Morte de menor no Ceresp de Juiz de Fora traz delegado à comissão

Os deputados da Comissão de Segurança Pública ouviram, nesta terça-feira (30/9/2003), o delegado Antônio Garcia de Fr...

30/09/2003 - 16:46
 

Morte de menor no Ceresp de Juiz de Fora traz delegado à comissão

Os deputados da Comissão de Segurança Pública ouviram, nesta terça-feira (30/9/2003), o delegado Antônio Garcia de Freitas, da 7a Delegacia Regional de Juiz de Fora, a requerimento do deputado Alberto Bejani (PTB), vice-presidente da comissão. Ele solicitou a presença do delegado para obter esclarecimentos sobre a morte do menor Lucas Ribeiro, de 17 anos, preso no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Juiz de Fora. Lucas morreu no último 21 de setembro, de suposta crise de bronquite, segundo o deputado, e a família foi comunicada da morte 18 horas depois, pela imprensa. Além de esclarecer sobre a morte, Alberto Bejani queria saber do delegado por que os menores estão presos no Ceresp.

Antônio Garcia de Freitas disse que foi instaurado inquérito policial para apurar a morte do menor e que está aguardando o resultado definitivo da necropsia. Segundo ele, pelas fotos tiradas, não há sinais de tortura. "Vamos saber a causa da morte somente depois do resultado da necropsia, se foi uma doença patológica ou alguma substância ingerida", explicou. Sobre o atraso na comunicação da morte para a família do menor, o delegado disse que não houve interesse da polícia civil em sonegar informações à família, houve sim um descuido.

Em relação a presença de menores no Ceresp, Antônio Garcia de Freitas informou que a situação é preocupante e ocorre desde a inauguração do Centro. São 578 presos, sendo cinco menores e 37 mulheres. "Ceresp não é local para confinar menores infratores como não é local para mantê-los cumprindo pena", afirmou o delegado. Questionado pelo deputado Alberto Bejani por que o menor é encaminhado para o Ceresp, Antônio Garcia disse que precisa cumprir ordem judicial e o Centro é o único local disponível atualmente para abrigar os menores.

Alberto Bejani também levantou a questão de que o Centro foi construído para abrigar 240 presos e hoje tem 578, com deficiências no fornecimento de água e energia, além do número insuficiente de policiais para fazer a segurança. "Isso não dá a sensação de que pode implodir a qualquer momento?", perguntou Alberto Bejani. Segundo o delegado, a água e energia são realmente insuficientes e que o número de policiais é reduzido. Além dos quatro policiais civis que trabalham em turno, existem outros sete que trabalham no Ceresp em horário fixo. "Sabemos que o número é reduzido, mas no momento não dispomos de outros policiais", ponderou. Outros quatro policiais militares fazem a segurança externa do Centro.

Rachaduras e afundamento de prédio

A estrutura física do prédio do Ceresp foi outro ponto levantado pelo deputado Alberto Bejani durante a reunião. Segundo ele, um prédio que foi construído há três anos, sem licitação, custou R$ 3 milhões, já apresenta rachaduras visíveis e, em algumas partes, afundamento com risco de desmoronamento, de acordo com suposto laudo da Secretaria de Obras. Segundo Bejani, essa vistoria técnica no prédio teria sido feita no governo estadual anterior.

De acordo com informações do deputado e do delegado, o prédio foi construído em um local onde tem cinco minas d´água. "Estão escondendo essa ida de engenheiros à Juiz de Fora. Se acontecer de cair alguma parte do prédio, a sociedade vai cobrar da comissão, das polícias civil e militar, que conhecem o local", acredita Bejani. "Quero registrar aqui a minha preocupação com a fragilidade do prédio", completou.

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), concorda com o deputado Bejani de alertar o que pode ocorrer no Ceresp de Juiz de Fora. "Não precisa ser um engenheiro, para constatar as condições atuais do prédio. Queremos ver esse laudo atestando as condições exatas do solo e da construção", disse Rodrigues. Para o deputado Fahim Sawan (PSDB), existe uma preocupação do Estado sobre a situação física dos presídios. Para ele, o requerimento apresentado pelo deputado Alberto Bejani deve servir de exemplo para saber a situação da outras unidades prisionais em Minas Gerais.

O requerimento solicita que seja elaborado laudo técnico pela Secretária de Obras Públicas sobre as condições do prédio do Ceresp de Juiz de Fora, e, caso tal laudo já tenha sido elaborado, seja o mesmo enviado à comissão. O Sargento Rodrigues disse que vai pedir urgência para o requerimento ao presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB).

Requerimentos

Foram aprovados os requerimentos: do deputado Carlos Pimenta (PDT), que solicita a realização de audiência pública para debater o aumento da violência nos municípios norte-mineiros. Pede que sejam convidados o secretário de Estado de Defesa Social, o Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais, o presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), o chefe da polícia civil de Minas Gerais e o comandante do 3o Comando Regional de Policiamento PMMG; do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que pede que seja formulado apelo ao chefe de polícia de Minas Gerais para autorizar o funcionamento de uma unidade do Instituto Médico Legal em Ouro Fino, tendo em vista a existência, nesse município, de Delegacia Seccional em condições de sediar o instituto. Já

Pesar - O deputado Alberto Bejani manifestou pesar, endossado pelo deputado Sargento Rodrigues, pelas mortes do capitão João Alberto da Cunha e do sargento José Oswaldo Abreu, em acidente de carro, na BR-040, ocorrido na última segunda-feira (29).

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Alberto Bejani (PTB); Rogério Correia (PT) e Fahim Sawan (PSDB).

 

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