Morte de preso em Venda Nova tem versões contraditórias

Dois deputados da Comissão de Direitos Humanos se deslocaram, na manhã desta quinta-feira (11/9/2003), até a 7ª Deleg...

11/09/2003 - 14:41
 

Morte de preso em Venda Nova tem versões contraditórias

Dois deputados da Comissão de Direitos Humanos se deslocaram, na manhã desta quinta-feira (11/9/2003), até a 7ª Delegacia Seccional de Venda Nova, para apurar as causas da morte do preso Rubens de Oliveira Lopes. Segundo o delegado da seccional, Marco Antônio de Paula Assis, o detento teria morrido após ser pisoteado por outros presos, durante tentativa de fuga, na tarde da última segunda-feira (8), mas teria saído com vida da delegacia. Assis destacou também que já foram instaurados dois inquéritos para apurar as circunstâncias da fuga.

A mãe de Rubens, Maria Auxiliadora de Oliveira, porém, discorda da versão oficial e sustenta que seu filho foi baleado. Ela disse que Rubens de Oliveira havia sido transferido da Delegacia de Furtos e Roubos, na última sexta-feira (5), onde tinha cumprido quatro anos da sua pena de 11 por assalto e latrocínio. Maria Auxiliadora relatou aos deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão, e Roberto Ramos (PL), vice, que recebeu um telefonema na segunda-feira, pedindo que ela fosse depressa para a delegacia, pois estavam espancando seu filho.

Quando chegou à delegacia, continuou Auxiliadora, informaram que seu filho já estava no Hospital de Pronto Socorro de Venda Nova. Ela se dirigiu para lá, onde disseram que o rapaz já havia chegado morto ao local. Encontrou o filho ensangüentado, com marcas de espancamento, a cabeça inchada e enfaixada, o corpo todo "amassado" e uma marca de bala no rosto.

Presos entregam cápsulas aos deputados

Durante a visita que fizeram às dez celas da delegacia, os dois deputados receberam de presos várias cápsulas de balas que teriam sido disparadas por policiais durante a tentativa de fuga. Em entrevista à imprensa após à visita, Durval Ângelo (PT) revelou que, segundo os presos, a Polícia entrou atirando na cela 10, onde estava Rubens de Oliveira. O preso teria sido morto por policiais dentro da cela.

O laudo pericial deve ficar pronto na próxima semana, de acordo com o deputado. "Só com esse documento nas mãos, a comissão poderá obter conclusões mais precisas sobre o caso", disse Durval Ângelo, informando também que o advogado da família do preso, Fernando Santana, vai entrar com uma ação indenizatória contra o Estado. A alegação é de que Rubens de Oliveira, detento condenado, que já deveria ter sido transferido para uma penitenciária, morreu numa delegacia, em descumprimento à Lei de Execuções Penais.

22 por cela - A Seccional de Venda Nova, apesar de não estar em situação tão extrema como a da Furtos e Roubos, também está superlotada. São 220 detentos, 60% condenados, em dez celas (média de 22 presos por cela), com um espaço de menos de um metro quadrado para cada um. Na tentativa de fuga, além do preso morto, outros três ficaram feridos: Sandro Eduardo Marques Brito, Eduardo Rodrigues Gomes e Rodrigo Flávio dos Santos. Esse último perdeu a visão em um olho devido a um estilhaço de bala.

Presenças - Compareceram à visita os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Roberto Ramos (PL), vice-presidente. Acompanhou a comissão o representante da Pastoral Evangélica, Roberto Luiz da Silva.

 

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