Prefeitura ocupa prédio construído para ser hospital em Almenara

A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais debateu, nesta quinta-feira (25/9/2003), a situação de ...

25/09/2003 - 19:17
 

Prefeitura ocupa prédio construído para ser hospital em Almenara

A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais debateu, nesta quinta-feira (25/9/2003), a situação de um prédio construído em 1994 com recursos federais para criação de um hospital regional em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, e que, hoje, é usado como sede da prefeitura e de outros órgãos públicos. Na reunião, da qual participaram o atual e o ex-prefeito, o presidente da Câmara Municipal e técnicos do Ministério da Saúde, os deputados expressaram a preocupação com o problema e a necessidade de buscar uma solução que seja benéfica para a população. "O prédio foi construído com recursos do Fundo Nacional de Saúde para atender à região carente do Baixo Jequitinhonha, mas a população continua tendo que se deslocar para Teófilo Otoni e Governador Valadares, que já têm um atendimento defasado", afirmou o deputado Márcio Passos (PL), autor do requerimento que originou a reunião.

De acordo com o atual prefeito de Almenara, Manoel Francisco Alves Silva, a construção, que foi feita em uma área rural e consumiu US$ 1,8 milhão, não tem condições adequadas para acomodar um hospital. Ele afirmou que, quando assumiu a administração, não existiam verbas para equipar o prédio, o que teria custo estimado em cerca de US$ 4 milhões. Segundo o prefeito, já que não haveria qualquer perspetiva de obtenção desses recursos junto ao Ministério da Saúde, e tendo em vista os altos custos do poder público com aluguel, a prefeitura deslocou sua sede para a prédio e permitiu que outros órgãos o fizessem. "Além disso, o prédio estava se deteriorando", disse.

Uso inadequado - Mas, segundo afirmou o chefe do Serviço de Auditoria do Ministério da Saúde em Minas Gerais, João Batista da Silva, laudo técnico feito à época para averiguar as instalações do prédio constatou que a obra foi adequada para o hospital. As contas foram reprovadas após um segundo laudo, que constatou a ocupação incorreta. "O convênio foi assinado para um objeto e a legislação não permite que ele seja mudado", alertou, lembrando que o prédio não pode ser doado ao município em caso de reprovação de contas. Como a auditoria concluiu pela inadequação da obra, o Ministério da Saúde irá cobrar a readaptação do prédio, isto é, que ele passe a ser usado para o devido fim, sob pena de a prefeitura ter que devolver à União os recursos totais estimados para a construção do hospital.

Polêmicas marcam debate

O presidente da Câmara Municipal de Almenara, vereador Exupério Ferreira Pires, acusou o prefeito de não se empenhar pela instalação do hospital por ser sócio do único hospital particular de Almenara, que possui apenas mais uma unidade hospitalar, filantrópica. Segundo ele, um requerimento apresentado ao Ministério Público por uma comissão de médicos da cidade afirma existir, em Almenara, manipulação do Conselho Municipal de Saúde e remanejo inadequado de recursos da saúde aos hospitais. "Não aceito essas alegações, pois meu hospital só atende pacientes de convênio ou particulares. Além disso, há sobras de leitos na cidade", defendeu o prefeito. Para o ex-presidente do PT na cidade, Antenor Sena Aquino, a existência de leitos vagos na cidade não significa que o atendimento à população é satisfatório.

O ex-prefeito de Almenara Chauer Chequer Filho lembrou que buscou recursos junto ao Ministério da Saúde, enquanto ocupava o cargo, na tentativa de equipar o hospital, mas foi informado que a prioridade do órgão era recuperar hospitais já ativos para, só depois, alocar recursos para os recém-construídos. Houve troca da acusações entre ele e o atual prefeito, mas o presidente da Comissão, deputado Ricardo Duarte (PT), ponderou que aquele não era o fórum adequado para tais discussões.

Deputados defendem busca de consenso

Os deputados Célio Moreira (PL) e André Quintão (PT) destacaram a grande preocupação dos governos estadual e federal em regionalizar o atendimento à saúde. Segundo Célio Moreira, a medida é essencial para desafogar o atendimento dos grandes centros, sobrecarregados pela procura das pequenas cidades "O Plano Plurianual do governo estadual contempla recursos para a regionalização. Vamos debater esse problema e tentar garantir formas de efetivar o hospital de Almenara", endossou o deputado André Quintão, que é presidente da Comissão de Participação Popular.

A deputada Maria José Haueisen (PT) reforçou que a situação do atendimento médico na região é bastante grave. "É preciso acabar com a política de ambulâncias, que desloca pacientes entre cidades em busca de atendimento. As principais interessadas são as cidades vizinhas, portanto prefeitos e vereadores devem conjugar esforços em busca de uma solução - e não deixar que questões políticas locais prejudiquem o processo", destacou. O deputado Márcio Passos frisou que uma mobilização de políticos e entidades em busca da efetivação do hospital regional deve ser precedida da desocupação imediata do prédio pela prefeitura. "O que adianta pedir recursos em Brasília se a situação do convênio está irregular?", questionou Márcio Passos.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Ricardo Duarte (PT), ressaltou a importância do envolvimento de conselhos municipais de saúde independentes na execução de políticas públicas de saúde. O deputado lembrou, inclusive, o curso que a Assembléia de Minas está preparando, via Escola do Legislativo, para formação de pessoas aptas a integrar esses conselhos.

Requerimento - Os deputados Márcio Passos e Célio Moreira sugeriram que seja feito um levantamento sobre as reais necessidades da construção do hospital na região, para que a Comissão de Saúde possa cobrar providências e apoio ao governo estadual e ao Ministério da Saúde, Requerimento nesse sentido deve ser apresentado na próxima reunião.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente, Célio Moreira (PL), Maria José Haueisen (PT), Márcio Passos (PL) e André Quintão (PT), além dos seguintes convidados: Manoel Francisco Alves Silva, prefeito de Almenara; Aelson Ferreira Prates, secretário municipal de Saúde; o médico Arnaldo Pereira Silva; vereador Exupério Ferreira Pires, presidente da Câmara Municipal de Almenara; João Batista da Silva, chefe do Serviço de Auditoria do Ministério da Saúde/MG; William Rafael da Silva, técnico do Ministério da Saúde/MG; Chauer Chequer Filho, ex-prefeito de Almenara; e Antenor Sena Aquino, ex-presidente do PT de Almenara

 

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