Perda de receita com o transporte clandestino chega a R$ 80 milhões

A perda de receita da ordem de R$ 80 milhões por ano sofrida pelo Estado com o transporte irregular de passageiros fo...

02/09/2003 - 18:49
 

Perda de receita com o transporte clandestino chega a R$ 80 milhões

A perda de receita da ordem de R$ 80 milhões por ano sofrida pelo Estado com o transporte irregular de passageiros foi denunciada pelo deputado Adalclever Lopes (PMDB) durante reunião da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembléia de Minas, nesta terça-feira (2/9/2003). "Isso representa um quarto do valor reivindicado pelo governador Aécio Neves dos recursos da Cide, a contribuição dos combustíveis", afirmou o deputado, autor do requerimento para a realização da reunião.

A concessão de liminares que prejudicam a ação dos órgãos fiscalizadores também foi questionada pelos participantes do debate. "Precisamos de uma legislação mais clara e precisa, que possa coibir o efeito dessas liminares", defendeu o inspetor Waltair Vasconcelos, chefe de Operações da 4ª Superintendência da Polícia Rodoviária Federal. Segundo o gerente de Operações Especiais de Transporte e Trânsito da BHTrans, Antônio Cláudio Kubrusly, existem liminares que proíbem até mesmo a abordagem dos motoristas pelos fiscais. Kubrusly falou ainda que a experiência de Belo Horizonte em relação ao transporte clandestino é uma das mais bem sucedidas do país. Ele defendeu que o problema precisa ser enfrentado também pelas demais prefeituras, já que é nos municípios que a informalidade prolifera.

Insegurança - Adaclever Lopes apresentou outros dados que ilustram as desvantagens do transporte clandestino para o Estado e a sociedade. Segundo ele, o número de acidentes nesse tipo de veículo é superior ao verificado nos veículos de transporte regular. O deputado apresentou números mostrando que, em 1998, foram registrados cinco acidentes envolvendo o transporte ilegal, com 15 mortes e 133 feridos. Somente de janeiro a março de 2003, esses números chegaram a sete, 45 e 99, respectivamente.

Para o chefe da Divisão de Fiscalização do DER-MG, Lindberg Ribeiro Garcia, a competição com os transportes irregulares é perversa, sobretudo no que tange ao emprego. Segundo ele, cada veículo clandestino retira do mercado cerca de 4,5 empregos formais. Ele disse ainda que os motoristas de transportes clandestinos trabalham em função das viagens e não respeitam a legislação trabalhista. Lindberg informou ainda que o DER realizou, de janeiro a agosto deste ano, 1.610 blitze em todo o Estado, excetuando a Região Metropolitana de Belo Horizonte, abordando 43.554 veículos. "Queremos agora reaparelhar o DER, suprindo carências humanas e técnicas", disse.

Kubrusly, da BHTrans, defendeu também que o Código Brasileiro de Trânsito seja alterado para punir mais rigorosamente o transportador clandestino, com a apreensão do veículo. Hoje, a punição é a multa e o desembarque obrigatório dos passageiros. A opinião é compartilhada pelo comandante da 7ª Companhia de Polícia Rodoviária Estadual, Major Antônio de Carvalho Pereira. Ele acrescentou que o desembarque dos passageiros costuma ser complicado, porque muitas vezes existem crianças e idosos sendo transportados. O comandante também falou que os passageiros descem do veículo e embarcam novamente em outro ponto do trajeto. O deputado Sidinho do Ferrotaco (PL) alertou para a necessidade de um trabalho de conscientização dos passageiros que utilizam o transporte clandestino. O deputado defendeu ainda os ajustes na legislação.

O assessor da área de Transporte Clandestino do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais, William Costa Bahia, alegou que muitas empresas estão suspendendo o atendimento de certas linhas por falta de passageiros que migraram para o transporte irregular. Ele falou também dos riscos que os passageiros enfrentam ao fazerem essa opção, já que o transporte irregular não passa pelas inspeções técnicas a que são submetidas as empresas de transporte regular.

A comissão aprovou ainda 16 requerimentos que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Além dos convidados citados na matéria, participaram da reunião os deputados Gil Pereira (PP), presidente; Adalclever Lopes (PMDB), vice; Laudelino Augusto (PT); e Sidinho do Ferrotaco (PL).

 

 

 

 

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