PMDI pretende elevar Índice de Desenvolvimento Humano
mineiro
Ao trabalhar com o planejamento de longo prazo,
proposta do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), o
governo mineiro pretende recuperar o desenvolvimento econômico do
Estado, mas sobretudo, melhorar seus indicadores sociais. No ranking
medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Minas ocupa hoje
a 11ª posição no País. O PMDI projeta uma recuperação para 2020, com
o objetivo de ocupar os primeiros lugares nesse indicador. Essa foi
uma das avaliações feitas pelo secretário de Estado de Planejamento
e Gestão, Antônio Augusto Anastasia, na abertura da primeira
audiência pública sobre o PMDI e o Plano Plurianual de Ação
Governamental (PPAG), realizada nesta quinta-feira (2/10/2003), no
Plenário da Assembléia Legislativa. Outras quatro audiências estão
marcadas para os dias 9, 16, 24 e 30 de outubro.
Anastasia expôs as diretrizes da elaboração do
PMDI, realizado sob a supervisão do Conselho de Desenvolvimento
Social do Estado, segundo exigência da Constituição Mineira. Para
tanto, foi feito um diagnóstico da situação atual do Estado e
traçados os objetivos da mudança. O secretário destacou que foram
definidas metas de desenvolvimento, a partir da simulação de três
cenários possíveis para a economia mineira. Os projetos foram
elaborados dentro da perspectiva de uma economia estagnada em
relação à do País, ou equiparada à nacional, e ainda em situação
melhor do que a do Brasil. A partir dessas simulações, foram
projetados os índices sociais.
Experiência pioneira no País
Na abertura da audiência, o presidente da
Assembléia Legislativa, deputado Mauri Torres (PSDB), ressaltou o
pioneirismo de Minas na realização do evento, "ao levar para a
sociedade a ampla discussão sobre o planejamento da ação
governamental". Ele destacou também o entendimento entre Executivo e
Legislativo, com o objetivo de buscar a recuperação do
desenvolvimento sócio-econômico.
O presidente lembrou ainda que as contribuições que
surgirem durante as próximas quatro audiências que serão feitas
serão transformadas em sugestões, pela Comissão de Participação
Popular, para incorporação ao PMDI e ao PPAG. "Esta Assembléia não
apenas defende, mas tem o dever de participar do esforço comum por
Minas Gerais", enfatizou Mauri Torres.
Destacando o esforço da Mesa da Assembléia em
colocar em funcionamento a Comissão de Participação Popular e de
continuar a apoiar suas iniciativas, seu presidente, deputado André
Quintão (PT), afirmou que a comissão é um exemplo da busca de se
aproximar a democracia participativa com a democracia
representativa. Ele também enfatizou o pioneirismo das audiências
sobre os planos, "porque pela primeira vez se discute com a
sociedade o planejamento do Estado, numa demonstração clara de que
planejamento é essencial para o desenvolvimento e de que é
imprescindível a participação da sociedade".
André Quintão mostrou sua esperança de que o plano
não fique só no papel, "que ele seja reavaliado e corrigido sempre
que possível". O deputado Mauro Lobo (PSB), integrante da Comissão
de Fiscalização Financeira e Orçamentária, que, ampliada, irá
analisar os projetos, disse que Minas deve mostrar ao País que é
capaz de propor soluções, "saindo do discurso para a ação".
Subsecretário diz que desafio é gerenciar
implantação dos planos
O subsecretário de Estado de Planejamento e Gestão,
Tadeu Barreto Guimarães, destacou que a ênfase no acompanhamento e
na avaliação dos projetos são passos essenciais para viabilizar a
implementação dos mesmos. "O governo tem muito claro que o maior
desafio do planejamento é não guardá-lo na gaveta", afirmou,
acrescentando que o PMDI não é um plano feito apenas por
economistas, mas sim por um colegiado amplo, formado por secretários
e suas equipes, e submetido ao Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social (CDES).
Durante sua exposição, o subsecretário Tadeu
Barreto explicou o programa que reúne os 30 projetos estruturadores
do governo, o Geraes (Gestão Estratégica dos Recursos e Ações do
Estado). Segundo ele, o programa pretende ter efeito multiplicador,
isto é, gerar outras iniciativas públicas e privadas, e tem focos
bem definidos: ações, metas, prazos, custos e resultados esperados.
