Comissão quer ouvir Fiat, concessionárias e cegonheiros

Representantes da Fiat, suas concessionárias e dos cegonheiros, além do secretário da Fazenda, serão convidados a fal...

10/09/2003 - 19:47
 

Comissão quer ouvir Fiat, concessionárias e cegonheiros

Representantes da Fiat, suas concessionárias e dos cegonheiros, além do secretário da Fazenda, serão convidados a falar à Comissão Especial do Transporte de Automóveis da Assembléia de Minas. Requerimentos nesse sentido foram aprovados nesta quarta-feira (10/9/2003) pela comissão, que ouviu seus dois primeiros convidados: os consultores da Assembléia Mauro Bomfim e Délio Malheiros, especializados em tributos e defesa do consumidor. Maior fiscalização por parte do governo sobre transportadoras, adquirentes de veículos e fabricantes foi sugerida pelo consultor Mauro Bonfim, que falou sobre a cobrança de ICMS. Já Délio Malheiros relatou caso envolvendo a Fiat e a concessionária Motora, ocorrido há três anos, relativo à cobrança de frete (leia abaixo).

O relator da comissão e autor do requerimento que a originou, deputado Irani Barbosa (PL), informou o caso da concessionária Cima Comercial Mineira de Automóveis, de Itabira, cujos representantes legais também falarão aos deputados. De acordo com Irani Barbosa, entre setembro de 1992 e fevereiro de 1993, a Fiat teria vendido diretamente a um único consumidor, a construtora Ourivio, 1 mil automóveis. Essa construtora, seria, no entanto, do mesmo grupo que controlava a concessionária, o Grupo Geo. De acordo com o parlamentar, a Fiat teria emitido as notas fiscais para a Ourivio, mas os veículos teriam sido entregues à concessionária Cima - que, por sua vez, os vendia em nome da construtora, cobrando ágio. Essa concessionária teria sido multada pela Secretaria da Fazenda por sonegação fiscal, meses depois de ter trocado de dono. O deputado questionou a Fiat e o fato de o Conselho dos Contribuintes ter, segundo ele, eximido a fabricante.

Caso da concessionária Motora e da Fiat é relatado pelo consultor Délio Malheiros

A comissão vai solicitar ao Procon Assembléia documentação encaminhada pela concessionária Motora ao órgão, há cerca de três anos. A solicitação, contida em requerimento do deputado Irani Barbosa (PL), foi feita após o relato do consultor Délio Malheiros. O consultor, especializado em defesa do consumidor, contou aos deputados que, quando atuava no Procon Assembléia, recebeu da Motora documentação "preocupante e grave". De acordo com a documentação, a concessionária tinha de devolver à Fiat parte do que cobrava do consumidor como frete. A alegação da fabricante era a de que parte dos recursos tinha que ser ressarcida, a fim de custear o estacionamento de veículos, antes do embarque nas cegonheiras com destino à concessionária. Ele informou que essa concessionária foi desautorizada pela Fiat de comercializar seus carros.

Ainda de acordo com Délio Malheiros, o Procon Assembléia, em contato com o secretário da Fazenda de Betim, foi informado de que a Fiat não recolhia ISS a título de aluguel de estacionamento. Graças à interferência do órgão, Betim acabou recebendo da Fiat o que lhe era devido de imposto, segundo relato do consultor. Afirmando que "frete no Brasil é uma verdadeira caixa preta", Délio Malheiros afirmou aos deputados que, neste caso, o consumidor foi lesado, pois pagou algo a título de frete que não era, na realidade, frete. Por sugestão do consultor, a comissão ouvirá o representante das concessionárias Fiat sobre o tema.

Outro assunto abordado por Malheiros foi a venda, em leilões, pelas seguradoras, de veículos "salvados" - remontados a partir de carros roubados, com o aproveitamento do chassis original.

Consultor fala sobre fiscalização e substituição tributária

O consultor Mauro Bomfim, especializado em tributos, afirmou que é necessário um esforço do governo estadual para aumentar a fiscalização sobre o ICMS. Segundo ele, há hoje cerca de 2 mil contribuintes de ICMS no Estado que dominam 80% da arrecadação. No total, existem cerca de 400 mil contribuintes em Minas. Apesar de o setor automobilístico provavelmente estar incluído nesse rol de 2 mil contribuintes, o consultor sugeriu que a fiscalização se detenha também sobre os adquirentes dos veículos e transportadoras, além de apurar se os carros estão indo, de fato, para as concessionárias. Ele repercutiu o caso relatado pelo deputado Irani Barbosa (PL) sobre a concessionária Cima, de Itabira.

