Contas de Itamar Franco geram debate na Fiscalização Financeira

A polêmica em torno da aprovação do balanço geral do Estado relativo a 2002 marcou a reunião da Comissão de Fiscaliza...

24/09/2003 - 18:22
 

Contas de Itamar Franco geram debate na Fiscalização Financeira

A polêmica em torno da aprovação do balanço geral do Estado relativo a 2002 marcou a reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (24/9/2003). O parecer de turno único sobre a Mensagem 43/2003, elaborado pelo deputado Sebastião Helvécio (PDT), recomenda a aprovação do balanço e contém um projeto de resolução que aprova as contas do último ano do governo Itamar Franco. A aprovação foi criticada pelos deputados Chico Simões (PT), Mauro Lobo (PSB) e José Milton (PL), e a proposição não foi votada porque o deputado Doutor Viana (PFL) pediu vista do parecer.

O relator ressalva que, em 2002, o Estado descumpriu a Emenda à Constituição 29, que determinava o repasse de 9,5% da receita arrecadada com impostos e transferências federais livres, para a saúde. No ano passado, o Estado aplicou nos serviços de saúde 6,11% desses recursos. Outra irregularidade apontada no parecer é o descumprimento do repasse constitucional para a Fapemig. A Constituição Estadual determina o repasse de 1% da receita corrente ordinária, em parcelas mensais, para pesquisa, mas no ano passado, esse percentual limitou-se a 0,17%. O restante dos recursos só foi transferido em janeiro deste ano.

Mesmo com essas irregularidades, o relator aponta que os investimentos em educação superaram os limites mínimos fixados por dispositivos constitucionais. Ele lembra ainda que o déficit do orçamento do Estado em 2002 foi reduzido em 28%, e que o percentual de despesas com saúde empenhadas e efetivamente pagas chegou a 87,7%, o que também indica uma melhora em relação ao ano anterior. Além disso, para o relator, se forem considerados os investimentos de R$ 471,49 milhões nos serviços de saúde do Ipsemg, o Estado investiu em saúde o mínimo estabelecido pela Emenda 29. Por conta desses avanços, o deputado recomendou a aprovação do balanço do Estado de 2002. "As impropriedades verificadas não prejudicaram a gestão orçamentária e operacional do Estado", justifica.

Mas o parecer recebeu duras críticas dos deputados. "A Assembléia Legislativa tem sido cúmplice do descumprimento dos preceitos constitucionais. Até quando vamos continuar agindo dessa forma?", questionou o deputado Mauro Lobo. O deputado José Milton também não concordou com a aprovação das contas do governo passado. "O Itamar Franco fez todo mundo de bobo. Vários prefeitos foram chamados para assinar convênios fictícios, para receber ambulâncias e equipamentos hospitalares que nunca foram entregues", reclamou. Já o deputado Chico Simões criticou o descumprimento da Emenda 29. "Sempre obedecemos aos contratos do setor financeiro, mas esquecemos a dívida social. Na qualidade de médico, não posso aceitar isso", disse o deputado, que também não concorda com a inclusão dos repasses para o Ipsemg na rubrica de investimentos em saúde pública.

Pareceres aprovados

O PL 346/2003, do deputado Alberto Bejani (PL), que reduz a taxa de expediente que incide sobre o trânsito de produto de origem vegetal e aumenta a que incide sobre o cadastramento de agrotóxicos, recebeu parecer favorável. Atualmente, a taxa de emissão de documento que permite o transporte de produtos de origem vegetal é de 10 Ufemgs (Unidade Fiscal do Estado). Para o transporte de agrotóxicos, essa taxa é de 1.500 Ufemgs. O projeto altera esses valores para cinco e 2 mil, respectivamente. O relator, deputado Sebastião Helvécio, concluiu que essa alteração não deve trazer grande impacto financeiro para o Estado e opinou pela aprovação com a emenda no 1, da CCJ. Essa emenda faz uma pequena alteração técnica, sem modificar o conteúdo do projeto.

