Selo de certificação amplia debate sobre Economia Solidária

Uma audiência pública convocada para debater o marco regulatório da Economia Solidária, especialmente o Projeto de Le...

25/09/2003 - 19:29
 

Selo de certificação amplia debate sobre Economia Solidária

Uma audiência pública convocada para debater o marco regulatório da Economia Solidária, especialmente o Projeto de Lei 830/2003, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que cria um selo de certificação para produtos e ações ligadas aos princípios da Economia Solidária, acabou sendo ampliada para um debate sobre as dificuldades e impasses que cercam esse movimento, inclusive seu próprio conceito.

A reunião conjunta entre as comissões de Participação Popular e do Trabalho, Previdência e Ação Social aconteceu nesta quinta-feira (25/9/2003), no Auditório da Assembléia, a pedido do Movimento do Graal no Brasil. Representantes de grupos de reciclagem, confecção de bijuteria, congregações, entidades de solidariedade, sindicatos de trabalhadores rurais e estudantes lotaram o recinto.

O deputado André Quintão (PT), que presidiu a audiência, estabeleceu o conceito geralmente aceito da Economia Solidária, contido no artigo 2º do projeto de Dalmo Ribeiro Silva. "Economia popular solidária compreende o resultado da união de trabalhadores em empreendimentos que privilegiam a autogestão do trabalho, o consumo ético, a justa distribuição da riqueza produzida coletivamente, o respeito ao equilíbrio dos ecossistemas e à diversidade cultural". Segundo o deputado, "não é cooperativa; é um movimento vivo que pode tornar-se um instrumento econômico e propagar solidariedade e os valores humanos".

Quase todos os palestrantes tiveram que fazer digressões para compor o cenário favorável ao florescimento dessa idéia. Dione Manetti, da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, falou que a "crise do modelo excludente do capital está provocando a transformação do mundo do trabalho e causando mudanças que não estão restritas ao Brasil". Para ele, "grupos de trabalhadores desesperados se unem para gerar renda, constróem estruturas de forma coletiva, solidária e democrática, e redistribuem a renda que geram, acreditando que o mundo é para todos e não apenas para alguns". Os princípios incluem também o reconhecimento à identidade cultural indígena e quilombola.

Nova engenharia institucional é necessária

Levando seu raciocínio além das utopias humanistas para a realidade da administração pública, Dione Manetti propôs pensar "uma nova engenharia institucional para abrigar essas novas formas de organização coletiva do trabalho". Para ele, caberia às entidades de governo das três esferas providenciar recursos para o microcrédito, apoio à comercialização, treinamentos, assistência técnica, pesquisa de mercado e inserção na cadeia produtiva.

Rosalva Portela, da Prefeitura de Belo Horizonte, argumentou em favor do fortalecimento das iniciativas da Economia Solidária, que seriam capazes de minimizar o número do que ela chama de contingente de despojados, ou seja, aqueles que tinham emprego e inserção social e depois se tornaram excluídos. Esse contingente seria mais reivindicativo do que o de despossuídos. "Para atendê-los, a Prefeitura de Belo Horizonte tem duas linhas, uma de programas de redistribuição de renda, como o bolsa-escola, e outra de programas emancipatórios de participação produtiva, como o do Banco Popular, e de galpões como o instalado no Barreiro, onde 20 famílias fazem reciclagem de lixo, já alcançando uma renda mensal de R$ 220. O próximo passo é estimular os cidadãos a consumir solidariamente, em circuitos montados em espaços públicos", disse ela.

Presenças - Participaram da reunião os deputados André Quintão (PT), presidente; Marília Campos (PT), vice; Elmiro Nascimento (PFL); Leonardo Quintão (PMDB); e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Além das autoridades citadas, compareceram Alexandre Simpson, diretor de Fomento ao Cooperativismo e Associativismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, Shirlei Aparecida Almeida Silva, do movimento Graal; Marcelo d'Agostini, do Banco Popular da PBH; e Demetrius de Oliveira Silva, do Fórum Mineiro de Economia Solidária.

 

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