Autoridades homenageiam os 150 anos de Teófilo Otoni
O sesquicentenário de fundação da cidade de Teófilo
Otoni foi comemorado com reunião especial no Plenário da Assembléia,
por iniciativa da deputada Maria José Haueisen (PT), que representa
a cidade, na noite da última sexta-feira (29/8/2003). Personalidades
como o ministro Nilmário Miranda, secretário nacional de Direitos
Humanos, e a deputada Elbe Brandão (PSDB), secretária extraordinária
de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Mucuri, Jequitinhonha
e Norte de Minas, compuseram a mesa da solenidade, que foi presidida
pelo líder da oposição na Casa, deputado Rogério Correia (PT).
A tônica dos discursos foi a saga dos imigrantes
alemães, suíços, holandeses, libaneses e chineses trazidos pela
Companhia do Mucuri como força de trabalho em plena vigência da
escravatura, e a visão empreendedora de Teófilo Benedito Ottoni,
mineiro do Sêrro que levou o desenvolvimento à região Nordeste de
Minas. "Teófilo Otoni construiu a primeira estrada de rodagem
carroçável de Minas, com 178 km, conduziu a primeira experiência de
colonização privada bem-sucedida do Brasil e, um século antes do
Marechal Rondon, não permitia que seus empregados disparassem contra
os índios", afirmou Gilberto Porto, presidente da Associação dos
Familiares e Amigos de Teófilo Otoni (Afato).
José Carlos Pimenta, também da Afato, revelou que
Teófilo Otoni trouxe uma tipografia do Rio de Janeiro e montou o
jornal "Sentinela do Sêrro", através do qual combatia o despotismo
do primeiro reinado. Para Pimenta, o fundador "trouxe a esse vale
opulento os benefícios da civilização", e a Companhia do Mucuri só
abriu falência porque a Coroa decidiu sufocá-la.
Cidade ainda luta por universidade
Desde o final da companhia, segundo os oradores, a
região só recebeu um plano de desenvolvimento no Estado Novo de
Getúlio Vargas, e até hoje não viu instalada a escola superior
sonhada pelo fundador e depois pedida pelo povo ao Governo João
Goulart. No entanto, a cidade é tida como exemplar no ensino
público, tendo como representante do setor, a deputada Maria José
Haueisen, que foi professora de duas gerações de teófilo-otonenses,
e nas manifestações artísticas, como as mostradas na solenidade,
poesia, canto e dança.
Um dos alunos da deputada foi o ministro Nilmário
Miranda, que viveu na cidade de 1947 a 1965. Ele lembrou a
efervescência política da cidade durante sua adolescência, nos anos
que precederam o golpe de 64, e a prisão de seu pai. "A revolução
cubana e o Concílio Vaticano II mexiam com o imaginário de todos
nós. Guiava-nos o próprio exemplo do fundador, que foi ativista
político. A Companhia do Mucuri, mais que um empreendimento, era um
projeto político, nos moldes do socialismo utópico de Proudhon. Era
um núcleo civilizatório, baseado na pedagogia do exemplo. Teófilo
Otoni foi para Minas o que Mauá foi para o Rio, Vergueiro para São
Paulo e Delmiro Gouvêia para o Nordeste", ensinou o ministro.
A mensagem da secretária Elbe Brandão foi de
otimismo. Segundo ela, o governador Aécio Neves deixará a marca do
seu governo na região, porque ali começou sua trajetória política.
Anunciou a liberação de R$ 2 milhões para os hospitais do
Jequitinhonha e Mucuri, e um convênio de transferência de renda, em
que mil mulheres serão treinadas para combater a mortalidade
infantil, que é de 52 óbitos por mil nascidos na região. Os métodos,
segundo Elbe Brandão, serão os da Pastoral da Criança, que atingiu o
índice de 6 óbitos por mil.
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