Também recebeu parecer favorável o PL 330/2003, do deputado Miguel Martini (PSB), que cria o Programa de Tratamento Específico à Prevenção da Infertilidade. O projeto determina que os hospitais públicos do Estado ofereçam tratamento gratuito para a infertilidade masculina e feminina. Na CCJ, o projeto recebeu um substitutivo, que cria uma campanha educativa para orientar a população sobre o tratamento e prevenção da infertilidade. O relator na FFO, deputado Mauro Lobo, conclui que o projeto também não trará impacto financeiro para o Estado e opinou pela aprovação na forma do substitutivo da CCJ.

Fabricação de genéricos pela Funed

O parecer sobre o Projeto de Lei (PL) 150/2003 também não foi votado por causa de um pedido de vista do deputado Chico Simões. De autoria do deputado Carlos Pimenta (PDT), o projeto determina o repasse de 50% do lucro líquido da Loteria Mineira para a Fundação Ezequiel Dias produzir medicamentos genéricos. O relator do projeto na FFO é o deputado Sebastião Helvécio.

Doação de imóveis

Também receberam parecer pela aprovação os seguintes PLs que autorizam doação de imóveis:

* 481 e 542/2003, do deputado Antônio Júlio (PMDB), que autorizam doação de imóveis para os municípios de Maravilhas e Igaratinga, respectivamente;

* 568/2003, do deputado Gil Pereira (PP), que autoriza doação de imóvel ao município de Monte Azul;

* 841 e 842/2003, do governador Aécio Neves, que autorizam doação de imóveis aos municípios de Ewbank da Câmara e Divinópolis, respectivamente.

Pareceres pela rejeição

Duas proposições receberam parecer pela rejeição. O PL 832/2003, do deputado Leonardo Moreira (PL), que dá isenção de ICMS para as operações de compra de tratores e implementos agrícolas, foi redistribuído para o deputado Chico Simões. O projeto prevê o benefício para cooperativas, associações e organizações sem fins lucrativas que desenvolvam unicamente atividades agrícolas dentro do Estado. Chico Simões alega que qualquer alteração no ICMS depende de convênio a ser firmado no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Além disso, o relator lembra que a Lei de Responsabilidade Fiscal determina o estudo do impacto financeiro resultante da concessão de benefícios fiscais, razão pela qual opinou pela rejeição.

Outra proposição rejeitada é o PL 233/2003, do deputado Leonardo Quintão (PMDB), que estabelece normas para a realização de transações de créditos tributários. O objetivo, segundo o autor, é impedir a concessão de incentivos fiscais sem amparo legal. Mas, para o relator, deputado Mauro Lobo, há várias impropriedades no projeto. De acordo com ele, a hipótese de parcelamento do crédito tributário objeto da transação, prevista no artigo 2o do projeto, considera impropriamente o parcelamento como hipótese de extinção do crédito tributário. Além disso, o relator aponta que o artigo 3o confunde transação com compensação, ao prever a hipótese de compensação do crédito tributário objeto de transação com créditos líquidos, certos e não prescritos contra a Fazenda Estadual.

Prazo regimental - O Ofício do Tribunal de Contas 1/2003, que encaminha a prestação de contas do órgão relativa a 2002, foi retirado de pauta, por determinação do presidente da comissão, por não cumprir pressupostos regimentais.

Requerimentos - Foram aprovados três requerimentos durante a reunião:

* do deputado Chico Simões, que pede a realização de audiência pública para discutir o Fundo de Incentivo à Industrialização e o Fundo de Desenvolvimento Minerometalúrgico, com representantes dos grupos coordenadores e dos agentes financeiros de ambos;

* do deputado Irani Barbosa (PL), que pede novamente ao DER-MG informações sobre os contratos firmados com os consórcios Tercan/Queiroz, Galvão-ANG/Barbosa Melo e Carioca/Servemg, para construção da BR 381;

* do deputado Miguel Martini (PSB), que pede a realização de audiência pública para discutir a legalidade da cobrança do ISS sobre os planos de saúde, com representantes do Tribunal de Contas, da Unimed, do Sindicato dos Médicos e da Procuradoria Geral da PBH.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ermano Batista (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PL), vice; Chico Simões (PT); Doutor Viana (PFL); José Henrique (PMDB); Mauro Lobo (PSB); e Sebastião Helvécio (PDT).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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