento.
Outros convidados à audiência pública são o
prefeito e o presidente da Câmara de Ipatinga, Chico Ferramenta e
Adelson Fernandes da Silva; o secretário de Estado de
Desenvolvimento Social e Esportes, João Leite; o presidente da
Usiminas, Rinaldo Campos Soares; e o procurador de Justiça Afonso
Henrique de Miranda Teixeira, coordenador do Centro de Apoio
Operacional das Promotorias de Direitos Humanos e Apoio Comunitário
e Conflitos Agrários. Os autores dos requerimentos solicitando a
visita à cidade são os deputados Durval Ângelo, presidente da
Comissão de Direitos Humanos, e Roberto Carvalho, além da deputada
Cecília Ferramenta, todos do PT.
Tragédia começou com passeata até a fábrica da
Usiminas
O número oficial de mortos no Massacre de Ipatinga
é de oito operários, mas testemunhas garantem que mais de 30 pessoas
morreram no confronto entre a PM e trabalhadores da Usiminas, no dia
7 de outubro de 1963. Tudo começou, segundo matéria veiculada pelo
jornal Estado de São Paulo, por um motivo prosaico: os
operários que participavam da construção da Usiminas ressentiam-se
do tratamento rígido dispensado para entrar e sair da usina, como
revistas e apresentação de documentos. Eram ainda desorganizados - o
sindicato dos metalúrgicos de Ipatinga nem sequer existia - e quem
liderou a passeata até a fábrica e sentou à mesa de negociações foi
o pároco local, padre Avelino Marques.
A marcha cresceu e os 17 soldados da PM que
guardavam a usina se apavoraram diante da multidão de cerca de 10
mil pessoas, abrindo fogo. Houve dois inquéritos, um
policial-militar e outro da Polícia Civil, que concluíram pela culpa
dos 17 PMs - que, como punição, perderam suas patentes, mas não
teriam sido expulsos da corporação. Para muitos, a chacina fez parte
da preparação do golpe militar de 1964, mas acabou esquecida em meio
às várias histórias da repressão política no País. Os mortos
oficiais são Aídes Dias de Carvalho, Alvino Ferreira Felipe, Antônio
José Reis, Geraldo da Rocha Gualberto, Gilson de Miranda, José
Izabel do Nascimento e Sebastião Tomé de Souza. A oitava vítima foi
Eliana Martins, um bebê de apenas três meses.
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