Brasil tem grandes perspectivas com a produção de
álcool
A crescente preocupação mundial com a busca de
alternativas energéticas ao petróleo, como o álcool, abre para o
Brasil uma grande possibilidade de geração de riqueza, emprego e
renda, já que o país é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo,
com 27,7% da produção mundial. Essa foi uma das conclusões da
reunião desta terça-feira (16/9/2003) da Comissão de Política
Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas. O
encontro reuniu diversos convidados e autoridades para debater a
possibilidade de reativação do Pró-Álcool, programa do governo
federal de incentivo à produção de álcool combustível.
O deputado Doutor Viana (PFL), autor do
requerimento que possibilitou a reunião, apresentou uma série de
dados históricos e atuais sobre o setor sucroalcooleiro no Brasil e
em Minas. Ele lembrou, por exemplo, que o país exporta 500 milhões
de litros de álcool por ano, mas o potencial é muito superior.
Somente o Japão deverá demandar o consumo de 12 bilhões de litros
por ano, o que equivale a toda a produção nacional.
Mas o país precisa adotar uma política agrícola que
seja capaz de consolidar sua confiabilidade junto ao mercado
internacional. O alerta foi feito pelo presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Gilman Viana
Rodrigues. O coordenador-geral de Acompanhamento e Avaliação do
Departamento de Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura,
José Nilton de Souza Vieira, lembrou a crise de abastecimento de
álcool no início dos anos 90 e disse que os usineiros trabalham com
planejamento de curto prazo, ora produzindo açúcar, ora álcool,
dependendo do preço dos produtos no mercado. Ele alertou para a
necessidade de uma programação visando o médio e o longo prazos. Mas
o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool e da
Indústria do Açúcar em Minas Gerais, Luiz Custódio Cotta Martins,
procurou tirar a culpa dos produtores.
Descentralização da produção - O secretário de Estado da Agricultura, Odelmo Leão Carneiro
Sobrinho, também mostrou números comprovando a potencialidade do
setor sucroalcooleiro e acatou a sugestão do deputado Domingos Sávio
(PSDB) de analisar um projeto de descentralização da produção de
álcool. O projeto, trazido à reunião pelo engenheiro agrônomo José
Maria Mendes, demonstra a viabilidade da fabricação de álcool em
pequenas propriedades rurais, assim como já acontece com o
leite.
Os deputados Padre João (PT) e Luiz Humberto
Carneiro (PSDB) fizeram diversos questionamentos aos convidados,
principalmente no que diz respeito aos riscos de a agricultura se
transformar em monocultura. Gilman Viana respondeu que é a
rentabilidade que direciona a cultura de determinada área, ou seja,
os produtores rurais investirão naquilo que for mais vantajoso. Mas
o governo pode restringir o crédito agrícola e a assistência técnica
em determinadas regiões, induzindo os agricultores a mudar suas
plantações.
Requerimentos - A comissão
aprovou dois requerimentos do deputado Padre João. Um deles pede que
a audiência pública para discutir a situação dos pequenos produtores
rurais de Piranga e região seja realizada na cidade de Rio Espera. O
outro solicita que a comissão, em conjunto com representantes de
diversas entidades, faça uma visita à ministra das Minas e Energia,
Dilma Rouseff, para discutir um novo programa de estímulo à produção
de álcool no país. Foi aprovado ainda um requerimento do deputado
Domingos Sávio solicitando uma audiência pública em Bom Despacho
para debater incentivos para os produtores de milho do Centro-Oeste
mineiro.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Padre João (PT), que a presidiu; Doutor
Viana (PFL), que presidiu a parte final; Luiz Humberto Carneiro
(PSDB); Domingos Sávio (PSDB); Paulo Piau (PP); e Ricardo Duarte
(PT).
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