Dos projetos estruturadores, ele destacou as seguintes áreas:
segurança (principalmente na Região Metropolitana de Belo
Horizonte), infra-estrutura (com ênfase na ampliação e recuperação
da malha rodoviária e do saneamento básico), oferta de serviços
públicos de qualidade (especialmente na educação, saúde e
habitação), meio ambiente (visando ao desenvolvimento sustentável) e
geração de empregos (incentivo a jovens, mulheres e demais adultos
com dificuldade para encontrar emprego).
Outros projetos objetivam reduzir as desigualdades
regionais, principalmente no Norte de Minas e Vales do Jequitinhonha
e Mucuri; sanear as finanças públicas e buscar a eficácia da máquina
pública (o conhecido "choque de gestão"); criar formas de
financiamento (parcerias público-privadas); e consolidar a liderança
política de Minas no País. As fontes de financiamento dos projetos
virão do orçamento fiscal (45%), de parcerias (31,7%) e de empresas
(23,3%). O desenvolvimento social e a infra-estrutura serão os
setores mais contemplados. Ao expor sobre a regionalização do plano,
o subsecretário afirmou que os Vales do Jequitinhonha e Mucuri terão
maiores investimentos per capita nos programas finalísticos, ao
passo que a Zona da Mata terá o menor.
Entidades da sociedade civil participam da reunião
Na fase de debates, representantes de diversas
entidades formularam questões aos membros do governo e sugeriram a
inclusão de tópicos que não estão mencionados nos projetos
estruturadores, como assistência social e planejamento familiar.
Segundo o secretário Anastasia, a ausência nominal de tópicos não
significa que eles serão excluídos da execução orçamentária. "A
idéia nuclear das ações é aprimorar a condição social do cidadão
mineiro como um todo", disse. "As demandas são nobres, mas a visão
do planejamento deve ser global, holística", reforçou.
Questionado pelo deputado Mauro Lobo (PSB) sobre a
descontinuidade de políticas públicas que marcam a ação
governamental no Brasil, principalmente nas áreas fazendária e de
segurança pública, o secretário Anastasia afirmou que a falta de
estabilidade é a maior angústia da democracia. Um incentivo, segundo
ele, é que a administração pública no País está se modernizando,
principalmente devido ao incremento das relações sociais - como
demonstra a iniciativa da Assembléia e do governo estadual de
abrirem o debate sobre o Orçamento à sociedade.
Segurança - Ao responder
um comentário sobre a necessidade sentida no Estado de reforçar os
instrumentos fiscalizadores, principalmente na área da segurança
pública, Antônio Anastasia afirmou que o governo criou, no início
deste ano, um sistema de auditoria com núcleos em todos os órgãos do
Estado. Ele disse que, devido ao baixo número de técnicos em
auditoria disponíveis, o governo abrirá concurso público para
preenchimento desses cargos.
O subsecretário Tadeu Barreto também respondeu a
diversas perguntas. Uma delas questionou a existência de integração
dos projetos estaduais com programas federais, para evitar
desperdício de recursos. Barreto afirmou que o governo estadual está
atento a isso e deu como exemplo a Secretaria Extraordinária para o
Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Norte de
Minas, que objetiva articular essas políticas.
Entre as entidades que participaram da audiência
pública, estão a Anda, o Fórum Mineiro de Educação Infantil e de
Segurança Alimentar, Força Sindical, Fundação João Pinheiro, Ação
Social Arquidiocesana, conselhos comunitários de segurança pública e
associações de moradores.
Inscrições continuam abertas
O deputado André Quintão informou que os planos
governamentais sobre o Orçamento estarão disponíveis no site da
Assembléia a partir desta sexta-feira (3). Ele lembrou que as
inscrições continuam abertas, pelo fax (31) 3290-7670, pessoalmente
no Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC), que fica na Rua Rodrigues
Caldas, 30, bairro Santo Agostinho, ou pela internet
(www.almg.gov.br/eventos).
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