Secretário explica vetos ao PL que trata do
apostilamento
A Comissão Especial formada para dar parecer sobre
o veto parcial do governador à Proposição de Lei 15.585, que acaba
com o apostilamento no serviço público estadual, aprovou, na última
quinta-feira (4/9/2003), o parecer do relator, deputado Antônio
Carlos Andrada (PSDB), favorável à manutenção do veto. Os itens
vetados tratam principalmente da restauração do direito ao
apostilamento, resultado de emendas apresentadas pelos
deputados.
Foram realizadas três reuniões da comissão na
quinta-feira. Na parte da manhã, houve uma audiência pública, quando
o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Antônio Augusto
Anastasia, justificou os vetos para os deputados e representantes do
funcionalismo público. À tarde, o parecer do relator foi distribuído
em avulso aos demais integrantes da comissão. O relatório foi
aprovado à noite, por quatro votos a um. O voto contrário foi da
deputada Maria José Haueisen (PT). O deputado Antônio Carlos Andrada
acatou, em seu parecer, sugestão dos representantes do Ipsemg e
incluiu no texto a necessidade de se encontrar uma solução para a
situação do servidor que vem recebendo remuneração de cargo em
comissão, mesmo já tendo dele sido afastado.
Debates - Na audiência
pública, o secretário Antônio Augusto Anastasia discutiu com
deputados e representantes do funcionalismo as razões do veto. A
audiência foi solicitada pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e
teve o objetivo de oferecer subsídios ao relator para a elaboração
do parecer. Antônio Carlos Andrada elogiou o ineditismo da
iniciativa, já que não se tem notícia da realização de audiência
pública para debater vetos a proposições de lei.
Os servidores públicos apelaram para o caráter
social da questão. Com um discurso emocionado, a presidente do
Colegiado de Diretores de Belo Horizonte, Maria José Abdala Santos
Afonso, disse que os diretores de escolas trabalham com paixão e
muitas vezes renunciando ao convívio familiar. "Com o veto,
ficaremos sem referência sobre o que fomos e o que seremos", disse
ela, pedindo que os deputados rejeitem o veto ao parágrafo 6º do
artigo 1º da proposição, que garante o apostilamento aos diretores
de escolas.
O veto ao parágrafo 8º do artigo 1º foi contestado
pelo diretor da União Nacional dos Servidores Públicos (Unsp),
Sebastião Soares. O dispositivo vetado assegura o apostilamento aos
detentores de função pública. Segundo Soares, toda iniciativa
governamental de contenção de gastos atinge os servidores, categoria
já penalizada por dez anos sem qualquer reajuste salarial.
Os demais itens vetados são o artigo 3º da
proposição, que concede o apostilamento ao servidor efetivo de um
Poder que exerce cargo em comissão em outro Poder; e o artigo 4º,
que dá ao ocupante de cargo efetivo do magistério, em funções
administrativas, os mesmos benefícios e vantagens exclusivos aos
servidores que exerçam atividade de ensino.
Secretário Anastasia diz que somente o prazo foi
negociado
Depois de ouvir as ponderações dos representantes
dos servidores públicos, o secretário afirmou que a questão do
apostilamento nunca foi objeto de negociação entre o governo, os
deputados e o funcionalismo. Segundo ele, não se negociou a mudança
nas regras e sim no prazo para a sua extinção, que passou para o
final de fevereiro de 2004. Anastasia listou uma série de argumentos
jurídicos para justificar o veto. "A questão social deve ser levada
em conta, mas se os aspectos técnicos e legais não forem
respeitados, nós podemos ter de responder por improbidade
administrativa mais tarde", disse.
Plano de carreira -
Especificamente em relação ao apostilamento dos diretores de
escolas, o secretário disse que eles voltam a ter seu salário
normal, sem o bônus financeiro que o cargo lhes proporcionava. "Isso
também acontece nas funções administrativas. O que falta mesmo é o
plano de carreira, que vai ser encaminhado ainda neste semestre",
garantiu Antônio Augusto Anastasia.
Diversos deputados acompanharam a reunião. Maria
José Haueisen (PT) citou a Bíblia para dizer que a lei deve existir
para servir aos homens - e não o contrário. Ela manifestou sua
solidariedade aos profissionais que fizeram um planejamento para
suas vidas e, de repente, vêem a ameaça de seus salários caírem
drasticamente. A parlamentar anunciou que vai votar pela derrubada
do veto. A mesma posição foi assumida pelo deputado Weliton Prado
(PT).
O deputado Doutor Viana (PFL) mostrou-se preocupado
com a questão dos diretores de escolas. Ele disse que o cargo
representa uma penalidade ao professor, já que ele perde o
apostilamento, o direito de aposentar-se com 25 anos de serviço e
ainda passa a ser alvo de bandidos. O deputado Leonídio Bouças (PTB)
disse que os argumentos jurídicos apresentados pelo secretário
Anastasia são incontestáveis. Porém, queixou-se do descaso dos
sucessivos governos estaduais com relação ao tema educacional.
Segundo ele, Minas já teve a melhor educação pública do Brasil e
hoje ocupa apenas o quarto lugar.
Faixa constitucional - Já
o deputado Dalmo Ribeiro Silva, percebendo a pouca disposição do
governo em negociar os vetos, disse que vai pedir, no Plenário, que
cada emenda seja votada em separado. O veto entra na chamada "faixa
constitucional" na terça-feira (9) e travará a pauta de votações.
Isto porque o prazo para a Assembléia apreciá-lo vence na
segunda-feira (8) e, depois disso, ele passa a ter prioridade na
ordem do dia de Plenário sobre as demais matérias.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Domingos Sávio (PSDB), presidente; Antônio
Carlos Andrada (PSDB), Maria José Haueisen (PT), Dalmo Ribeiro Silva
(PSDB), Marília Campos (PT), Dinis Pinheiro (PL), Antônio Júlio
(PMDB), Paulo Piau (PP), Leonídio Bouças (PTB), Doutor Viana (PFL),
Alberto Pinto Coelho (PP) e Weliton Prado (PT), além dos seguintes
convidados: o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Antônio
Augusto Anastasia; a presidente do Colegiado de Diretores de Belo
Horizonte, Maria José Abdala Santos Afonso; o diretor da União dos
Servidores Públicos, Sebastião Soares; a técnica educacional da 12ª
Superintendência Regional de Ensino de Divinópolis, Maria de Fátima
Fonseca; o servidor do Ipsemg Álvaro Marcílio Júnior; a chefe de
Divisão de Normalização e Produtos Agropecuários do IMA, Mirian
Souza Pinto de Alvarenga; a presidente do Sindicato dos Servidores
do Ipsemg, Andréa Myrrha Guimarães de Almeida; a vice-presidente do
Sindicato dos Trabalhadores do DER/MG, Márcia Fátima Almeida
Rodrigues; e o presidente da Associação dos Servidores do IMA, Dalmo
Gonçalves Costa. Na reunião da parte da tarde, compareceram os
deputados Domingos Sávio, Maria José Haueisen, Antônio Carlos
Andrada e Dinis Pinheiro. À noite, estiveram presentes os deputados
Domingos Sávio, Maria José Haueisen, Antônio Carlos Andrada, Dinis
Pinheiro e José Henrique.
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