Comissão vai apurar denúncias de corrupção em Santa Rita do
Sapucaí
Integrantes da Fundação Santarritense de Saúde e
Assistência Social, de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas,
solicitaram à Comissão de Administração Pública, nesta quinta-feira
(28/8/2003), apoio para agilizar a apuração de possível malversação
de verbas, na gestão passada da fundação. Eles questionaram a demora
de uma resposta, pelo Ministério Público, ao envio de dossiê
relatando problemas que teriam sido encontrados. A fundação é
responsável pela manutenção do Hospital Antônio Moreira da Costa,
único da cidade.
Requerimentos - A reunião foi solicitada pelo
presidente da comissão, deputado Domingos Sávio (PSDB), acatando
sugestão do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Ao final do
encontro, que teve a presença de diretores da fundação, foram
apresentados dois requerimentos. Um deles, da própria comissão,
aprovado, solicita cópia de uma reportagem da EPTV de Varginha,
emissora afiliada da TV Globo. E outro, do deputado Dalmo Ribeiro
Silva, que vai ser votado na próxima reunião, solicitando a visita
da comissão a Santa Rita do Sapucaí para apurar in loco todas as denúncias.
Presidente do Conselho Fiscal relata auditoria nas
contas
Segundo o presidente do atual Conselho Fiscal da
Fundação Santarritense, José Humberto Rezende, foi feita uma
auditoria sobre as contas da gestão anterior, que constatou a
existência de um gasto de R$ 28 mil; não compatível com as despesas
do Hospital Antônio Moreira da Costa. A auditoria foi determinada em
função da alta dívida do hospital com fornecedores. Entre as notas
da despesa estavam passagens para Brasília, que o ex-gestor
Frederico Adami, atualmente vereador na cidade, justificou como
visitas a dois ministérios.
Pedidas explicações aos ministérios, a resposta foi
a de que não teria havido solicitação para comparecimento àqueles
órgãos pelo ex-gestor. O Ministério da Saúde, um dos citados, chegou
a afirmar que o ofício apresentado era falso, tendo encaminhado o
processo para a Polícia Federal. Todo o material, com as notas e a
correspondência dos ministérios, foi enviado ao Ministério Público
em 25 de maio. A atual diretoria solicitava a verificação dos fatos
e que fossem tomadas as medidas adequadas. Segundo José Humberto
Rezende, não houve qualquer resposta.
Outro caso - Já a
denúncia, feita por uma ex-funcionária da Associação Amigos da Vida
(Amivida), de que a entidade estaria irregular teria sido
encaminhada pela Promotoria da cidade e decidida pelo juiz em 24
horas. O juiz mandou apreender documentos da fundação, da Amivida e
da casa do presidente da entidade. A Amivida presta ajuda ao
hospital de Santa Rita do Sapucaí, fornecendo remédios, aparelhos e
comida. Em seu depoimento, o presidente da Amivida, Benedito
Donizete Carvalho, que é funcionário do hospital há 25 anos, disse
ter-se licenciado da entidade durante as investigações. Ele afirmou
ter estranhado o fato de a Justiça local ter agido tão prontamente,
diante da denúncia de uma ex-funcionária da entidade, demitida há um
ano e meio. Disse ter se sentido constrangido com a presença, em sua
casa, de cinco policiais, com reforço vindo de Pouso Alegre, para
levar documentos pessoais.
O presidente do Conselho Fiscal da Fundação
Santarritense de Saúde e Assistência Social, José Humberto Rezende,
disse que o mandado de busca e apreensão de documentos das duas
entidades foi expedido para correr "em sigilo de justiça". No
entanto, segundo Rezende, com a ajuda de policiais de outra cidade e
"com o estardalhaço feito, não havia como não tornar pública a ação,
causando constrangimentos a toda a diretoria, ainda mais depois da
entrevista do delegado". Ele se referia à entrevista à EPTV de
Varginha.
Deputados destacam que apuração deve ser feita com
muito cuidado
Os parlamentares, mesmo reconhecendo a gravidade
das denúncias, disseram que pretendem agir com muito cuidado na
apuração. De qualquer modo, enfatizaram que querem dar uma resposta
não só aos envolvidos, mas à comunidade de Santa Rita do Sapucaí. O
deputado Dalmo Ribeiro Silva lembrou que, mesmo a Assembléia não
podendo apresentar uma solução rápida, seu papel "é investigar e
tentar diminuir a intranqüilidade dos santarritenses, que só contam
com esse hospital".
Segundo o deputado Carlos Pimenta (PDT), ainda que
a Comissão de Administração Pública possa avançar pouco, já que o
caso está com a Justiça, os deputados têm o poder e a obrigação de
dar o testemunho, por meio de um relatório, de tudo que conseguirem
apurar. O deputado Domingos Sávio disse que não é objetivo da
comissão julgar ninguém, mas garantir que os cidadãos tenham seus
direitos reconhecidos. Isto porque, entre as funções conferidas à
Assembléia, estão a fiscalizadora e a de representação. O
parlamentar também manifestou estranheza pela forma com que os fatos
se deram no âmbito policial em Santa Rita. Por isso, acatou a
sugestão de uma visita à cidade, com o acompanhamento do promotor de
Fundações Públicas, Tomaz de Aquino Rezende, que ainda será
convidado.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Domingos Sávio (PSDB), presidente; Dalmo
Ribeiro Silva (PSDB), Carlos Pimenta (PDT) e Leonardo Quintão
(PMDB), além dos seguintes convidados: Ney Carneiro Rennó,
presidente da Fundação Santarritense; Leonildo Moreira,
vice-presidente; Tarcísio Nunes Filgueiras, 2º-secretário; José
Humberto Rezende, presidente do Conselho Fiscal; e Benedito Donizete
Carvalho, presidente da Amivida.
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