Mauro Bomfim lembrou que os transportadores são obrigados a pagar a alíquota genérica do ICMS de 18%, enquanto os fabricantes de automóveis podem fazer o recolhimento antecipado (substituição tributária), na saída do veículo, no índice de 12%. Tendo em vista esse cenário, ele levantou uma série de questões que precisariam ser apuradas: se o recolhimento ocorre de fato e se quem o faz é o fabricante ou o transportador; se há terceirização do transporte pelo fabricante; e se há pessoas não cadastradas como contribuintes de ICMS que poderiam estar praticando evasão ou sonegação fiscal. Apesar das limitações da comissão, o consultor sugeriu que seja apurado o número de contribuintes transportadores de veículos cadastrados no Cadastro Geral de ICMS do Estado, bem como o volume de imposto recolhido, entre outros dados.

Comissão quer documentação da Fiat; requerimentos convidam empresas a falarem

A comissão aprovou ainda requerimentos da deputada Marília Campos e do deputado Laudelino Augusto, ambos do PT, para ouvir o ex-secretário adjunto da Fazenda Antônio Luiz Bernardes; além do representante da Associação das Concessionárias Fiat; do diretor financeiro e comercial da Fiat; de ex-diretores da concessionária Motora e do presidente do Sindicato dos Cegonheiros, por sugestão do deputado Irani Barbosa (PL), relator, e do consultor Délio Malheiros. Os parlamentares também querem ouvir o que têm a dizer os representantes legais das empresas Cima Comercial Mineira de Automóveis; Mecominas - Mecanização e FMP; CSD - Engenharia e Comércio; construtora Ourivio; Soauto Comércio e Locação de Veículos e Grupo Geo.

Outro requerimento dos deputados do PT, também aprovado, solicita a presença do secretário de Estado da Fazenda; de representante do Conselho de Contribuintes do Estado; e dos procuradores-regionais da Fazenda Estadual/Metalúrgica, Vilma Rogério Cândido, e Metropolitana SR-1, Onofre Júnior.

Fiat - A Fiat também é objeto de outro requerimento do deputado Laudelino Augusto e da deputada Marília Campos. Eles solicitam os seguintes documentos: contrato firmado com as transportadoras de seus produtos; dados das transações comerciais com a Ourivio e Cima (nota fiscal da venda em questão; conhecimento de transporte dos produtos; comprovante do registro dos negócios - "Diário, "Razão" e "Caixa" e "Banco"). Por sugestão do deputado Irani Barbosa, foi incluída a solicitação das apólices de seguros dos veículos transportados.

Outros requerimentos de solicitação de informações aprovados

Outros requerimentos da deputada Marília Campos (PT) e deputado Laudelino Augusto (PT) aprovados pela comissão tratam dos seguintes assuntos:

* solicitação à Secretaria de Estado da Fazenda da relação de todas as autuações fiscais por créditos e débitos decorrentes da produção, transporte e vendas do setor automobilístico no Estado, relativamente ao IPI, ICMS e ISS, nos cinco últimos exercícios fiscais, inclusive o em andamento, referente às seguintes empresas: Cima Comercial Mineira de Automóveis; Mecominas - Mecanização e FMP; CSD - Engenharia e Comércio; construtora Ourivio; Soauto Comércio e Locação de Veículos e Grupo Geo;

* levantamento, no Cartório Civil de Registro das Pessoas Jurídicas e Junta Comercial, e demais órgãos competentes, dos atos constitutivos das seguintes empresas, com suas possíveis alterações até esta data: Cima, Mecominas, CSD, Ourivio, Soauto e Grupo Geo;

* levantamento, pela Procuradoria Fiscal do Estado, de possíveis processos em tramitação, referentes a créditos e débitos decorrentes da produção, transporte e vendas do setor automobilístico, relativamente ao IPI, ICMS e ISS, nos quais as empresas acima sejam parte.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sebastião Helvécio (PDT), presidente; Laudelino Augusto (PT), vice; Irani Barbosa (PL), Luiz Fernando Faria (PSDB), Antônio Júlio (PMDB) e deputada Marília Campos (PT).

 

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