Construção de barragens do Projeto Jequitaí começa em
janeiro
O início da construção, em janeiro de 2004, das
duas barragens previstas no Projeto Jequitaí, destinado à geração de
energia e irrigação no Norte de Minas foi anunciado pela secretária
extraordinária de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Mucuri,
Jequitinhonha e Norte de Minas, deputada Elbe Brandão (PSDB), nesta
segunda-feira (15/9/2003). O assunto foi tema de audiência pública
da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia
Legislativa, em Pirapora. A secretária informou ainda que, para a
construção das barragens, estão destinados R$ 15 milhões do
orçamento da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco
(Codevasf).
Ao todo, o projeto abrangerá uma área de 36 mil
hectares, em torno das cidades de Francisco Dumont, Jequitaí, Claro
dos Poções, gerando 50 mil empregos diretos e indiretos. O forte da
região é a produção de frutas, como uvas e a atemoia - um produto
híbrido de graviola com pinha, desenvolvido por produtores
regionais. "Queremos transformar essa região na 'Califórnia
brasileira'", disse Elbe Brandão durante a reunião que contou com a
presença de cerca de 150 pessoas, entre autoridades locais,
produtores de frutas e investidores. Com o projeto, a estimativa é
de uma produção de 600 mil toneladas de frutas nobres e a receita de
R$ 30 milhões anuais.
Projeto reduzirá custos do produtor com
energia
A importância do Projeto Jequitaí para os
produtores é grande porque reduzirá o custo de energia elétrica para
as áreas irrigadas. A idéia é que a própria barragem construída gere
energia capaz de bombear a água para irrigação nas cidades da
região. Para a deputada Ana Maria Resende (PSDB), autora do
requerimento solicitando a reunião, é essencial que as diferenças
partidárias sejam superadas para que o projeto aconteça, saia do
papel. Mesma opinião tem o deputado Fábio Avelar (PTB): "Temos que
unir as bancadas do Norte de Minas, acima das bancadas partidárias.
A quantidade e qualidade das presenças hoje é um atestado da força
política da região".
Como o Jequitaí é um afluente da margem direita do
Rio São Francisco, o deputado Wanderley Ávila (PPS) acredita que o
projeto, que é parte do Programa de Revitalização do São Francisco,
deve ser bem avaliado para não afetar o rio. Para o deputado Carlos
Pimenta (PDT), também é importante cuidar da revitalização dos rios
e evitar que os esgotos caiam nas águas. Segundo ele, o replantio
das matas fluviais que foram destruídas também é fundamental.
O deputado Doutor Ronaldo (PDT) apóia o projeto
Jequitaí como também a instalação de uma faculdade de ensino
superior, de acordo com a vocação regional. Ilmar Bastos Santos, da
Feam, e Luiz Chaves, do Iter, adotaram também posição de expectativa
em relação ao projeto, sem, contudo, criar obstáculos.
Após a audiência pública, os deputados da Comissão
de Meio Ambiente e autoridades participantes, visitaram a plantação
de frutas de uma cooperativa, a Associação dos Usuários do Projeto
Pirapora (Auppi), que produziu 25 mil toneladas de uva por ano.
Segundo Clementino Coelho, da Codevasf, cada emprego direto na
agricultura irrigada com o Projeto Jequitaí custará R$ 25 mil, bem
menos que o custo de cada emprego direto na fábrica da Ford, na
Bahia, que foi de R$ 72 mil.
Requerimento - O deputado
Carlos Pimenta apresentou requerimento, que deve ser votado na
próxima reunião, solicitando que seja dada seqüência à reunião,
realizando em Belo Horizonte audiência pública para debater a forma
de participação da Cemig no empreendimento. Serão convidados
representantes da Codevasf, Cemig, a secretária extraordinária de
Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Mucuri, Jequitinhonha e
Norte de Minas, deputada Elbe Brandão (PSDB), e o secretário
estadual de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer.
Uso do Jequitaí previsto há mais de 10 anos
A idéia de aproveitar as águas do Jequitaí tem mais
de 10 anos, com a Codevasf tendo encomendado estudo técnico em 1992.
O projeto prevê a construção de duas barragens, chamadas Jequitaí I
e II, que terão a função de regular e controlar as vazões do rio,
além de elevar o nível da água até as cotas adequadas para
irrigação, conforme informações da Codevasf, que faz parte da
estrutura do Ministério da Integração. A área irrigada deve ser de
36 mil hectares. Do total, cerca de 19 mil hectares serão ocupados
por pequenos irrigantes e cerca de 7 mil por empresários. As
barragens servirão para abastecer o projeto de irrigação.
A geração de energia também será um produto do
Projeto Jequitaí, com um potencial instalado previsto de 20
megawats. Os municípios a serem atingidos estão dentro da Área
Mineira da Sudene. Pelo projeto, há previsão de se explorarem
culturas de uva, manga, banana, algodão, abacaxi, melão. A previsão
de gastos totais para todo o projeto é de U$ 246 milhões, valor que
está sendo revisto, de acordo com técnicos da Codevasf.
Presenças - Compareceram à
reunião, os deputados Doutor Ronaldo (PDT), que presidiu a reunião;
Fábio Avelar (PTB); Carlos Pimenta (PDT); Wanderley Ávila (PPS); e
Ana Maria Resende (PSDB). Além das autoridades citadas na matéria,
participaram da reunião o presidente da Fundação Estadual do Meio
Ambiente (Feam), Ilmar Bastos Santos, representando o secretário do
Meio Ambiente; o superintendente do Instituto de Terras do Estado de
Minas Gerais (Iter), Luiz Chaves; o prefeito de Pirapora, Leônidas
Almeida; o presidente da Câmara Municipal, Ildemar Cordeiro; o
deputado federal Athos Avelino (PPS); Clementino Coelho, da
Codevasp; e os prefeitos das cidades de Santa Fé de Minas, Ponto
Chique, Francisco Dumont, Engenheiro Navarro, Claro dos Poções,
Bocaiuva, Buritizeiro, Ibiaí, Jequitaí, Lagoa dos Patos, São Romão e
Lassance. Esses prefeitos compõem a Associação dos Municípios do
Médio São Francisco (Ammesf).
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