Secretário garante transferência de 100 presos até fim do mês

Cerca de 100 presos das delegacias de Furtos e Roubos e de Tóxicos e Entorpecentes deverão ser transferidos até o fin...

09/09/2003 - 17:54
 

Secretário garante transferência de 100 presos até fim do mês

Cerca de 100 presos das delegacias de Furtos e Roubos e de Tóxicos e Entorpecentes deverão ser transferidos até o final deste mês. A garantia foi dada nesta terça-feira (9/9/2003) pelo secretário de Estado da Defesa Social, Lúcio Urbano, e pelo subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro. Os dois participaram de reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia de Minas, convocada a pedido do deputado Sargento Rodrigues (PDT), para debater o problema da superlotação e as condições de trabalho dos policiais nessas duas delegacias.

A próxima transferência da Furtos e Roubos, segundo o subsecretário de Administração Penitenciária, está programada para o dia 15 de setembro. No dia 22, devem ser transferidos para penitenciárias os presos sentenciados da delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, que também está superlotada. Ainda de acordo com o subsecretário, no dia 29, deve ocorrer mais uma transferência de presos da Furtos e Roubos. Ele disse não saber determinar o número exato de transferidos, pois isso depende da liberação de vagas nas penitenciárias. "Não existem vagas virtuais, essas transferências só podem se dar com a criação de novas vagas no sistema", disse Agílio Monteiro.

Na última quinta-feira (4), 40 presos já condenados que cumpriam pena na Furtos e Roubos foram transferidos para as penitenciárias Nelson Hungria e José Maria Alkimim. A transferência foi motivada pela chamada "ciranda da morte", em que 19 detentos foram assassinados pelos próprios colegas de cela, apenas neste ano. O motivo das mortes é a disputa por espaço, já que a delegacia, projetada para receber 80 presos, abrigava 462 detentos.

A superlotação das cadeias deve ser atenuada com a construção de novas penitenciárias. Segundo Lúcio Urbano, já estão concluídas três novas unidades, localizadas em Uberlândia, São Joaquim de Bicas e Pará de Minas. "Temos condições de iniciar as transferências de presos para essas unidades a partir de 30 de setembro", garantiu o secretário. Além disso, estão em fase de conclusão as obras dos presídios de Juiz de Fora e Francisco Sá, de uma nova ala no presídio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, e da cadeia pública de Araguari.

Mas a construção dessas unidades carcerárias não vai aliviar a superlotação na Furtos e Roubos e na Tóxicos, em Belo Horizonte. O subsecretário de Administração Penitenciária garantiu que os novos presídios e penitenciárias atenderão os sentenciados das comarcas onde estão localizados. A solução definitiva para a superlotação nas cadeias da capital seria resolvida, de acordo com Agílio Monteiro, somente com a construção de oito novas unidades na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Polícia será liberada da guarda de presos

Outro investimento do Estado no sistema prisional é a criação da guarda penitenciária, que vai liberar policiais civis e militares da guarda dos presos. Segundo o secretário de Defesa Social, a guarda penitenciária vai ser formada por 5 mil homens, que serão recrutados por meio de concurso público. Com a criação da guarda, ainda sem data definida, serão liberados 1,7 mil policiais militares e mil civis que atualmente tomam conta dos presos nas cadeias do Estado. Atualmente, apenas a Polícia Civil é responsável pela custódia de 6 mil presos condenados, número superior ao de detentos que cumprem pena nas penitenciárias, que somam 5 mil.

A criação da guarda penitenciária, aliás, vai garantir melhores condições de trabalho aos policiais e permitir que a polícia cumpra sua obrigação constitucional, conforme explicou o chefe da Polícia Civil, Otto Teixeira. "A situação dos policiais é realmente difícil. Mas novos projetos, como maior integração com a Polícia Militar e montagem de plantão em todas as seccionais, só poderão ser executados quando estivermos liberados de fazer a guarda dos presos", disse o delegado.

Mas apenas esses investimentos não serão capazes de solucionar todos os problemas de segurança pública do Estado, na opinião dos representantes da Secretaria de Defesa Social. "Mensalmente surgem 250 novos condenados em Minas, e para absorvê-los seria preciso construir uma nova penitenciária por mês. Além disso, não se pode conviver com um modelo penitenciário que recupera apenas 15% dos presos", afirmou Agílio Monteiro. Já Lúcio Urbano defendeu mudanças na legislação como forma de atenuar os problemas de segurança pública. "A legislação processual penal tem que ser atualizada. A Lei de Execuções Penais não atende à realidade das penitenciárias", disse o secretário.

Deputado cobra memorial dos direitos humanos

O deputado Rogério Correia (PT) cobrou a transformação do Deoesp em um memorial dos direitos humanos. "Não é possível o Deoesp continuar funcionando em um local que já foi centro de tortura durante a ditadura militar. Esse é um problema político; levem isso em consideração", pediu o deputado. Mas Agílio Monteiro descartou a desativação da delegacia ainda neste ano. "Não existe prioridade política que seja superior à prioridade da vida humana. Dezenove pessoas já morreram neste ano na Furtos e Roubos e a ciranda da morte pode continuar", rebateu o subsecretário.

Já o deputado Alberto Bejani (PL) disse que é preciso reconhecer o esforço do governo Aécio Neves em buscar soluções para os problemas de segurança pública, mesmo com a crise financeira do Estado. "É bom que a gente reconheça que esse governo tem pouco mais de oitos meses, e o descaso com a segurança já dura décadas", disse. O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues, concordou com o colega, e defendeu que as celas das penitenciárias passem a abrigar dois detentos, em vez de um, como determina a Lei de Execuções Penais. "Desobediência maior (à lei) é colocar em risco a vida humana nas delegacias", disse.

O deputado Célio Moreira (PL) defendeu a construção de uma Apac em Belo Horizonte, enquanto o deputado Leonídio Bouças (PTB) cobrou melhor distribuição do efetivo policial no Estado. Já o deputado Zé Maia (PSDB) defendeu maiores investimentos na área de inteligência, como forma de fortalecer a Polícia Civil.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos. Um, do deputado Sargento Rodrigues, pede a elaboração de um laudo técnico sobre as condições de trabalho dos policiais da Delegacia de Furtos e Roubos e do Departamento de Investigações. Com base nesse laudo, a Comissão de Segurança Pública pode mover uma ação contra o Estado pelas condições de trabalho insalubres dos policiais, conforme explicou o deputado. Outro requerimento, do deputado Alberto Bejani, pede à Polícia Civil informações sobre a destinação de 200 caixas de cigarro apreendidas no dia 8 de agosto, na BR 040, no veículo dirigido por Márcio Antônio Alves.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Alberto Bejani (PL), vice; Rogério Correia (PT); Zé Maia (PSDB); Leonardo Moreira (PL); Mauro Lobo (PSB); Célio Moreira (PL); Miguel Martini (PSB); e Leonídio Bouças (PTB). Também estiveram presentes os delegados Carlos Humberto Malheiros, Marcelo Machado, Eduardo Pacheco e Elson Matos.

 

 

 

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