Autoridades apóiam criação de ouvidoria do sistema penitenciário

A criação de uma ouvidoria para o sistema penitenciário recebeu o apoio de autoridades da área de segurança pública, ...

10/09/2003 - 19:10
 

Autoridades apóiam criação de ouvidoria do sistema penitenciário

A criação de uma ouvidoria para o sistema penitenciário recebeu o apoio de autoridades da área de segurança pública, que participaram de reunião conjunta das comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Assembléia de Minas nesta quarta-feira (10/9/2003). A reunião foi convocada a pedido do deputado Pastor George (PL), autor de um projeto de lei que cria esse serviço. "A criação da ouvidoria é uma idéia que deverá ser melhorada. O objetivo dessa reunião é buscar subsídios para a elaboração do projeto", explicou o deputado.

O projeto de lei, que recebeu o número 47/2003, mas foi retirado de tramitação a pedido do autor, autoriza o poder Executivo a criar a ouvidoria e descreve suas atribuições. O novo órgão seria responsável por acompanhar o cumprimento das sentenças judiciais, apurar denúncias de fatos que estejam dificultando o cumprimento das penas, apresentar sugestões para melhorar as condições da vida prisional e propor ao órgão competente a apuração de irregularidades cometidas por funcionários das penitenciárias. A proposição também estabelece que a ouvidoria terá que buscar a integração com o Poder Judiciário.

"Estamos de acordo com propostas como essa, pois os funcionários (da Secretaria de Estado de Defesa Social) precisam saber até onde podem ir e o que podem fazer", afirmou o subsecretário de Estado de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro. O projeto também foi elogiado pelo subsecretário de Estado de Direitos Humanos, João Batista de Oliveira. "Nós, que já enfrentamos um Estado opressor, vemos iniciativas de defesa da democracia com bons olhos. A criação da subsecretaria de Direitos Humanos mostra a intenção do Estado em levar essa discussão para todos os níveis do governo", disse.

Ouvidoria deve atuar preventivamente

O coordenador do Centro de Apoio Operacional de Combate ao Crime Organizado, procurador André Ubaldino, defendeu mudanças na redação do projeto. Ele sugeriu que a ouvidoria trabalhe integrada também com o Ministério Público (MP), e não só com o Judiciário, como estabelece o texto original. "É preferível que essa ouvidoria se aproxime do MP para propor medidas preventivas, não só corretivas", propôs.

Já a representante da Defensoria Pública do Estado, Andréia Abrita, defendeu a presença ativa do órgão na ouvidoria. "Não consigo pensar numa ouvidoria do sistema penitenciário sem a participação da Defensoria Pública, pois 80% da massa carcerária é composta por pessoas pobres, que não têm condição de pagar pelos serviços de um advogado. Eu sugiro inclusive que o ouvidor seja um egresso da Defensoria", disse. Segundo ela, no Rio de Janeiro, estado cuja defensoria pública é considerada modelo, praticamente não ocorrem rebeliões nos presídios, embora a capital seja uma das cidades mais violentas do país.

A eficiência do método Apac e a necessidade de garantir melhores condições de trabalho para os policiais que fazem a guarda dos presos também foram lembradas pelos participantes. Encerrando a reunião, o deputado Durval Ângelo (PT), que a presidiu, também manifestou seu apoio à criação da ouvidoria. "Esse projeto é de grande interesse público porque se faz cada vez mais necessário o controle externo sobre as atividades do Estado", disse.

Presenças - Estiveram presentes os deputados Durval Ângelo (PT), que presidiu a reunião; Pastor George (PL); Roberto Ramos (PL); Zé Maia (PSDB); e Roberto Carvalho (PT). Também participaram da reunião o subcorregedor da Polícia Civil, José Judson da Silva; o representante da Academia da Polícia Civil, Simeão Lopes; a presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Emely Vieira Salazar; o presidente da Associação dos Delegados de Minas Gerais, Orlando Antunes de Oliveira; o representante do Sindicato dos Delegados de Minas Gerais, Djalma Antônio Ferraz; o presidente do Conselho Estadual de Criminologia e Política Criminal, José Fernandes Mota; o representante do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Joaquim Alves de Andrade; e o ouvidor da Polícia Civil, José Francisco.

 

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